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Como a taxa de US$ 100 mil no visto H-1B de Trump já está mudando a busca por profissionais qualificados
Publicado 15/10/2025 • 16:55 | Atualizado há 3 horas
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Publicado 15/10/2025 • 16:55 | Atualizado há 3 horas
KEY POINTS
REUTERS/Jonathan Ernst
Presidente norte-americano Donald Trump
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, discursou antes de assinar ordens executivas no Salão Oval da Casa Branca, em Washington, DC, no dia 19 de setembro de 2025, incluindo a medida que cria a nova taxa de US$ 100 mil (R$ 545.850) para o visto H-1B.
Quase um mês após a entrada em vigor do pagamento surpresa de US$ 100 mil para novos beneficiários do H-1B, a mudança já impacta as rotas de talentos de alta tecnologia em dois setores distintos da economia americana: pequenas empresas e startups com investimentos de fundos de risco. Segundo recrutadores e empreendedores, no curto prazo, as restrições estão desacelerando contratações e reduzindo o número de profissionais disponíveis.
No entanto, também já é possível observar que as restrições à imigração começam a gerar o efeito desejado, à medida que empresas passam a treinar seus próprios funcionários e buscam novas parcerias com universidades e grandes corporações americanas.
Somak Chattopadhyay, fundador da Armory Square Ventures — gestora de um fundo de US$ 60 milhões (R$ 327,5 milhões) que investe em empresas de software e integra o Conselho de Tecnologia Emergente do Estado de Nova York — afirmou que as startups do fundo já recorreram ao mercado internacional para encontrar profissionais de ponta e que, por enquanto, não há alternativa viável para suprir esse talento diferenciado.
“Para as pessoas altamente especializadas em IA, provavelmente existem umas 500 no país que sabem construir um modelo LLM do zero. Não temos profissionais suficientes aqui para preencher algumas dessas vagas”, disse.
“O que a gente precisa fazer no futuro é encontrar formas de ampliar esse leque.”
A administração Trump anunciou as mudanças no sistema H-1B por ordem executiva em 19 de setembro. Segundo o governo, o objetivo é dar vantagem aos trabalhadores americanos e acabar com abusos ao exigir que as empresas paguem US$ 100 mil por cada nova solicitação de visto.
Muitas das grandes usuárias do H-1B são empresas de terceirização; o texto da ordem afirma que essas companhias pagam salários abaixo do mercado a estrangeiros qualificados, prejudicando as chances dos trabalhadores americanos.
A nova taxa pesada para o H-1B se soma a outras restrições a estudantes estrangeiros em universidades americanas e a mudanças que aumentam a burocracia para empresas. Mais de 60% dos trabalhadores H-1B atuam em áreas de tecnologia, com salário anual médio de US$ 123 mil (cerca de R$ 674 mil), enquanto arquitetura, engenharia e agrimensura aparecem bem atrás nesse ranking.
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Alguns investidores de risco, como o bilionário Reid Hoffman, fundador do LinkedIn, começaram a defender publicamente que o governo reduza a taxa para startups genuínas — para algo em torno de dezenas de milhares de dólares — e retire o limite anual de vistos (hoje em 65 mil para o H-1B tradicional e 20 mil para o “master’s cap”, destinado a pós-graduados nos EUA). Hoffman comentou, em seu podcast Possible, que apoia há anos uma reforma do programa.
A empreendedora Eva Yao, fundadora da Flari Tech, de Boulder (Colorado), afirmou que imigrantes altamente qualificados estão migrando para grandes empresas. Ex-beneficiária do H-1B e hoje cidadã americana, contou à CNBC que já aconselhou candidatas a buscar vagas em corporações maiores, mais aptas a arcar com o novo custo.
Yao, que procura sua primeira funcionária — provavelmente uma engenheira óptica —, dirige uma empresa surgida na Universidade do Colorado em Boulder e focada em diagnósticos respiratórios com tecnologias quânticas.
“Tenho candidatas americanas, mas quando olho para pós-docs e doutorandas, muitas são estrangeiras”, disse. “Estou numa área muito específica, onde buscamos cientistas, pesquisadoras e engenheiras de ponta. A primeira pergunta que faço é sobre o status migratório. Isso acaba sendo um incômodo desnecessário.”
Ela afirma que está disposta a patrocinar o green card da candidata certa, mas que a taxa de US$ 100 mil é um obstáculo grande demais para uma empresa recém-criada.
