As ações despencaram e os títulos do Tesouro dos EUA continuaram sob pressão após perdas acentuadas em Wall Street, impulsionadas por temores sobre a economia dos EUA, enquanto Donald Trump tenta aprovar novos cortes de impostos que podem inflar ainda mais o já enorme déficit.
Um leilão fraco de títulos do governo dos EUA com vencimento em 20 anos acendeu um sinal de alerta de que o mercado de títulos está preocupado com as finanças do país, dias após a Moody’s rebaixar sua classificação de crédito de primeira linha.
A notícia trouxe um fim ao recente aumento saudável estimulado pela trégua tarifária entre EUA e China e sinais de progresso entre os Estados Unidos e outros países no comércio.
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Rendimentos dos títulos e reações do mercado
Os rendimentos dos títulos dispararam em geral, à medida que os investidores exigiram mais juros para manter a dívida do governo, sinalizando seus temores sobre a maior economia do mundo — os títulos de 30 anos atingiram seu nível mais alto desde o final de 2023.
A venda ocorreu após o leilão de títulos de 20 anos atrair pouco interesse, trazendo de volta memórias da venda massiva que se seguiu ao “Dia da Libertação” tarifária do presidente Trump no mês passado, seguida por uma abordagem menos agressiva da Casa Branca.
Os três principais índices de Wall Street terminaram em forte queda.
Proposta de cortes de impostos de Trump e impacto fiscal
Um projeto de lei de impostos impulsionado por Trump, atualmente passando pelo Congresso, combina uma extensão dos cortes de impostos de seu primeiro mandato presidencial com cortes acentuados nos gastos do governo para pagá-los.
No entanto, muitos observadores do mercado não esperam que os cortes de gastos no pacote sejam suficientes para compensar os cortes de impostos, elevando o déficit.
“Os cortes de impostos propostos estão levantando preocupações de economistas sobre a posição fiscal dos EUA e há sinais de ansiedade nos mercados de títulos sobre o fardo da dívida do país”, disse Tapas Strickland, do National Australia Bank.
O primeiro secretário do Tesouro do mandato de Trump, Steven Mnuchin, alertou que “o déficit orçamentário é uma preocupação maior para mim do que o déficit comercial” e pediu mais cortes nos gastos.
Repercussão global e efeito no câmbio
As ações asiáticas e europeias também caíram, com Tóquio, Hong Kong, Xangai, Sydney, Seul, Singapura, Taipei, Mumbai, Bangkok, Wellington e Manila no vermelho.
Londres, Paris e Frankfurt abriram em baixa.
O dólar também manteve perdas em relação ao iene com o aumento das preocupações sobre a economia dos EUA e à medida que os traders buscam a moeda japonesa por sua condição de porto seguro.
Rania Gule, analista sênior de mercado da XS.com, disse esperar ver o iene continuar se fortalecendo no segundo trimestre “a menos que haja grandes surpresas na política monetária dos EUA ou desenvolvimentos econômicos inesperados”.
Ele acrescentou que o foco agora será nos dados dos EUA, nos títulos, nas reações ao plano de impostos de Trump e nos próximos passos do Banco do Japão.
“De qualquer forma, o retorno do iene à proeminência, não apenas como um porto seguro, mas como uma moeda fundamentalmente forte, já começou — e é provável que continue”, escreveu.
Demanda por ativos seguros e implicações para ações
A incerteza também ajudou a reviver a demanda por ouro, outro ativo seguro, que estava por volta de US$ 3.340 a onça (R$ 18.854,63).
E agora há temores de que as ações possam enfrentar mais uma fase difícil.
“Esses rendimentos mais altos a longo prazo tornam muito mais difícil justificar as avaliações das ações de hoje”, disse Stephen Innes da SPI Asset Management.
“Nomes de tecnologia e crescimento — já esticados — estão encarando uma reprecificação tangível do mercado de ações em relação às taxas, e isso pode limitar o combustível de alta que impulsiona os ativos de risco desde a trégua tarifária de abril.”
Criptomoedas e mercado de petróleo
Ainda assim, o bitcoin quebrou um novo recorde de US$ 111.878,25 (R$ 631.563,91) enquanto legisladores dos EUA mostraram maior apoio bipartidário a um projeto de lei de criptomoeda sobre a regulamentação das chamadas stablecoins, moedas digitais com valor atrelado ao dólar.
Isso gerou novas esperanças de clareza regulatória no setor, inclusive para o bitcoin, que não está diretamente vinculado ao dólar.
Os preços do petróleo ampliaram as perdas, cedendo mais de um por cento, após dados da Administração de Informação de Energia dos EUA mostrarem que os estoques do país aumentaram na semana passada.
A notícia ajudou a reverter um rali na commodity na quarta-feira (21) que foi desencadeado por um relatório da CNN de que Israel estava planejando um ataque a locais nucleares iranianos.
Principais índices por volta das 04h15 de Brasília
Tóquio – Nikkei 225: BAIXA de 0,8% a 36.985,87 (fechamento)
Hong Kong – Hang Seng Index: BAIXA de 1,2% a 23.547,65
Xangai – Composite: BAIXA de 0,2% a 3.380,19 (fechamento)
Londres – FTSE 100: BAIXA de 0,4% a 8.753,32
Euro/dólar: BAIXA a US$ 1,1321 de US$ 1,1334 na quarta-feira (21)
Libra/dólar: BAIXA a US$ 1,3420 de US$ 1,3421
Dólar/iene: BAIXA a 143,36 ienes de 143,66 ienes
Euro/libra: BAIXA a 84,36 pence de 84,42 pence
West Texas Intermediate: BAIXA de 1,1% a US$ 60,91 por barril
Brent do Mar do Norte: BAIXA de 1,1% a US$ 64,20 por barril
Nova York – Dow: BAIXA de 1,9% a 41.860,44 (fechamento)
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