A União Europeia precisa intensificar seu papel nos assuntos globais à medida que as tensões com o presidente dos EUA, Donald Trump, aumentam, segundo o ex-primeiro-ministro italiano Matteo Renzi.
Seus comentários à CNBC vieram depois de Trump dizer que a UE “seria incapaz de ajudar” a acabar com o conflito no Oriente Médio, onde Irã e Israel estão em guerra.
Um cessar-fogo entre os dois inimigos regionais estava em vigor, de acordo com Trump, mas a situação continua delicada e incerta.
Independentemente disso, as críticas de Trump à Europa ocorrem após outros eventos nos quais o continente tem lutado para ter um lugar à mesa, inclusive nas conversas de paz entre a Ucrânia e a Rússia.
“A situação é muito complicada, porque nosso melhor aliado, os Estados Unidos da América, e o POTUS, presidente dos Estados Unidos da América, nos atacam diariamente, todas as semanas, todos os meses”, disse Renzi, agora líder do partido Itália Viva.
“E, por favor, lembrem-se agora, neste momento, que não há um acordo sobre tarifas, e isso é uma tragédia”, disse Renzi ao programa “Europe Early Edition” da CNBC na terça-feira.
Os EUA e a UE estão em desacordo sobre comércio, com Turmp anunciando várias rodadas de tarifas desde que assumiu o cargo.
A aliança transatlântica está atualmente tentando chegar a um acordo que impeça algumas, se não todas, as obrigações estabelecidas. A ideia é chegar a um acordo antes do prazo final de 9 de julho.
No entanto, os dois lados também não concordam quando se trata de questões de defesa e política externa, com as nações europeias cada vez mais ansiosas com a ideia de que Trump possa reduzir a presença militar dos EUA no continente europeu.
Renzi disse que a Europa cresceu com a ideia de que sua aliança com os EUA é a melhor, mas, dados os desafios no relacionamento, a região deve “acordar e tentar desempenhar um papel como europeia”.
Esta é uma ideia compartilhada por outros no continente europeu.
Enrico Letta, outro ex-primeiro-ministro italiano, disse em um artigo de opinião do Financial Times publicado no domingo que “as ações de Donald Trump em seu segundo mandato deixam claro que estamos lidando com uma visão estratégica de longo prazo que visa remodelar o papel global dos Estados Unidos, enfraquecer o multilateralismo e aumentar a pressão sobre os aliados, especialmente a Europa”.
Assim, Letta defendeu que a Europa “deve reforçar a sua autonomia e capacidade de ação”.
Enquanto isso, os líderes alemão e francês reconheceram na segunda-feira que os EUA têm prioridades diferentes sob a presidência de Trump e que, por isso, a região precisa se comprometer a gastar mais em defesa.
“Viveremos, no futuro próximo, num ambiente profundamente desestabilizado e num mundo onde os nossos aliados terão outros dilemas e prioridades”, disseram ambos os chefes de Estado num artigo de opinião separado no Financial Times, acrescentando: “Teremos de enfrentar estes desafios”.
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