Vagas em IA
As restrições estão afetando diretamente a contratação de profissionais de IA em vários setores. Em empresas de médio porte — até 500 funcionários —, gestores afirmam que não previram a nova despesa.
“Eu não tinha essa verba prevista no orçamento de capital, nem no de TI, nem no de RH”, contou Amy Dufrane, CEO da HRC, empresa de educação e treinamento em recursos humanos, em Alexandria (Virgínia). “Isso pegou todo mundo de surpresa.”
Atualmente, há mais que o dobro de aprovações de H-1B em comparação ao ano 2000, embora a maioria das solicitações seja de renovação de emprego. Segundo o Pew Research Center, foram quase 400 mil aprovações no ano fiscal de 2024, sendo 35% novos pedidos e 65% renovações.
Com o cenário incerto, empresas vêm investindo na qualificação interna. A OpenAI, por exemplo, lançou APIs integradas à Coursera, permitindo que profissionais aprendam a criar prompts e usar IA em planilhas e bancos de dados.
“Isso pode ser uma forma de aumentar a qualificação de longo prazo”, afirmou Dufrane.
A necessidade de buscar profissionais qualificados além das fronteiras, em razão das restrições migratórias, pode abrir uma nova onda de trabalho remoto, segundo Brad Bernthal, professor associado de direito e diretor do Silicon Flatirons Center for Law, Technology and Entrepreneurship. Essa mudança na dinâmica global do mercado de trabalho também faz muitas empresas olharem para uma versão mais “humana” do conceito de nearshoring — contratar pessoas ou terceirizar para empresas em países com fuso horário próximo ao dos EUA. A Polônia, por exemplo, tem se destacado como fornecedora de profissionais de STEM, em um fuso horário considerado vantajoso, aponta Dufrane.
“Acho que há uma chance de repensar como as startups constroem seus pipelines de talentos nesse cenário”, disse Angela Blevins, diretora de RH e Talentos da High Alpha, fundo de Indianapolis que cria e financia empresas de software B2B. “Uma estratégia que vimos funcionar é contratar um pequeno grupo de profissionais sêniores, que depois ajudam a desenvolver talentos de nível iniciante recém-saídos da faculdade. Isso acelera a formação de equipes e permite escalar de forma sustentável, sem depender tanto de contratações internacionais”, explicou.
A aproximação com escolas locais também deve ganhar protagonismo nos esforços de recrutamento. Na Universidade do Colorado em Boulder, onde Yao trabalha, representantes dizem notar um aumento contínuo de empresas interessadas em parcerias. A disputa por talentos já vinha aquecendo, tornando os estudantes nascidos nos EUA — ou com status migratório resolvido — ainda mais disputados.
Peter Petrella, presidente da TalentRise, empresa de busca de executivos com operações nos EUA, Canadá e Índia, diz que está ajudando clientes a fortalecer laços locais, aproximando-se de órgãos de desenvolvimento econômico no interior de Nova York e do escritório de ex-alunos da Universidade de Buffalo para criar conexões em áreas como engenharia de computação.
Angie Vermillion, diretora associada de relações com empregadores da Leeds School of Business, recomenda que as empresas criem vínculos de longo prazo com equipes de carreira, professores e alunos, participando de feiras, visitas e outros eventos. Ela também destaca que as companhias devem mostrar oportunidades de crescimento e acesso a mentores.
“Os estudantes querem saber que podem crescer na carreira”, explicou.
Mas um dos caminhos de talentos que mais preocupa especialistas não tem solução fácil no curto prazo — nem garantia no longo prazo, caso os vistos para profissionais qualificados percam espaço no mercado. O sistema H-1B já formou gerações de empreendedores, que geralmente trabalham em outras empresas antes de abrir o próprio negócio. Bernthal teme que os Estados Unidos deixem de inovar em áreas como tecnologia climática, aeroespacial, ciências quânticas e segurança nacional.
“Os fundadores que construíram o Vale do Silício — se você olhar, eram imigrantes de primeira e segunda geração”, disse Somak Chattopadhyay. “(Imigrantes) se arriscam mais; têm garra. No fim das contas, se a gente começar a restringir esse talento, vai ser ruim para a inovação.”
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Este conteúdo foi fornecido pela CNBC Internacional e a responsabilidade exclusiva pela tradução para o português é do Times Brasil.
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