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Saúde

Ozempic e Mounjaro: como as canetas emagrecedoras estão mudando o ambiente de trabalho

Publicado 28/12/2025 • 20:00 | Atualizado há 2 horas

KEY POINTS

  • Medicamentos como Ozempic e Mounjaro deixaram o consultório médico e passaram a influenciar o ambiente corporativo, afetando desde a etiqueta entre colegas até decisões de RH e planos de saúde oferecidos por empresas
  • O uso crescente das “canetas emagrecedoras” já produz efeitos econômicos mensuráveis, como mudanças no consumo alimentar, ajustes no setor de restaurantes e novos cálculos de produtividade e absenteísmo no trabalho
  • Popularização dos GLP-1 reacende debates sobre corpo, desempenho e desigualdade, com o risco de reforçar pressões estéticas e criar uma divisão entre quem tem acesso aos medicamentos e quem fica de fora
Mounjaro.

Foto: REUTERS/George Frey/Foto de arquivo

Medicamento Mounjaro

No Natal de 2024, Elon Musk resumiu em duas frases uma virada cultural que já tinha saído da bolha médica: “Papai Noel do Ozempic”, escreveu no X, junto a uma foto fantasiado de Papai Noel. Em seguida, completou: “Tecnicamente, é Mounjaro, mas isso não soa tão bem.”

A piada, e o alcance de tudo o que Musk posta, ajuda a explicar por que a conversa sobre os GLP-1 (as famosas “canetas emagrecedoras”) deixou de ser confidência e passou a ser fenômeno social.

O Financial Times descreveu um efeito colateral inesperado desse fenômeno: os contatos profissionais “encolhendo”. Ou seja, aquela sensação de chegar a uma reunião e perceber que alguém está visivelmente mais magro do que da vez anterior.

E aí vem a pergunta que ninguém quer fazer em voz alta: comenta ou não comenta? Até pouco tempo atrás, o “manual” era mais simples. Hoje, com as canetas no centro do debate, a etiqueta corporativa virou um campo minado. E todo mundo sente isso, mesmo sem admitir.

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O aumento do uso de canetas emagrecedora é grande o suficiente para chamar atenção de empresas, seguradoras e do próprio mercado. Nos EUA, uma estimativa da RAND indica que cerca de 12% da população já usou algum medicamento GLP-1 para perda de peso.

Do lado corporativo, o tema já entra na conta. Segundo a pesquisa de benefícios da Kaiser Family Foundation (KFF), 43% das empresas americanas com 5 mil ou mais funcionários passaram a oferecer cobertura para esses tipos de medicamentos em 2025, 28% acima do registrado no ano passado.

No Reino Unido, o plano de saúde Vitality anunciou um programa para oferecer acesso a remédios como o Wegovy e o Mounjaro com condições especiais e descontos, além de acompanhamento médico. Esse movimento é visto como um marco por envolver o ecossistema corporativo do setor.

O argumento público costuma ser o da saúde (redução de risco, prevenção, menos número de afastamentos). Mas, no bastidor, a conversa que atravessa corredores é outra: a magreza voltou a ser lida como sinal de disciplina, performance e “autocontrole”. E isso, como o próprio FT sugere, reabre uma velha discussão sobre quem é visto como “mais comprometido” no trabalho.

O almoço de negócios mudou

Existe um impacto econômico mais direto e mensurável: o consumo. Um estudo publicado no Journal of Marketing Research, com análise de dados de compras de lares, encontrou queda média de cerca de 5% (5,3%) nos gastos em supermercados em até seis meses após o início do GLP-1. Em fast foods, a redução ficou em torno de 8%.

Se isso parece detalhe, o setor de alimentos já está reagindo. Reportagem da Reuters descreve empresas e redes ajustando produtos e porções, tentando capturar a tendência “compatível com usuários de GLP-1”, especialmente com a perspectiva de uma nova onda de adesão com formatos mais convenientes.

Ou seja, não é só o prato que muda. Muda o tempo de mesa, muda a dinâmica social do almoço e muda a demanda agregada, do snack ao fast food. Até o jeito de marcar reunião em restaurante começa a levar em conta quem está ou não “na caneta”.

Com a popularização, aumenta também um comportamento de risco. “Dar um jeitinho” para se encaixar, seja nos critérios, seja no bolso. A própria Vogue sintetizou a ansiedade social com um título que virou meme: “Será que todo mundo está usando Ozempic em pequenas doses escondido, menos você?”

No Brasil, a regulação corre atrás desse novo mercado. A Anvisa determinou retenção de receita para agonistas de GLP-1, como Ozempic, Mounjaro e Wegovy, e justificou a medida citando preocupação com eventos adversos e uso fora das indicações aprovadas, reforçando a necessidade de acompanhamento médico.

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Há ainda o problema paralelo da oferta irregular ou manipulada. A própria agência reguladora publicou esclarecimentos e regras sobre manipulação, destacando riscos sanitários e restrições, incluindo o caso da semaglutida.

E é aqui que o assunto volta para o escritório — não como fofoca, mas como cultura. Se a magreza vira “tendência”, a pergunta que fica é: quem paga o preço social quando não adere, ou não tem possibilidade de aderir à novidade? O Financial Times menciona o temor de uma “sociedade em dois níveis”: os que têm acesso e os que ficam de fora.

No meio disso tudo, o comentário sobre o corpo alheio voltou ao centro das discussões. E, no ambiente de trabalho, isso é altamente sensível, seja por saúde mental, por discriminação, por constrangimento ou por limites profissionais. Talvez o clássico “você parece ótimo” continue sendo o elogio‑coringa, e possivelmente o mais honesto possível para se utilizar na era das canetas. A ver.

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