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Inflação no Japão está acima da meta há mais de 3 anos — onde está o BOJ?
Publicado 25/06/2025 • 07:49 | Atualizado há 4 horas
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Publicado 25/06/2025 • 07:49 | Atualizado há 4 horas
KEY POINTS
Sede do Banco do Japão, em Tóquio.
Wikipédia Commons
Desde a pandemia de Covid-19, os principais bancos centrais do mundo elevaram suas taxas de juros diante da disparada da inflação, mas o Banco do Japão (BOJ) tem sido uma exceção.
A instituição manteve a política monetária praticamente inalterada, mesmo com os índices de inflação geral e núcleo acima da meta de 2% desde abril de 2022. A inflação geral chegou ao pico de 4% em janeiro, o maior nível em dois anos. Já a chamada “inflação núcleo-núcleo” está acima da meta desde outubro de 2022.
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Desde março de 2024, quando encerrou sua política de juros negativos, o BOJ elevou as taxas em apenas 60 pontos-base ao longo de 14 meses. Na reunião mais recente, em junho, manteve a taxa básica em 0,5%, alegando que “a inflação subjacente do CPI deve se manter fraca, principalmente devido à desaceleração da economia”.
Nos Estados Unidos, o Federal Reserve aumentou os juros pela primeira vez desde 2018 em março de 2022, e todos os principais bancos centrais, exceto o BOJ, fizeram o mesmo naquele ano.
No Japão, o principal motor da inflação são os alimentos, em especial o arroz.
Os preços do arroz subiram de forma expressiva na segunda metade de 2024 e aceleraram ainda mais nos primeiros seis meses de 2025, principalmente devido a colheitas ruins em 2023 e 2024.
Em maio, os preços do arroz mais que dobraram, com uma alta de 101,7%, o maior aumento em mais de meio século.
Segundo Marcella Chow, estrategista de mercados globais da JP Morgan Asset Management, o arroz responde por cerca de metade da inflação núcleo do Japão. Ela afirma que a tendência futura da inflação depende fortemente dos preços dos alimentos, sobretudo do arroz.
Apesar da disparada, especialistas avaliam que o BOJ não mudará sua taxa de juros, já que vê a alta da inflação como temporária.
O presidente do BOJ, Kazuo Ueda, afirmou em entrevista coletiva após a reunião de junho que, “quando olhamos os dados recentes, a inflação ao consumidor está em torno de 3%. Mas isso se deve principalmente ao aumento dos custos de importação e dos preços do arroz… esperamos que essas pressões diminuam”, segundo tradução da Reuters.
Chow destacou que Ueda também apontou que a inflação subjacente — principal foco do BOJ — ainda está abaixo de 2%. O banco central não revela publicamente os componentes que definem a inflação subjacente.
“Isso indica que o banco central considera o recente aumento dos preços do arroz como temporário”, afirmou Chow. “Ueda não acredita que o BOJ esteja atrasado, já que a tendência de alta da inflação subjacente não está se acelerando.”
Yujiro Goto, chefe de estratégia cambial para o Japão no Nomura, disse à CNBC que o atual pico inflacionário, especialmente nos alimentos, se deve mais a problemas de oferta do que a uma demanda aquecida.
“Por isso, o BOJ entende que não precisa reagir à alta da inflação, que é apenas uma inflação de custos. Contra esse tipo de inflação, os aumentos de juros podem não ser muito eficazes para conter os preços”, afirmou Goto.
Essa avaliação é compartilhada por Kei Okamura, gestor de portfólio da Neuberger Berman, que disse no programa “Squawk Box Asia” que as pressões sobre os preços dos alimentos devem diminuir nos próximos meses.
As preocupações com o crescimento da economia também pesam na decisão do BOJ de não elevar os juros.
Na quarta-feira, um resumo das opiniões da reunião de junho revelou que alguns membros do conselho defenderam a manutenção das taxas nos níveis atuais.
Taxas de juros mais altas ajudam a conter a inflação, mas também podem frear o crescimento econômico.
Chow destacou que há incertezas geopolíticas à frente para o país, como a eleição para a Câmara Alta e eventuais disputas tarifárias e comerciais. Segundo ela, a eleição pode representar desafios políticos para o governo de Ishiba.
Esses riscos para o crescimento indicam que uma alta na taxa básica pode ser adiada.
Goto, do Nomura, também acredita que as preocupações com o crescimento vão impedir o BOJ de subir os juros, já que o Japão ainda não chegou a um acordo comercial com os Estados Unidos.
“Devido às tarifas mais altas aplicadas ao Japão (tarifa universal de 10% mais tarifas setoriais sobre automóveis e aço, por exemplo), esperamos que a economia japonesa registre crescimento negativo modesto no terceiro trimestre (julho a setembro), o que justifica a pausa, pelo menos até setembro deste ano”, disse ele à CNBC.
O Japão está atualmente envolvido em negociações comerciais com os Estados Unidos, sem sinais claros de um acordo. Em 20 de junho, o principal negociador comercial japonês, Ryosei Akazawa, teria dito que as conversas com os EUA “ainda estavam nebulosas”.
Caso não haja acordo, uma tarifa “recíproca” de 25% será aplicada às exportações japonesas para os EUA.
A elevação dos juros também pode fortalecer o iene, tornando as exportações japonesas menos competitivas — o que agravaria o cenário de desaceleração para uma economia fortemente orientada às exportações.
Os dados comerciais mais recentes revelaram que as exportações do Japão caíram 1,7% em maio na comparação anual, a maior retração desde setembro de 2024.
O Produto Interno Bruto (PIB) do país também encolheu 0,2% no primeiro trimestre de 2025 em relação aos três meses anteriores — a primeira queda em um ano —, impulsionada pela queda nas exportações.
O BOJ também parece estar tirando lições do passado. Frederic Neumann, economista-chefe para a Ásia no HSBC, afirmou à CNBC que o Japão enfrentou décadas de pressão deflacionária persistente, além de vários “falsos amanheceres” que levaram a apertos monetários prematuros.
Diante disso, o banco central está agindo com cautela para normalizar sua política. Neumann observou que o BOJ adota uma abordagem lenta para subir os juros, já que a inflação recente foi impulsionada principalmente pela forte desvalorização do iene, com apenas sinais tênues de um ciclo sustentado de aumento de salários e preços.
O conselheiro do BOJ Naoki Tamura, no entanto, disse em um discurso nesta quarta-feira que o banco pode precisar aumentar os juros “de forma decisiva” se os riscos altistas para os preços se intensificarem.
Desde abril de 2022, o iene se desvalorizou de cerca de 120 por dólar para os níveis atuais de aproximadamente 150. Em 3 de julho de 2024, a moeda atingiu 161,99 por dólar — o menor valor em cerca de 38 anos.
Neumann comentou, por outro lado, que “um período de inflação acima da meta pode ser necessário para romper a expectativa, por parte das famílias e empresas japonesas, de que os preços permanecerão estáveis ao longo do tempo.”
Ele acrescentou que, embora a abordagem cautelosa do BOJ seja justificada, os formuladores de política monetária precisam estar atentos para não normalizar tarde demais.
“O BOJ enfrenta um caminho difícil e estreito pela frente: precisa agir rápido o suficiente para evitar que as expectativas de inflação disparem, mas não tão rápido a ponto de levar a economia de volta ao antigo ciclo de deflação.”
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Este conteúdo foi fornecido pela CNBC Internacional e a responsabilidade exclusiva pela tradução para o português é do Times Brasil.
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