Custos de data centers podem cair no colo do consumidor, alertam especialistas
Publicado 16/04/2025 • 10:02 | Atualizado há 2 dias
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Publicado 16/04/2025 • 10:02 | Atualizado há 2 dias
KEY POINTS
Em algumas economias avançadas, a infraestrutura elétrica e o custo dos serviços públicos estão passando por mudanças estruturais devido à crescente demanda por data centers impulsionada pela inteligência artificial.
Nesse processo, os consumidores dos EUA podem acabar pagando contas de energia mais altas, à medida que o setor transfere parte dos custos para os usuários finais, alertou um estudo recente da Harvard Electricity Law Initiative.
Enquanto isso, no Reino Unido, os residentes podem enfrentar preços de atacado mais elevados, à luz de uma proposta de reforma do mercado de eletricidade que beneficiaria os data centers que utilizam energia renovável.
Diante dessas preocupações com os preços, a regulação e a reforma das redes elétricas se tornam centrais para controlar os custos de energia e atender às novas demandas do setor.
Uma das formas pelas quais os custos mais altos associados aos data centers podem ser repassados aos consumidores comuns são os contratos especiais entre concessionárias de energia e empresas de data centers, segundo identificou o relatório da Harvard Electricity Law Initiative, divulgado em março.
Esses contratos “permitem que um consumidor individual receba serviço sob condições e termos que não estão disponíveis para mais ninguém.” Em outras palavras, eles podem ser usados para transferir custos dos data centers para os consumidores, por conta da subjetividade e complexidade das práticas contábeis envolvidas, afirmou o relatório.
Além disso, os contratos especiais são aprovados pelas Comissões de Serviços Públicos (PUCs), mas costumam passar por processos regulatórios opacos, dificultando a verificação de transferências de custos para os consumidores.
Como solução, o relatório recomenda que os reguladores aumentem a fiscalização sobre esses contratos especiais ou os substituam completamente pelas práticas tarifárias existentes.
“Diferente de um contrato especial único, que oferece termos e condições personalizados para cada data center, uma tarifa garante que todos paguem sob os mesmos termos e o impacto de novos clientes seja avaliado considerando todo o panorama de custos e receitas da concessionária”, diz o estudo.
Jonathan Koomey, pesquisador em energia e tecnologia da informação, concorda com a necessidade de que os data centers paguem conforme o uso da rede elétrica.
“O ponto principal, na minha visão, é que empresas altamente lucrativas que impõem grandes cargas à rede devem arcar com os custos causados por essas novas demandas”, afirmou Koomey à CNBC.
Além das concessionárias e reguladores, “intervenientes no processo regulatório também desempenham um papel fundamental”, disse Koomey.
Esses intervenientes podem incluir grupos de consumidores ou grandes clientes industriais e comerciais que participam das audiências públicas. Eles levantam questões sobre serviço e acessibilidade e permitem que as comissões escutem um grupo mais amplo de partes interessadas.
“Esses grupos muitas vezes conseguem se aprofundar mais nas projeções e detalhes técnicos do que os reguladores sobrecarregados, revelando questões importantes que ainda não haviam surgido nos processos regulatórios”, completou Koomey.
Outro fator que afeta os preços dos serviços públicos é o desenvolvimento excessivo da infraestrutura energética.
Concessionárias e empresas de gasodutos nos estados da Virgínia, Carolina do Norte, Carolina do Sul e Geórgia planejam uma “grande expansão da infraestrutura de gás natural nos próximos 15 anos”, possivelmente baseada em projeções superestimadas da demanda por parte dos data centers, segundo destacou um relatório do Institute for Energy Economics and Financial Analysis (IEEFA) em janeiro.
O relatório ressalta que decisões proativas por parte das concessionárias e reguladores são necessárias para evitar que os consumidores arquem com os custos de uma infraestrutura construída em excesso.
