Um grupo de fiscalização de Wisconsin entrou com um processo contra Elon Musk, alegando que ele subornou eleitores ilegalmente com cheques milionários e sorteios de US$ 100 (R$ 553,80) na eleição mais recente para a Suprema Corte do estado.
A Wisconsin Democracy Campaign — uma organização apartidária e sem fins lucrativos que investiga a transparência das eleições — junto com dois eleitores de Wisconsin, entrou com o processo contra o bilionário, seu America PAC e outra entidade de Musk, chamada United States of America Inc.
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No processo, os demandantes afirmam que Musk e suas entidades violaram as leis estaduais que proíbem suborno eleitoral e loterias não autorizadas. Também acusam Musk de conspiração civil e de ser um incômodo público. Musk e a America PAC não responderam ao pedido de comentário.
“No contexto de uma eleição para a mais alta corte de Wisconsin, o suborno eleitoral — oferecer mais de US$ 1 (R$ 5,54) para induzir eleitores a votar — mina a confiança dos eleitores na validade do sistema eleitoral e na independência do judiciário”, diz o processo.
Acusações de suborno e distribuição de cheques
A queixa alega que Musk violou as leis estaduais ao distribuir US$ 100 para eleitores que assinaram uma petição “contra juízes ativistas” e entregar cheques milionários para aqueles que assinaram a petição. O processo afirma que aqueles que ganharam os cheques votaram no candidato Brad Schimel.
Em um encontro em Green Bay, Musk distribuiu cheques milionários para duas pessoas, ambas, segundo o processo, votaram em Schimel. Em um vídeo postado pela America PAC no X, um dos ganhadores disse ter votado em Schimel e incentivou outros a fazerem o mesmo.
“Todo mundo precisa fazer o que eu acabei de fazer, assinar a petição, indicar seus amigos e sair para votar em Brad Schimel”, disse o ganhador, Nicholas Jacobs, no vídeo.
O processo menciona que Musk afirmou que os prêmios de US$ 1 milhão (R$ 5,54 milhões) seriam dados “em agradecimento” àqueles que “dedicaram tempo a votar”.
Apesar da America PAC de Musk ter gasto mais de US$ 12 milhões (R$ 66,46 milhões) na campanha de Schimel, a candidata Susan Crawford venceu a disputa.
Processos e consequências
Antes que a eleição fosse concluída, o Procurador Geral de Wisconsin, Josh Kaul, entrou com um processo semelhante contra Musk por seu envolvimento na eleição da Suprema Corte do estado, mas um juiz do condado recusou-se a realizar uma audiência imediatamente.
Um juiz da Pensilvânia também recusou um pedido para bloquear as doações milionárias de Musk no estado. Durante a eleição presidencial, a America PAC de Musk também distribuiu cheques milionários para pessoas registradas para votar em estados decisivos, o que o Departamento de Justiça alertou que poderia ser ilegal.
Musk defendeu suas doações durante a eleição presidencial, apesar das alegações de ilegalidade, dizendo que aqueles que assinaram a petição não receberam o dinheiro como prêmio e que a sorte “não estava envolvida aqui”. Aqueles que assinaram a petição eram, na verdade, porta-vozes da America PAC com a “oportunidade de ganhar” US$ 1 milhão.
“Não se engane: a oportunidade de ganhar de um eleitor elegível não é o mesmo que uma chance de ganhar”, disse Musk, segundo a Reuters.
Jeff Mandell, cofundador da Law Forward — o escritório de advocacia que entrou com o processo em nome da Wisconsin Democracy Campaign — disse em uma entrevista à NBC News que este processo tem a vantagem de ter mais tempo.
“A eleição acabou. Algumas paixões se acalmaram, e estamos trazendo isso em uma postura normal, pedindo ao tribunal que siga seu procedimento normal”, disse Mandell. “Estamos confiantes de que teremos uma adjudicação completa e justa.”
O processo da Wisconsin Democracy Campaign também busca impedir Musk de “replicar qualquer conduta ilegal em eleições futuras em Wisconsin.”
“Quase todo mundo que estava observando de perto ou viu o que estava acontecendo aqui em Wisconsin naquele período tão apertado ficou bastante horrorizado, e diria coisas como, ‘Bem, isso não pode ser legal’, ou, ‘Ele não pode sair impune disso’”, disse Mandell.
“Esse é realmente o propósito deste processo, garantir que um tribunal diga — de acordo com a lei e com o que acho que a intuição das pessoas de todo o espectro político — que essa não é uma conduta legal, isso não é consistente com o funcionamento da nossa democracia, e garantir que não aconteça novamente.”
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