A Índia pode ser uma proteção contra guerras comerciais e tarifas?
Publicado 17/04/2025 • 09:56 | Atualizado há 2 dias
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Publicado 17/04/2025 • 09:56 | Atualizado há 2 dias
KEY POINTS
Garrafas de bebidas alcoólicas são exibidas em uma loja nos arredores de Nova Déli em 3 de abril de 2025.
Money Sharma | Afp | Getty Images (Reprodução CNBC Internacional)
A guerra comercial dos EUA com o resto do mundo ameaça abalar alianças antigas, interromper cadeias globais de suprimentos e reinventar metodologias para calcular o nível apropriado de tarifas recíprocas. Agora, adicione mais uma entrada à lista de dogmas econômicos sendo abalados pelas tarifas do presidente dos EUA, Donald Trump: a ideia de um investimento de porto seguro.
Historicamente, o dólar americano se fortaleceu e os preços dos títulos do Tesouro subiram, à medida que investidores corriam para comprar ativos percebidos como seguros durante turbulências financeiras.
Aparentemente, não mais.
No caos do mercado desde o “dia da libertação” de 2 de abril, vários novos padrões emergiram, e um deles mostra que investidores estão vendo a Índia como uma proteção contra uma possível mudança futura nos fluxos comerciais.
Os mercados de ações, moeda e títulos da Índia — embora não sejam uma medida perfeita dessa nova tendência — superaram as ações americanas, o dólar e os Treasurys neste ano.
As ações indianas têm sido menos voláteis, em comparação com seus pares asiáticos.
Analistas dizem que uma razão fundamental por trás desses movimentos foi a economia relativamente isolada da Índia.
O Morgan Stanley aponta que apenas 12% da economia indiana depende da exportação de bens. Além disso, as exportações de mercadorias para os EUA representam uma proporção ainda menor — 2,1% do PIB. Se retirarmos importações farmacêuticas e de energia, ambas atualmente isentas de tarifas, os bens impactados por tarifas representam apenas 1,7% do PIB da Índia.
Upasana Chachra, economista-chefe para a Índia do banco de Wall Street, disse que a Índia teria a “menor” exposição aos EUA entre as economias asiáticas, e que o “impacto direto de tarifas mais altas sobre a demanda por exportações será baixo”.
O país também parece exibir qualidades que poderiam fazer com que se desenvolvesse como um porto seguro entre os mercados emergentes no futuro.
Por exemplo, a economia da Índia é impulsionada pelo consumo e menos dependente das exportações do que outras economias emergentes para promover o crescimento. Isso a torna relativamente bem isolada de choques externos, como guerras comerciais, segundo especialistas.
Enquanto isso, mais de quatro quintos do mercado de ações indiano são de propriedade doméstica. Investidores domésticos — que regularmente investem bilhões por meio de planos sistemáticos de investimento — normalmente protegem os preços dos ativos contra os caprichos dos investidores estrangeiros durante eventos que agravam a volatilidade.
“As fortunas do mercado de ações da Índia são, em sua maior parte, decididas domesticamente,” disse Alexander Redman, estrategista-chefe de ações da CLSA.
Chachra, do Morgan Stanley, também apontou que a recente queda nos preços do petróleo, precedendo preocupações com uma desaceleração no crescimento global, tende a ser positiva para a Índia, dado que energia representa uma grande parte da fatura de importação do país. A relação inversa entre o crescimento global e o benefício para a economia indiana parece ser mais uma flecha na aljava da Índia.
A Índia importou US$ 277 bilhões em combustível em 2022. Isso representou 38% de todas as importações do país naquele ano, segundo dados do Banco Mundial.
“Um crescimento global mais lento frequentemente leva a preços globais de commodities mais baixos, como é evidente na queda de 22% no preço do petróleo no ano até agora, o que afeta positivamente os termos de troca da Índia (pelo país ser importador líquida de commodities),” acrescentou Chachra.
O longo declínio no mercado de ações da Índia, que antecedeu as eleições presidenciais dos EUA e foi impulsionado por preocupações com avaliações elevadas, também reduziu os preços das ações para níveis mais acessíveis.
“A Índia tem as revisões de lucro por ação mais negativas… entre mercados emergentes e desenvolvidos, com exceção da Indonésia,” disse Redman, da CLSA.
Analistas reduziram suas previsões de lucro por ação para 60% das empresas do índice MSCI Índia, em comparação com 55% das empresas no índice MSCI Mercados Emergentes da Ásia, segundo dados da FactSet.
Isso talvez tenha criado um piso para os preços das ações e suavizado a liquidação que vem assolando os mercados globais nas últimas semanas.
A pergunta que os investidores talvez estejam se fazendo é se essas tendências vieram para ficar ou se o mundo voltará a seus velhos hábitos?
Inflação na Índia desacelera. A taxa de inflação anual da Índia caiu para 3,34% em março, abaixo do esperado, informou o Ministério de Estatísticas e Implementação de Programas do país na terça-feira (15). A leitura caiu pelo quinto mês consecutivo e ficou ligeiramente abaixo dos 3,61% de fevereiro, à medida que o crescimento dos preços dos alimentos continuou a desacelerar. Economistas consultados pela Reuters esperavam uma leitura de 3,6%.
Produção industrial da Índia desacelera. O Índice de Produção Industrial, que mede a atividade fabril, mostrou um aumento de 2,9% em fevereiro, caindo acentuadamente em relação aos 5,2% de crescimento em janeiro. A desaceleração nos setores de manufatura e mineração contribuiu para a queda, segundo dados do Ministério de Estatísticas e Implementação de Programas da Índia.
Apple acelera remessas de iPhones a partir da Índia. Em março, a empresa sediada em Cupertino exportou 600 toneladas de iPhones, no valor de quase US$ 2 bilhões, da Índia para os EUA antes que as chamadas “tarifas recíprocas” do presidente Trump entrassem em vigor, segundo uma reportagem da Reuters. Correspondentemente, Foxconn e Tata, principais fornecedoras da Apple na Índia, registraram um aumento no valor de suas exportações naquele mês.
As ações indianas estão a caminho de seu melhor desempenho semanal desde julho de 2022. O índice Nifty 50 subiu 4% nesta semana, mas ainda acumula queda de 1,3% no ano.
O rendimento do título do governo indiano de 10 anos caiu 6 pontos-base na última semana, para 6,38%, o menor nível desde dezembro de 2021.
Na CNBC TV desta semana, Shilpak Ambule, alto comissário da Índia em Cingapura, disse que a Sembcorp, empresa cingapuriana de energia e desenvolvimento urbano, está “ativamente considerando três ou quatro locais na Índia” para construir novas cidades industriais. Ele acrescentou que o governo indiano está em “estágios avançados de negociação” com a Sembcorp nesses projetos.
Enquanto isso, o sócio-gerente da ChrysCapital, Kunal Shroff, observou que as empresas indianas que buscam abrir capital podem contar mais com o apoio doméstico, em comparação com uma década atrás, quando o mercado era determinado por investidores institucionais estrangeiros.
Dados preliminares do índice de gerentes de compras (PMI) de diversos países serão divulgados na quarta-feira (23), lançando luz sobre como os setores de manufatura e serviços estão se comportando nas semanas imediatamente após os anúncios de tarifas do presidente Trump.
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Este conteúdo foi fornecido pela CNBC Internacional e a responsabilidade exclusiva pela tradução para o português é do Times Brasil.
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