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KEY POINTS
Um contêiner de carga da China Shipping empilhado no Porto de Long Beach, em Long Beach, Califórnia, em 10 de abril de 2025.
Patrick T. Fallon | Afp | Getty Images (Reprodução CNBC Internacional)
PEQUIM — A China não atingiu várias metas-chave de seu plano de dez anos para se tornar autossuficiente em tecnologia e acabou fomentando uma competição industrial prejudicial, o que agravou as tensões comerciais globais, segundo um relatório divulgado nesta semana pela Câmara de Comércio da União Europeia na China.
Quando o governo chinês lançou o plano “Made in China 2025”, em 2015, ele foi duramente criticado internacionalmente por favorecer empresas chinesas em detrimento de concorrentes estrangeiras. O país acabou minimizando a iniciativa nos anos seguintes, mas voltou a investir pesadamente no desenvolvimento tecnológico interno após as restrições impostas pelos Estados Unidos nos últimos anos.
Desde o lançamento do plano, a China superou suas metas em relação à dominância no setor automotivo, mas ainda não alcançou os objetivos traçados para os setores aeroespacial, de robôs de alta tecnologia e para a taxa de crescimento do valor agregado da manufatura, segundo a Câmara, com base em pesquisas e discussões com seus associados.
Dos dez setores estratégicos apontados no relatório, a China alcançou domínio tecnológico apenas em construção naval, trens de alta velocidade e carros elétricos.
As metas chinesas são geralmente vistas mais como diretrizes do que como números a serem atingidos em uma data específica. O “Made in China 2025” define os primeiros dez anos de uma estratégia de longo prazo para transformar o país em uma potência global da manufatura.
A Câmara destacou que o avião de fabricação chinesa C919 ainda depende fortemente de peças vindas dos Estados Unidos e da Europa. Embora os níveis de automação industrial tenham “aumentado substancialmente”, esse avanço se deve, em grande parte, à tecnologia estrangeira.
Além disso, a taxa de crescimento do valor agregado da manufatura foi de 6,1% em 2024, abaixo dos 7% registrados em 2015 e ainda distante da meta de 11%.
“Todos deveriam se considerar com sorte por a China não ter alcançado sua meta de crescimento da manufatura”, disse Jens Eskelund, presidente da Câmara da União Europeia na China, a jornalistas na terça-feira. Isso porque o contrário teria aumentado a pressão sobre concorrentes globais. “Eles não cumpriram a própria meta, mas, na verdade, acho que se saíram surpreendentemente bem.”
Mesmo em um ritmo mais lento, a China se transformou ao longo da última década e hoje representa 29% do valor agregado global da manufatura, praticamente o mesmo que Estados Unidos e Europa somados, segundo Eskelund. “Antes de 2015, em muitas categorias, a China nem era uma concorrente direta da Europa e dos Estados Unidos.”
Nos últimos anos, os EUA têm adotado medidas para restringir o acesso da China a tecnologias avançadas e incentivado empresas de manufatura de ponta a instalarem fábricas em solo americano.
Nesta semana, o governo norte-americano passou a exigir licenças de exportação para os chips de inteligência artificial H20 da Nvidia e MI308 da AMD, e seus equivalentes, destinados à China.
Antes disso, a Nvidia anunciou que sofreria um impacto de aproximadamente US$ 5,5 bilhões por conta das novas exigências. O CEO da fabricante de chips, Jensen Huang, se reuniu com o vice-primeiro-ministro chinês, He Lifeng, em Pequim, na quinta-feira, segundo a mídia estatal chinesa.
As restrições dos EUA “nos empurraram a fabricar coisas que antes jamais pensaríamos que precisaríamos comprar”, afirmou Lionel M. Ni, presidente fundador do campus da Universidade de Ciência e Tecnologia de Hong Kong em Guangzhou. A declaração foi feita a jornalistas na quarta-feira, em mandarim, e traduzida pela CNBC.
Segundo Ni, os produtos que exigem desenvolvimento interno incluem chips e equipamentos. Quando não há substitutos imediatos para os itens restritos, a universidade opta por comprar a segunda melhor opção disponível.
Além dos planos temáticos, a China estabelece prioridades nacionais de desenvolvimento a cada cinco anos. O atual 14º Plano Quinquenal, que termina em dezembro, enfatiza o apoio à economia digital. O próximo, o 15º, está previsto para ser lançado no ano que vem.
