Por que o primeiro-ministro do Reino Unido segue impopular mesmo após vitórias importantes?
Publicado 25/05/2025 • 12:38 | Atualizado há 6 horas
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KEY POINTS
O primeiro-ministro Keir Starmer dá uma entrevista em uma coletiva de imprensa, no dia 26 de outubro de 2024.
Simon Dawson via Wikipédia Commons
Um ano após assumir o cargo, o primeiro-ministro britânico Keir Starmer conquistou algumas vitórias importantes, incluindo a assinatura recente de acordos comerciais relevantes com os Estados Unidos, a Índia e a União Europeia, negociações que devem impulsionar a economia do Reino Unido e os salários da população.
Mas as pesquisas de opinião contam uma história diferente.
Um levantamento, realizado pelo instituto YouGov e publicado em meados de maio, mostrou que a aprovação pública ao primeiro-ministro despencou para um nível historicamente baixo: 69% dos eleitores têm hoje uma visão desfavorável de Starmer, enquanto apenas 23% o veem com entusiasmo.
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Mais preocupante ainda para o líder do Partido Trabalhista é que a queda de popularidade está concentrada entre seus próprios eleitores. Metade dos que votaram no partido (50%) agora têm uma visão negativa de Starmer, um aumento de 17 pontos em relação à última pesquisa, de meados de abril. Ao mesmo tempo, a fatia de eleitores trabalhistas com opinião favorável caiu de 62% para 45% no mesmo período.
Com sinais de melhora na economia britânica, o que estaria dando errado para o primeiro-ministro?
Apesar de o governo britânico destacar seu desempenho positivo em acordos comerciais, o custo de vida segue sendo uma grande preocupação para a população, e empresas enfrentam aumentos de impostos sob a liderança do Partido Trabalhista.
A taxa anual de inflação do Reino Unido atingiu 3,5% em abril, acima do esperado e bem acima dos 2,6% registrados em março, segundo dados divulgados pelo Escritório Nacional de Estatísticas (ONS) na quarta-feira.
Esses dados evidenciam o aumento da pressão sobre as famílias britânicas: os preços de eletricidade, gás e outros combustíveis subiram 6,7% no acumulado de 12 meses até abril. Já os preços de água e esgoto aumentaram 26,1% apenas em abril, no maior salto mensal desde, pelo menos, fevereiro de 1988, segundo o ONS.
As empresas britânicas agora enfrentam uma carga tributária maior em razão de medidas adotadas no chamado “Orçamento de Outono”, além de outras ações consideradas por muitos economistas como “anticrescimento”.
Entre elas, estão as restrições à imigração (que devem impactar trabalhadores estrangeiros essenciais em diversos setores), o aumento do salário mínimo nacional e reformas nos direitos trabalhistas, que pressionam especialmente pequenas e médias empresas.
Dessa forma, acordos comerciais ambiciosos que prometem crescimento econômico e investimentos, mas que levarão tempo para produzir efeitos, oferecem pouco alívio imediato para consumidores e empresas que enfrentam dificuldades agora.
“Na política doméstica, este governo ainda não foi bem; daria uma nota C menos”, afirmou Kallum Pickering, economista-chefe do Reino Unido no banco Peel Hunt, ao programa Europe Early Edition, da CNBC, na quarta-feira. “Vimos principalmente medidas anticrescimento, e isso é o que perturba os mercados de títulos nos últimos meses.”
Na política externa, por outro lado, o governo estaria “fazendo um trabalho razoavelmente bom”, com os recentes acordos comerciais como prova disso, segundo Pickering.
“Starmer conseguiu conter os riscos de uma escalada comercial entre Reino Unido e Estados Unidos. Não é um ótimo acordo, mas evita danos maiores. O acordo com a Índia, por sua vez, é um sinal forte de que o Reino Unido está aberto para negócios. E, se você observar a imprensa, há insatisfação com o acordo entre Reino Unido e União Europeia, mas, na prática, qual seria a alternativa?”, questionou.
Líderes de grandes empresas dizem estar satisfeitos com a direção que o governo britânico está seguindo. C.S. Venkatakrishnan, CEO global do Barclays, afirmou à CNBC na quinta-feira que o governo está “absolutamente no caminho certo”.
“Se olharmos para o que foi conquistado nas últimas semanas — acordos comerciais com EUA, Índia e Europa, parceiros comerciais importantes —, vemos um avanço. E continuam a reparar relações com a Europa, como devem fazer”, disse ele ao jornalista Steve Sedgwick, da CNBC.
Segundo o executivo, embora haja pressão inflacionária, ainda não há sinais de “sofrimento do consumidor”.
“Na verdade, vemos uma resiliência contínua do consumo, graças à forma prudente como as pessoas estão gerenciando suas finanças. Estão economizando. O mercado de trabalho segue forte. Mas, como é esperado, as pessoas estão preocupadas com a inflação, com os custos, seja da conta de energia no inverno ou da inflação mais ampla causada por tarifas. E a única resposta real para isso é o crescimento — justamente o foco deste governo, e algo que queremos apoiar.”
Embora parte da população veja com bons olhos a abordagem mais calma e menos explosiva de Keir Starmer, em contraste com políticos como Nigel Farage (líder do Reform UK) ou o ex-primeiro-ministro Boris Johnson, o líder trabalhista continua enfrentando críticas de que seu estilo de liderança e sua personalidade atrapalham tanto a si próprio quanto ao partido.
A CNBC entrou em contato com o Partido Trabalhista para comentar as pesquisas de popularidade de Starmer, mas ainda não obteve resposta.
“Starmer tem qualidades importantes — como os acordos comerciais, por exemplo”, disse Bill Blain, estrategista e fundador da Wind Shift Capital. No entanto, ele avalia que a falta de carisma do premiê é um problema.
“Mas ele é monótono, entediante e meticuloso. É competente, mas não tem carisma político… Farage tem de sobra. Boris Johnson também tinha”, afirmou Blain à CNBC na terça-feira.
“Outro problema é que Starmer não conta com colegas de gabinete capazes de criar a ilusão de uma equipe formada por líderes inteligentes. Alguns estão começando a se adaptar, mas a maioria parece fora de sua profundidade. Isso é particularmente verdadeiro em relação à Rachel Reeves… que, naturalmente, não é alguém propensa a correr riscos”, acrescentou.
“O maior problema é a narrativa — o Partido Trabalhista tenta se posicionar como responsável ao controlar os gastos, mas isso acabou passando uma imagem de insensibilidade com seus eleitores. Estão sendo vistos como cruéis”, afirmou.
Segundo Blain, Starmer está “sob pressão”, aumentando o risco de que parlamentares trabalhistas da base se rebelem “caso as pesquisas comecem a pesar”.
“Isso pode já estar em curso. Ou seja: motim!”, concluiu.
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Este conteúdo foi fornecido pela CNBC Internacional e a responsabilidade exclusiva pela tradução para o português é do Times Brasil.
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