Segundo o grupo de prática em Data Centers e Infraestrutura Digital da Gibson Dunn, formuladores de políticas em diferentes estados dos EUA têm adotado uma série de medidas de incentivos fiscais a projetos de lei, com foco em garantir que os consumidores comuns não sejam penalizados pelos custos dos data centers.
No Reino Unido, data centers e consumidores enfrentam um desafio diferente com a proposta do governo de transformar o mercado de energia elétrica em um sistema descarbonizado, eficiente e seguro.
O esquema de precificação zonal, que está sendo avaliado no âmbito da Revisão das Estruturas do Mercado de Eletricidade (REMA), representa uma mudança do modelo de preço uniforme para um sistema no qual os preços de atacado variam conforme a região, com base no custo marginal de atendimento à demanda local.
Modelagens feitas pela consultoria Lane Clark and Peacock sugerem que o norte da Escócia teria preços de atacado mais baixos, graças à alta penetração de energias renováveis e à baixa demanda.
Já o restante do Reino Unido, responsável por 97% da demanda elétrica nacional, deve enfrentar aumento dos preços de atacado com a adoção desse novo modelo.
O impacto sobre os preços finais pagos pelo consumidor ainda é incerto.
“Não está claro como isso afetará os preços finais, já que os preços de atacado representam apenas uma parte da conta de eletricidade, e o Departamento de Segurança Energética e Zero Emissões Líquidas (DESNZ) ainda precisa tomar várias decisões”, comentaram Sam Hollister e Dina Darshini, da divisão de transição energética da LCP Delta.
Embora empresas de tecnologia estejam apoiando a ideia, com base em estudos de think tanks patrocinados por Amazon, OpenAI e Anthropic, o benefício real para os data centers com a precificação zonal dependerá do tipo de operação, segundo Hollister e Darshini.
Podem se beneficiar data centers com cargas de trabalho flexíveis no tempo e no local, como o treinamento de modelos de IA profunda, que pode ser programado para ocorrer em horários de menor demanda e maior oferta de energia renovável.
Da mesma forma, data centers que não precisam estar próximos a centros urbanos ou usuários finais, como os voltados para treinamento de IA em larga escala, armazenamento em nuvem ou computação científica, também podem economizar em regiões com alta geração renovável e baixa demanda local.
Por outro lado, tarefas sensíveis em tempo real, como chatbots, detecção de fraudes ou veículos autônomos, exigem processamento imediato e não se beneficiam da flexibilidade horária.
Aplicações como negociações financeiras em tempo real ou streaming ao vivo, que demandam baixa latência, também têm menos viabilidade com precificação zonal.
Defensores da precificação zonal argumentam que ela reduz a necessidade de transportar energia por longas distâncias.
No entanto, com os planos da National Energy System Operator de aumentar a capacidade da rede e conectar mais energia eólica offshore, o foco na infraestrutura de rede continua essencial, segundo Hollister e Darshini.
“Não são apenas os data centers que vão precisar dessa capacidade adicional. Os centros de recarga de veículos elétricos também vão mudar o perfil de demanda da rede. A National Grid já vem discutindo essa transformação há anos”, afirmou David Mytton, pesquisador em computação sustentável.
A eletrificação da frota de veículos representa um desafio tanto nos EUA quanto no Reino Unido.
Nos EUA, os veículos elétricos devem representar mais da metade das vendas de novos carros até 2030, o que colocará grande pressão sobre um sistema elétrico envelhecido.
Embora o consumo elétrico dos data centers esteja crescendo, um relatório do Lawrence Berkeley National Laboratory, publicado em dezembro, destacou que esse aumento ocorre dentro de uma demanda muito maior, impulsionada pela adoção de veículos elétricos, reindustrialização, uso de hidrogênio e eletrificação de indústrias e edifícios.
Diante disso, os pesquisadores destacam que as reformas estruturais e regulatórias motivadas pelos data centers serão úteis para preparar o sistema energético para uma nova era de consumo crescente.
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Este conteúdo foi fornecido pela CNBC Internacional e a responsabilidade exclusiva pela tradução para o português é do Times Brasil.