O Canadá votou na segunda-feira (28) para um novo governo para enfrentar a guerra comercial e as ameaças de anexação do presidente Donald Trump, que pressionou os Estados Unidos a absorverem o país vizinho com a abertura das seções eleitorais.
Leia mais
O Partido Liberal, liderado pelo novo primeiro-ministro Mark Carney, parecia prestes a perder para Pierre Poilievre, do Partido Conservador, até que os ataques do presidente americano ao país provocaram uma reversão repentina nas previsões das pesquisas.
Trump se inseriu vigorosamente na política canadense no dia da eleição com uma publicação no Truth Social dizendo que o Canadá enfrentaria “TARIFAS ZERO” se “se tornasse o estimado 51º estado”.
“ERA PARA SER!”, disse ele.
Carney, de 60 anos, nunca ocupou um cargo eletivo e só substituiu Justin Trudeau como primeiro-ministro no mês passado. Ele teve uma carreira lucrativa como banqueiro de investimentos antes de atuar como presidente do banco central do Canadá e do Reino Unido.
Carney argumentou que sua experiência financeira global o preparou para orientar a resposta do Canadá às tarifas de Trump.
Ele também prometeu revitalizar o comércio interno e expandir as oportunidades econômicas do Canadá no exterior para reduzir a dependência dos Estados Unidos, um país no qual, segundo Carney, “não podemos mais confiar”.
Os Estados Unidos, sob o comando de Trump, “querem nos destruir para que possam nos dominar”, alertou repetidamente.
“Não precisamos de caos, precisamos de calma. Não precisamos de raiva, precisamos de um adulto”, disse Carney nos últimos dias da campanha.
Poilievre, um político de carreira de 45 anos, tentou manter o foco nas preocupações domésticas que tornaram Trudeau profundamente impopular no final de sua década no poder, especialmente o aumento do custo de vida.
O líder conservador argumentou que Carney daria continuidade à “década liberal perdida”, argumentando que somente um novo governo conservador pode tomar medidas contra a criminalidade, a escassez de moradias e outras questões não relacionadas a Trump que os canadenses classificam como prioritárias.
“Vocês não conseguem lidar com mais quatro anos disso”, disse ele no fim de semana.
Poilievre criticou Trump, mas insistiu que dez anos de governança liberal ruim deixaram o Canadá vulnerável a um vizinho do sul recém-hostil.
“Uma boa escolha”
As pesquisas finais indicam uma disputa acirrada, mas colocam Carney como o favorito.
As pesquisas também têm mostrado consistentemente que os eleitores veem o ex-banqueiro central como o melhor candidato para lidar com Trump.
Hamza Fahri, morador de Montreal, que planeja votar depois do trabalho, descreveu a eleição como “única”.
“Eu queria votar pela mudança no Canadá. Eu queria que os liberais saíssem, mas, no final, votarei em Carney porque ele é um homem forte e sério, e é disso que o país precisa para enfrentar Trump”, disse a engenheira de 28 anos à AFP.
Mas Kelsey Leschasin, que mora na província central de Saskatchewan, de tendência conservadora, disse que sua prioridade era “mudança”.
“Não concordo com o governo liberal e com a forma como eles estão governando nosso país”, disse ela à AFP em Montreal, onde estava para uma conferência.
Julie Demers disse que o domínio de Trump na campanha teve um custo.
“Acho lamentável que só tenhamos falado sobre política americana”, disse a mãe de dois filhos, de 37 anos, lamentando que a igualdade social tenha sido deixada de lado.
Reviravolta histórica?
Se os liberais vencerem, isso marcará uma das reviravoltas mais dramáticas da história política canadense.
Em 6 de janeiro, dia em que Trudeau anunciou sua renúncia, os conservadores lideravam os liberais por mais de 20 pontos na maioria das pesquisas, e Poilievre parecia a caminho de ser o próximo primeiro-ministro do Canadá.
Mas a substituição de Trudeau por Carney, aliada à inquietação nacional com Trump, transformou a disputa.
O agregador de pesquisas da emissora pública CBC, no domingo, estimou o apoio nacional aos liberais em 42,8%, enquanto os conservadores em 38,8%.
Assim como nas eleições nos EUA, os números das pesquisas nacionais podem não prever um resultado.
O desempenho de dois partidos menores — o esquerdista Novo Partido Democrático (NDP) e o separatista Bloc Quebecois — pode ser decisivo, já que os fortes resultados de ambos os partidos em votações anteriores reduziram a contagem de cadeiras dos liberais.
Quase 29 milhões dos 41 milhões de habitantes do Canadá estão aptos a votar no enorme país do G7, que abrange seis fusos horários. Um recorde de 7,3 milhões de pessoas votaram antecipadamente.
Os canadenses elegerão 343 membros do parlamento, o que significa que são necessárias 172 cadeiras para obter a maioria. Os liberais conquistaram a maioria em 2015, mas governam com uma minoria desde 2019.
—
📌 ONDE ASSISTIR AO MAIOR CANAL DE NEGÓCIOS DO MUNDO NO BRASIL:
🔷 Canal 562 ClaroTV+ | Canal 562 Sky | Canal 592 Vivo | Canal 187 Oi | Operadoras regionais
🔷 TV SINAL ABERTO: parabólicas canal 562
🔷 ONLINE: www.timesbrasil.com.br | YouTube
🔷 FAST Channels: Samsung TV Plus, TCL Channels, Pluto TV, Soul TV, Zapping | Novos Streamings
A agricultura não está se aproximando de uma crise de tarifas de guerra comercial, “ela já está em uma crise total”, dizem os agricultores
