As montadoras Volkswagen e Stellantis confirmaram que seus veículos fabricados na América do Norte estarão isentos das novas tarifas de 25% do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, enquanto a BMW afirma que enfrentará taxas, já que os fabricantes europeus de automóveis lidam com novas regras comerciais.
O líder recentemente reeleito da Casa Branca há muito tempo ameaça impor tarifas aos principais parceiros comerciais dos EUA, incluindo Canadá, México e União Europeia (UE). Na semana passada, novas taxas sobre produtos do México, Canadá e China entraram em vigor.
A ameaça de tarifas de importação acendeu o alerta na Europa, já que veículos e maquinário são as maiores exportações da UE para os Estados Unidos. Em 2023, a UE teve um superávit comercial de € 102 bilhões (cerca de R$ 643,6 bilhões, na cotação atual) em maquinário e veículos com os EUA, com a categoria representando 41% de suas exportações para a América.
Adaptação ao USCMA
No entanto, alguns dos gigantes automotivos da região podem conseguir — pelo menos temporariamente — contornar as novas tarifas. Na semana passada, a Casa Branca concedeu um adiamento de um mês nas tarifas para montadoras cujos veículos cumprem o Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USCMA) — um acordo comercial entre os três países. De acordo com seus termos, se pelo menos 75% das peças de um veículo forem originárias da América do Norte, ele pode ser isento das novas tarifas impostas a importações do Canadá e México.
“Nossos veículos da marca VW montados na América do Norte cumprem as regras de origem do USMCA e estão isentos das tarifas de 25%”, disse um porta-voz da Volkswagen em um comunicado por e-mail.
“Como um fabricante automotivo global, estamos monitorando de perto os desenvolvimentos na América do Norte e avaliando quaisquer potenciais efeitos na indústria automotiva e em nossa empresa como resultado das tarifas anunciadas para os EUA, Canadá, México e União Europeia”.
Além de sua marca principal, a Volkswagen possui várias marcas de veículos importantes, incluindo Skoda, Audi e Bentley.
“Estamos prontos para trabalhar com os gestores públicos para encontrar soluções que apoiem a indústria dos EUA enquanto preservam oportunidades econômicas para trabalhadores, empresas e consumidores”, disse a empresa automotiva à CNBC.
Stellantis e a expansão nos EUA
Enquanto isso, a Stellantis — conhecida por seus veículos Jeep e Dodge — agradeceu a Trump por conceder a isenção do USMCA em um comunicado na última sexta-feira (7) e se comprometeu a expandir suas operações nos EUA. A montadora foi uma das principais empresas que receberam uma isenção de um mês das tarifas, antes que as chamadas tarifas recíprocas entrem em vigor no dia 2 de abril.
“Compartilhamos o objetivo do presidente de construir mais carros americanos e criar empregos duradouros nos EUA”, disse a empresa na época. “Estamos ansiosos para trabalhar com ele e sua equipe”.
As ações da Stellantis, que possui várias fábricas no México, subiram após Trump anunciar as isenções para as montadoras na semana passada. As ações subiram mais de 2% na tarde desta segunda-feira (10) em Londres.
Situação ‘volátil e complexa’
Por outro lado, a BMW disse que, se a regulamentação do USCMA permanecer, ela estará sujeita a tarifas.
“A situação atual em relação à introdução de tarifas de importação na América do Norte é muito volátil e complexa”, disse a BMW em um comunicado por e-mail. “A vinculação da tarifa de importação ao cumprimento das regras do USCMA é o anúncio mais recente. Se essa regulamentação permanecer em vigor, o Grupo BMW seria uma das empresas afetadas”.
“Nossa posição permanece inalterada: o livre comércio, que sempre foi um princípio orientador para o Grupo BMW, é de imensa importância em todo o mundo”, acrescentou a empresa. “É um dos motores mais cruciais de crescimento e progresso. As tarifas, por outro lado, prejudicam o livre comércio, desaceleram a inovação e desencadeiam uma espiral negativa. No final, são prejudiciais aos clientes, tornando os produtos mais caros e menos inovadores”.
Impacto nas operações da BMW
Em uma nota aos clientes divulgada na sexta-feira, analistas do UBS estimaram que 10% das vendas de unidades da BMW nos EUA foram importadas do México a um preço relativamente baixo, principalmente para os modelos das séries 2 e 3 da empresa.
“Vale destacar que as importações da BMW dos EUA do México já estavam sujeitas a uma tarifa antes”, disseram. “A tarifa incremental deve, tudo o mais sendo igual, resultar em um impacto no EBIT de cerca de € 400 milhões (R$ 2,52 bilhões, antes dos aumentos de preço), relativamente pequeno no contexto do grupo (4%). A maior ameaça potencial para a BMW e os outros OEMs alemães é a possível tarifa sobre carros fabricados na UE, que enfrenta um prazo em 2 de abril”.
As implementações e reviravoltas de Trump nas tarifas criadas para o Canadá e México — onde muitas montadoras globais têm fábricas — desencadearam negociações voláteis de ações automotivas regionais. No mês passado, após o presidente anunciar um atraso de 30 dias nas tarifas, os mercados globais viram uma grande venda de ações automotivas, com as avaliações caindo acentuadamente.
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