Líderes da OTAN buscarão consolidar o compromisso do presidente dos EUA, Donald Trump, com a aliança por meio de uma promessa de cúpula para aumentar os gastos com defesa, reunidos na terça-feira (24) em Haia, com a atenção global voltada para o Irã.
O foco principal do encontro, que começa com um jantar oferecido pelo rei holandês, tem sido manter Trump satisfeito, após seu retorno ao poder ter despertado temores de que ele possa prejudicar a aliança de sete décadas.
Os aliados estão ansiosos para que Trump, com pouso previsto na Holanda às 17h, horário local, veja a cúpula como uma vitória.
Mas ainda há a chance de grandes acontecimentos, já que Kiev anunciou que Trump se encontraria com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, na quarta-feira, com os organizadores esperando que a dupla evite uma repetição da infame briga no Salão Oval.
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Um ponto central no esforço para manter Trump a bordo — dada sua ameaça de não proteger os aliados da OTAN com menores gastos — será a promessa de satisfazer sua insistência de que os membros desembolsem 5% de seu PIB para defesa.
Para garantir a vitória de Trump, os 32 países da OTAN chegaram a um acordo para dedicar 3,5% às principais necessidades militares até 2035 e 1,5% a áreas mais amplas relacionadas à segurança, como segurança cibernética e infraestrutura.
A OTAN afirma que o reforço militar é crucial para deter a Rússia, que, segundo autoridades, está reconstruindo rapidamente suas forças, esgotadas pela guerra na Ucrânia, e pode estar pronta para atacar a aliança em cinco anos.
Mas é mais importante para manter Trump fiel ao compromisso de defesa mútua da aliança, baseado no poderio militar dos EUA.
“Há um compromisso total do presidente dos EUA e da alta liderança dos EUA com a OTAN”, disse o chefe da aliança, Mark Rutte.
“No entanto, isso traz consigo a expectativa de que finalmente lidaremos com essa enorme pedra no sapato, esse enorme problema, que é o fato de não estarmos gastando o suficiente como europeus e canadenses.”
‘Incerteza radical’
Líderes europeus — muitos dos quais estão com dificuldades para encontrar o dinheiro necessário — alinharam-se para argumentar que as ameaças que o continente enfrenta exigem medidas ousadas.
“Devemos navegar nesta era de incerteza radical com agilidade”, disse o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, na segunda-feira (23), ao anunciar o compromisso do Reino Unido de atingir a meta.
Em um artigo de opinião conjunto no Financial Times na véspera da cúpula, o presidente francês Emmanuel Macron e o chanceler alemão, Friedrich Merz, disseram que a Europa deve se rearmar “não porque alguém nos solicita, mas porque somos lúcidos e temos uma dívida com nossos cidadãos”.
A potência europeia, a Alemanha, anunciou planos para atingir o objetivo de 3,5% para as necessidades básicas de defesa até 2029 — seis anos antes do prazo.
Por sua vez, o Kremlin atacou a OTAN por sua “militarização desenfreada”, com o porta-voz Dmitry Peskov afirmando: “Esta é a realidade que nos cerca”.
Mas, embora a promessa de mais gastos pareça capaz de conquistar Trump, profundas divisões permanecem quanto à abordagem da principal questão de segurança da Europa: a guerra da Rússia na Ucrânia.
Desde que voltou ao poder, Trump alterou a abordagem do Ocidente ao conflito de três anos, virando as costas para Kiev e abrindo caminho para laços mais estreitos com Moscou.
Reunião de Trump e Zelensky
Zelensky foi rebaixado do papel central que desempenhou em reuniões recentes da OTAN e não participará da principal sessão de trabalho.
Mas a presidência da Ucrânia disse que ele discutiria com Trump a compra de um pacote de armas composto principalmente por defesas aéreas.
Zelensky também pressionaria Trump a impor novas sanções à Rússia, já que Moscou tem paralisado os esforços de paz pressionados por Washington, disse Kiev.
Ao chegar a Haia, Zelensky agradeceu aos parceiros europeus pelo apoio, acrescentando: “Estamos lutando pela liberdade, pelos nossos valores e pelo nosso futuro.”
Os líderes francês e alemão, em uma mensagem dirigida a Trump, disseram que pressionariam conjuntamente por um cessar-fogo na Ucrânia e aumentaram a pressão sobre a Rússia “inclusive por meio de sanções” enquanto estivessem em Haia.
Rutte insistiu que a cúpula ainda enviaria a mensagem de que o apoio a Kiev era “inabalável e persistirá”.
Mas, apesar de sua insistência de que a tentativa de adesão da Ucrânia continua “irreversível”, a aliança evitará qualquer menção à tentativa de Kiev de se juntar depois que Trump a descartou.
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