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Publicado 05/12/2024 • 10:51
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No início de 2013, os acionistas da Nvidia estavam inquietos. O preço das ações permanecia praticamente estagnado havia quatro anos, e os resultados financeiros eram mistos. No trimestre encerrado em janeiro daquele ano, as vendas cresceram 7% em relação ao ano anterior, mas os lucros caíram 2%.
A Nvidia tinha um balanço robusto, com cerca de US$ 3 bilhões em caixa líquido, um ativo significativo para uma empresa com valor de mercado total de US$ 8 bilhões. No entanto, sua taxa de crescimento era de apenas um dígito, resultando em um múltiplo preço/lucro (P/L) de apenas 14 vezes.
Após descontar o valor do caixa, o fundo ativista Starboard acreditava que a empresa estava subvalorizada e que seus ativos principais tinham grande potencial de crescimento. O fundo aproveitou a oportunidade: de acordo com registros da Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC), adquiriu 4,4 milhões de ações da Nvidia, avaliadas em cerca de US$ 62 milhões, no trimestre encerrado em junho de 2013.
Alguns executivos da Nvidia não estavam animados com a notícia. Um alto executivo relatou que o conselho da empresa estava preocupado que o fundo forçasse uma reestruturação, instalasse seus próprios diretores e reduzisse os investimentos no CUDA. Outro executivo mencionou que o fundo queria um assento no conselho, mas foi recusado.
Mesmo assim, a relação nunca se tornou hostil. “Nunca chegou a uma situação de crise. Você conhece o DEFCON 1?”, disse um executivo da Nvidia, referindo-se ao sistema de alerta militar dos EUA para guerras nucleares. O DEFCON 5 indica paz, enquanto o DEFCON 1 significa guerra iminente. “Chegou ao DEFCON 3.”
A equipe do Starboard se reuniu diversas vezes com Jensen Huang, CEO da Nvidia, e outros líderes para discutir estratégias. Anos depois, Jeff Smith, do Starboard, disse que o fundo defendia principalmente um programa agressivo de recompra de ações e menos foco em projetos fora da área de GPUs, como processadores para smartphones.
Após as reuniões, o Starboard não exerceu mais pressão. Em novembro de 2013, a Nvidia anunciou um plano de recompra de US$ 1 bilhão até 2015 e autorizou mais US$ 1 bilhão adicionais. O preço das ações subiu cerca de 20% nos meses seguintes, e o Starboard vendeu sua participação na Nvidia até março de 2014.
Apesar de breve, a relação entre Nvidia e Starboard foi produtiva. “Ficamos incrivelmente impressionados com Jensen”, disse Smith. Jensen se lembra das reuniões, mas não com detalhes. Quando percebeu, o Starboard já havia saído da empresa. No entanto, o impacto do fundo no setor de chips, e na Nvidia, continuaria.
A Mellanox, fundada em 1999 por executivos israelenses liderados por Eyal Waldman, fornecia produtos de rede de alta velocidade para data centers e supercomputadores. Apesar de uma receita impressionante — de US$ 500 milhões em 2012 para US$ 858 milhões em 2016 —, os gastos elevados em pesquisa e desenvolvimento deixavam suas margens de lucro apertadas.
Em janeiro de 2017, o Starboard comprou 11% da Mellanox, criticando o desempenho da empresa. “Essa tem sido uma das piores empresas de semicondutores por um longo período”, dizia a carta do fundo.
Após meses de negociações, Mellanox concordou em junho de 2018 em adicionar três membros indicados pelo Starboard ao seu conselho e estabelecer metas financeiras específicas. Caso não fossem cumpridas, ela poderia ser vendida.
Em setembro de 2018, a empresa recebeu uma oferta de compra de US$ 102 por ação, um prêmio de quase um terço sobre seu valor atual. Jensen inicialmente não planejava adquirir a Mellanox, mas percebeu a importância estratégica da empresa. Após meses de disputa com Intel e Xilinx, a Nvidia venceu o leilão em março de 2019 com uma oferta de US$ 6,9 bilhões.
Após a aquisição, Jensen destacou que a tecnologia de rede da Mellanox seria fundamental para atender às crescentes demandas de inteligência artificial e computação de alto desempenho. Em maio de 2024, a divisão da Mellanox gerou US$ 3,2 bilhões em receita trimestral, um crescimento de mais de sete vezes em relação ao último trimestre de 2020, mostrando o impacto transformador da aquisição.
“Mellanox foi um presente dos ativistas”, disse um executivo da Nvidia. Hoje, sua tecnologia InfiniBand é essencial para startups de IA e data centers.
Jensen percebeu a oportunidade e executou a integração. A Mellanox não só impulsionou a Nvidia como consolidou sua liderança no mercado de IA. “Essa será lembrada como uma das melhores aquisições da história”, afirmou Jay Puri, chefe de operações globais da Nvidia. Já Jeff Smith, do Starboard, refletiu: “Nunca deveríamos ter vendido nossa posição.”
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