Ainda não está claro até que ponto a China poderá se tornar autossuficiente em sistemas tecnológicos-chave no curto prazo. Mas as empresas locais avançaram rapidamente.
A gigante chinesa de telecomunicações Huawei lançou no fim de 2023 um smartphone que, segundo relatos, traz um chip avançado capaz de operar com velocidades 5G. A empresa está em uma lista de restrições dos EUA desde 2019 e lançou, no ano passado, seu próprio sistema operacional, supostamente independente do Android, do Google.
“Os controles ocidentais de exportação de chips tiveram algum sucesso ao atrasar brevemente o desenvolvimento chinês em semicondutores — ainda que a um custo para os EUA e seus aliados”, afirmaram analistas do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS), um think tank com sede em Washington, em um relatório desta semana. No entanto, destacaram que a China apenas redobrou seus esforços, “potencialmente desestabilizando o ecossistema norte-americano de semicondutores”.
Como exemplo, o CSIS citou que o smartphone mais recente da Huawei, da linha Pura 70, utiliza 33 componentes fabricados na China e apenas cinco vindos do exterior.
A Huawei registrou um aumento de 22% na receita em 2024, o crescimento mais rápido desde 2016, impulsionada pela recuperação do setor de produtos para consumidores. A empresa destinou 20,8% da receita para pesquisa e desenvolvimento no ano passado, bem acima da meta anual de mais de 10%.
No geral, os fabricantes chineses alcançaram a meta nacional de investir 1,68% da receita operacional em pesquisa e desenvolvimento, segundo o relatório da Câmara Europeia.
“A Europa precisa fazer uma autocrítica”, disse Eskelund, referindo-se ao alto investimento da Huawei em P&D. “As empresas europeias estão fazendo o necessário para se manterem na vanguarda da tecnologia?”
A fabricante holandesa de equipamentos para semicondutores ASML destinou 15,2% das vendas líquidas para P&D em 2024, enquanto a Nvidia investiu 14,2%.
No entanto, altos investimentos não significam necessariamente eficiência.
A corrida pelos carros elétricos, por exemplo, provocou uma guerra de preços, com muitas montadoras operando no vermelho para superarem os concorrentes. Esse fenômeno é conhecido na China como neijuan, ou “involução”.
“Também precisamos reconhecer que o sucesso [da China] não veio sem problemas”, afirmou Eskelund. “Estamos vendo, em muitos setores, que isso não se traduziu em um ambiente de negócios saudável.”
Ele acrescentou que a tentativa de cumprir as metas do “Made in China 2025” contribuiu para a involução. Destacou ainda que os esforços da China para subir na cadeia de valor da manufatura — saindo de enfeites natalinos para equipamentos de ponta, aumentaram as preocupações globais com riscos de segurança.
No relatório anual do governo, apresentado em março, o primeiro-ministro chinês, Li Qiang, pediu ações para conter a involução, reforçando a diretriz já mencionada em uma reunião de alto nível do Politburo, em julho do ano passado. O Politburo é o segundo escalão mais importante do Partido Comunista Chinês.
Essa competição feroz se soma ao impacto do crescimento econômico já desacelerado. Das 2.825 empresas listadas nas bolsas da China continental, 20% reportaram prejuízo pela primeira vez em 2024, segundo uma análise da CNBC com base em dados da Wind Information. Incluindo as que tiveram prejuízo mais um ano, a fatia sobe para quase 48%.
Em março, a China destacou que sua prioridade para o ano será estimular o consumo, após anos de foco na manufatura. Desde o início de 2024, as vendas no varejo têm crescido menos que a produção industrial, segundo dados oficiais da Wind Information.
Segundo Eskelund, os formuladores de políticas também buscam formas de “alinhar melhor a produção industrial com a capacidade de absorção do mercado doméstico”. Para ele, os esforços para estimular o consumo pouco adiantam se a produção cresce ainda mais rápido.
Questionado sobre políticas para enfrentar o excesso de capacidade na manufatura, Eskelund respondeu:
“Estamos também ansiosos por respostas.”
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Este conteúdo foi fornecido pela CNBC Internacional e a responsabilidade exclusiva pela tradução para o português é do Times Brasil.
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