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Pequenas empresas do Canadá levam tarifas de Trump para o lado pessoal

Publicado 18/04/2025 • 10:34 | Atualizado há 22 horas

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Redação CNBC

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  • Logo do outro lado da fronteira entre os Estados Unidos e o Canadá, algumas pequenas empresas estão levando as tarifas comerciais para o lado pessoal.
Bandeira do Canadá.

Canadá busca manter empresas no país.

Unsplash.

Logo do outro lado da fronteira entre os Estados Unidos e o Canadá, algumas pequenas empresas estão levando as tarifas comerciais para o lado pessoal.

O presidente Donald Trump afirmou que suas tarifas generalizadas, mesmo contra alguns dos parceiros comerciais mais próximos do país, pretendem reequilibrar o comércio internacional e trazer de volta a manufatura para os Estados Unidos. Mas, para os vizinhos do norte, essas tarifas podem significar uma erosão da confiança.

A relação comercial entre EUA e Canadá sempre foi fundamental para as duas economias. Em 2024, o comércio de bens entre os dois países somou US$ 762,1 bilhões. Segundo o Escritório do Representante de Comércio dos Estados Unidos (USTR, na sigla em inglês), mais de três quartos das exportações canadenses tiveram como destino os EUA no ano passado, e quase metade das importações canadenses vieram de lá.

A partir de março, no entanto, o governo Trump implementou uma tarifa de 10% sobre a energia canadense e tarifas de 25% sobre outras importações do Canadá e do México, um imposto prometido por Trump no dia de sua posse. Vários produtos cobertos pelo acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA) ficaram isentos.

Trump também impôs uma tarifa de 25% sobre veículos não montados nos Estados Unidos, em vigor desde o início deste mês, medida que impacta tanto o México quanto o Canadá, dois importantes polos da indústria automotiva. Além disso, uma tarifa de 25% sobre autopeças deve entrar em vigor no mês que vem.

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O Canadá respondeu com tarifas retaliatórias próprias, mas o orgulho nacional tem alimentado um outro tipo de resistência.

A Balzac’s Coffee Roasters, rede de cafeterias em Ontário e Toronto, reagiu às tensões comerciais renomeando um item do cardápio: o “Americano” (bebida comum à base de expresso) passou a se chamar “Canadiano”, marcado com uma folha de bordo.

A Your Independent Grocers, rede de supermercados independentes pertencente à canadense Loblaw Companies, também adotou a folha de bordo como símbolo para indicar produtos “preparados no Canadá”. Já os itens impactados por tarifas são sinalizados com o logo “T”, tanto nas lojas quanto online.

Corinne Pohlmann é vice-presidente executiva de advocacy da Federação Canadense de Negócios Independentes (CFIB, na sigla em inglês), que representa mais de 100 mil pequenas empresas em 12 das 13 províncias e territórios canadenses.

Segundo pesquisa da CFIB realizada em dezembro de 2024, cerca de metade dos associados está diretamente envolvida na importação ou exportação com os Estados Unidos. Esse número não considera empresas que dependem de fornecedores e clientes que também fazem negócios com o país vizinho.

Mais de um quarto dos membros da CFIB ouvidos no fim de março relataram aumento na demanda por produtos de propriedade canadense. Mais da metade das empresas entrevistadas concordaram que os EUA deixaram de ser um parceiro comercial confiável.

As tensões comerciais também afetaram relações duradouras entre pequenas empresas canadenses e norte-americanas, afirmou Pohlmann, já que os empresários precisam decidir de que lado da fronteira os custos adicionais serão absorvidos. Ela contou que alguns membros da CFIB têm procurado orientação sobre como renegociar contratos com parceiros nos EUA.

Pohlmann afirmou que as tarifas estão gerando não apenas aumento de custos, mas também sofrimento emocional. “Para muitos canadenses, isso pareceu uma traição”, disse ela.

Desde 4 de março, o Conselho de Controle de Bebidas Alcoólicas de Ontário (LCBO) suspendeu a compra de produtos dos EUA. Na loja da LCBO em Niagara-on-the-Lake, uma placa diz: “Pelo bem de Ontário, pelo bem do Canadá”, explicando o desaparecimento de produtos norte-americanos como vinhos da Califórnia e a vodka Tito’s.

Mas nem sempre é tão simples.

Um porta-voz da LCBO esclareceu por e-mail à CNBC que produtos fabricados no Canadá, como a cerveja Coors Light produzida localmente, continuam disponíveis nas prateleiras, independentemente da origem da empresa proprietária.

A Molson Coors possui unidades de produção tanto no Canadá quanto nos Estados Unidos. “Embora sejamos uma empresa global, nossas cervejas e bebidas são geralmente produzidas nos mercados onde são vendidas”, afirmou Rachel Gellman Johnson, diretora sênior de comunicação da Molson Coors.

As tarifas costumam ser uma ferramenta de “poder duro”, usada para provocar mudanças geopolíticas por meio da coerção. Relações comerciais de longa data com parceiros como Canadá, México e Japão ajudaram a reforçar a influência global dos EUA.

Além dos números, o que pode estar em jogo é o chamado “poder brando” norte-americano.

O ex-secretário de Estado Antony Blinken disse este mês ao jornalista Andrew Ross Sorkin, da CNBC, que sua maior preocupação no cenário atual é justamente o enfraquecimento desse poder de influência dos EUA. “A ideia de que a China está tentando desenvolver mais poder brando e de que estamos abrindo mão do nosso… isso não é bom para o país, nem para os nossos interesses”, afirmou Blinken.

Mesmo que Trump alivie as tarifas, empresas canadenses podem resistir à ideia de retomar relações comerciais com parceiros norte-americanos. Pohlmann destacou contratos perdidos e confiança abalada.

“Embora desejemos um alívio permanente nas tarifas, a relação comercial entre Canadá e Estados Unidos foi fraturada e pode nunca mais ser a mesma”, disse ela.

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Este conteúdo foi fornecido pela CNBC Internacional e a responsabilidade exclusiva pela tradução para o português é do Times Brasil.

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