Nesta sexta-feira (25), a xAI de Musk confirmou a parceria que leva o Grok para o serviço de previsões da Kalshi. Em junho, a xAI já havia anunciado um acordo semelhante com a Polymarket, que é concorrente direta da Kalshi.
A Kalshi, que chamou atenção com um comercial criado por inteligência artificial durante as finais da NBA deste ano, informou que o Grok ficará hospedado em sua plataforma e vai “trazer contexto útil sobre mudanças e acontecimentos que afetam os preços dos mercados”.
Em maio, o Grok gerou polêmica ao oferecer comentários não solicitados na X sobre “genocídio branco” na África do Sul. No começo deste mês, o Grok elogiou Adolf Hitler em comentários sobre as enchentes no Texas e fez declarações antissemitas.
“O sentimento da Kalshi sobre a parceria é só de empolgação”, disse um porta-voz da empresa quando foi questionado sobre possíveis preocupações com o “comportamento problemático” do Grok.
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‘Sabedoria da multidão’ nos mercados de previsões
Mercados de previsões são plataformas de apostas em que as probabilidades mudam em tempo real, de acordo com o interesse dos usuários em apostar nos resultados. Nessas plataformas, é possível apostar em eventos do mundo real.
Quem usa esses mercados costuma falar muito sobre a “sabedoria da multidão”. Musk já declarou que esses serviços “são mais precisos que pesquisas de opinião, porque há dinheiro de verdade em jogo”.
Corretoras como Interactive Brokers e Robinhood também possuem mercados de previsões.
O CEO da Kalshi, Tarek Mansour, disse ao site Motley Fool em abril que esse tipo de plataforma é “a melhor maneira de prever o futuro justamente porque as pessoas têm algo a perder. Quando o dinheiro é delas que está em jogo, ninguém mente”.
Num vídeo que anunciou a parceria entre Kalshi e xAI, o Grok aparece oferecendo um “Resumo de Mercado” das probabilidades atuais para uma aposta sobre a pergunta: “Elon Musk vai criar um novo partido político este ano?”
Nem a Polymarket nem a Comissão de Negociação de Futuros e Commodities dos EUA (CFTC), órgão que regula os mercados de previsões, responderam ao pedido de comentário sobre as parcerias da xAI com essas plataformas ou sobre possíveis conflitos de interesse, já que a IA de Musk pode analisar apostas relacionadas ao próprio Musk.
A variedade de opções de apostas nesses sites impressiona.
Dá para apostar, por exemplo, se vai acontecer uma grande queda de meteoro em 2025 — atualmente, a Polymarket estima uma chance de 16% — além de eventos como separação de casais famosos ou quando Israel vai atacar a Síria.
Na segunda-feira (21), um total de US$ 7 milhões (cerca de R$ 38,5 milhões) foi apostado nas plataformas Kalshi e Polymarket sobre a saída do CEO da Astronomer, Andy Byron, após um vídeo viral do beijo no telão durante o show do Coldplay.
As eleições de 2024
A Polymarket ficou famosa durante as eleições de 2024, quando o presidente Donald Trump enfrentava o então presidente Joe Biden. O site seguiu movimentado depois que a então vice-presidente Kamala Harris entrou na disputa.
De agosto a outubro, a plataforma alternou o favorito entre Trump e Harris, até que as chances começaram a pender de vez para Trump.
Em outubro, quatro contas da Polymarket, ligadas a uma única pessoa, apostaram mais de US$ 28 milhões (aproximadamente R$ 154 milhões) em uma vitória de Trump.
O volume negociado na disputa presidencial chegou a quase US$ 3,7 bilhões (cerca de R$ 20,4 bilhões).
“Na Polymarket, parecia jogo ganho, mas se você assistisse só à TV, diria que estava tudo empatado”, comentou o CEO da Polymarket, Shayne Coplan, ao programa “Squawk Box” da CNBC após as eleições.
Um cartaz mostrando as probabilidades das apostas para a eleição presidencial dos EUA de 2024 foi exibido em Nova York.
A Polymarket está proibida de operar nos EUA desde 2022, quando pagou uma multa de US$ 1,4 milhão (cerca de R$ 7,8 milhões) à CFTC para encerrar acusações, mas está próxima de voltar a atuar no país.
No início deste mês, o Departamento de Justiça e a CFTC arquivaram investigações contra a empresa, e a Polymarket comprou a bolsa de derivativos QCX.
“Muita gente busca tranquilidade ou está ansiosa para saber o que vai acontecer”, disse Coplan ao “Squawk Box” da CNBC na quarta-feira (24). “É por isso que assistem ao noticiário. É por isso que entram no X. Agora existe mais esse dado, que é a Polymarket.”
Coplan afirmou na quarta-feira (24) que a Polymarket “ainda não dá lucro”.
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