CNBC
Cadence Design CEO Lip-Bu Tan delivers the key-note address during the CDN Live conference in Bangalore on November 19, 2009. CDN Live is a global series of events bringing together electronics designers and engineers using Cadence products. AFP PHOTO/Dibyangshu SARKAR (Photo by DIBYANGSHU SARKAR / AFP)

CNBC Ações da Intel caem após Trump pedir a renúncia imediata do CEO

Mundo

Rússia e Emirados Árabes Unidos reforçam laços comerciais e testam limites dos EUA

Publicado 07/08/2025 • 14:28 | Atualizado há 2 horas

CNBC

Redação CNBC

KEY POINTS

  • O presidente dos Emirados Árabes Unidos, Mohammed bin Zayed, se encontrou com o líder russo Vladimir Putin em Moscou nesta quinta-feira (7), prometendo dobrar o comércio nos próximos cinco anos.
  • Os negócios russos nos Emirados Árabes Unidos aumentaram desde a invasão da Ucrânia por Moscou em 2022, à medida que seus cidadãos fugiam das sanções e do recrutamento obrigatório.
  • A visita acontece antes de uma reunião planejada entre Putin e o presidente Donald Trump.
Nesta fotografia distribuída pela agência estatal russa Sputnik, o presidente russo, Vladimir Putin, e o presidente dos Emirados, Sheikh Mohamed bin Zayed Al Nahyan, caminham no Kremlin após suas conversas em Moscou em 7 de agosto de 2025.

GAVRIIL GRIGOROV / POOL / AFP

Nesta fotografia distribuída pela agência estatal russa Sputnik, o presidente russo, Vladimir Putin, e o presidente dos Emirados, Sheikh Mohamed bin Zayed Al Nahyan, caminham no Kremlin após suas conversas em Moscou em 7 de agosto de 2025.

DUBAI, Emirados Árabes Unidos — O presidente dos Emirados Árabes Unidos, Mohammed bin Zayed al Nahyan, viajou nesta quinta-feira (7) à Rússia para seu segundo encontro com o presidente Vladimir Putin em menos de um ano, em um sinal do fortalecimento contínuo dos laços entre os dois países.

Segundo a agência estatal WAM, a visita tem como foco a “parceria estratégica” entre Rússia e Emirados, com ênfase em “formas de ampliar a cooperação, principalmente nas áreas econômica, comercial, de investimentos, energia e outros setores voltados ao desenvolvimento conjunto, além de temas regionais e internacionais de interesse comum”.

Apesar de ser um aliado próximo dos Estados Unidos e parceiro relevante nas áreas militar e de inteligência, os Emirados Árabes também se tornaram o parceiro econômico mais importante da Rússia no Oriente Médio.

Desde o início da guerra da Rússia contra a Ucrânia, o comércio bilateral cresceu significativamente. Em 2022, o intercâmbio comercial saltou 68% em relação ao ano anterior, atingindo US$ 9 bilhões (cerca de R$ 49,1 bilhões na cotação atual), segundo o Ministério do Comércio da Rússia.

Leia também:

Com Ucrânia na pauta, Trump e Putin vão se reunir nos “próximos dias”, diz Kremlin

Putin se reuniu com enviado dos EUA, Witkoff, antes do prazo final para sanções

Moscou aguarda visita “importante” de enviado de Trump antes do prazo final para sanções

Na reunião com Putin, bin Zayed afirmou que “o volume de comércio entre Rússia e Emirados alcançou US$ 11,5 bilhões” (R$ 62,74 bilhões), de acordo com a agência estatal russa Tass. O líder emiradense acrescentou que gostaria de “dobrar esse número tanto no âmbito bilateral quanto com os países eurasiáticos nos próximos cinco anos”, destacando que as relações entre os dois países “se desenvolvem em ritmo acelerado”.

Desde a assinatura de uma parceria estratégica em 2018, os dois países têm intensificado visitas de alto nível. Abu Dhabi evitou se posicionar oficialmente sobre a guerra na Ucrânia, optando por defender a paz e o fim dos confrontos. Também se recusou a aderir às sanções ocidentais contra a Rússia, tornando-se um refúgio para oligarcas e expatriados russos em fuga das sanções e do alistamento militar obrigatório. Estima-se que cerca de 4 mil empresas russas operem nos Emirados Árabes, com aumento contínuo dos investimentos diretos entre os dois países.

A visita de bin Zayed a Moscou “demonstra que os Emirados valorizam sua parceria estratégica com a Rússia e pretendem aprofundar os laços”, afirmou Anna Borshchevskaya, pesquisadora sênior do The Washington Institute especializada na política russa para o Oriente Médio, em entrevista à CNBC.

“Como antes, os Emirados querem manter uma política externa diversificada entre Rússia, Estados Unidos e China, em vez de escolher apenas um lado”, completou.

A viagem do líder dos Emirados ocorre em um momento em que a Casa Branca anunciou um futuro encontro entre o presidente Donald Trump e Putin para discutir um cessar-fogo na guerra da Ucrânia. A visita também vem após Trump anunciar tarifas punitivas contra a Índia pela importação de petróleo russo — o que, segundo ele, “alimenta a máquina de guerra” da Rússia.

Para Moscou, manter relações próximas com os Emirados é uma vitória. “É um sinal claro de que a Rússia não está tão isolada quanto o Ocidente gostaria, tanto diplomaticamente quanto economicamente”, avaliou Ryan Bohl, analista sênior de Oriente Médio e Norte da África na consultoria Rane.

Segundo ele, os Emirados também desempenham um papel central nos esforços da Rússia para contornar as sanções ocidentais. “Para [bin Zayed], no plano político, isso mostra que ele é independente de Washington, apesar de depender das forças americanas para sua segurança”, afirmou Bohl.

EUA criticam, mas não punem Emirados

Os Estados Unidos já expressaram frustração com a atuação dos Emirados na facilitação de importações russas. Em 2023, o governo Biden classificou o país como “área de foco” por sua atuação no desvio de sanções e controles de exportação.

De acordo com o Departamento do Tesouro dos EUA, empresas com sede nos Emirados transportaram mais de US$ 5 milhões (R$ 27,28 milhões) em bens controlados por exportação para a Rússia apenas no segundo semestre de 2022, incluindo semicondutores que podem ser usados em armamentos no campo de batalha ucraniano.

“Os Emirados facilitam o comércio de produtos de uso dual. São um centro de trânsito importante para mercadorias com uso civil e militar, o que contribui para alimentar a guerra da Rússia contra a Ucrânia”, afirmou Borshchevskaya.

O Ministério das Relações Exteriores dos Emirados não respondeu de imediato a um pedido de comentário da CNBC.

Até o momento, Washington não adotou medidas punitivas contra o país árabe. Trump não tratou os Emirados ou outros parceiros do Golfo como tratou a Índia.

Um dos fatores é o papel dos Emirados como mediadores entre Rússia e potências ocidentais. Abu Dhabi tem facilitado comunicações entre adversários e atuado na mediação de trocas de prisioneiros entre Ucrânia e Rússia. Desde o início da guerra, em fevereiro de 2022, os Emirados afirmam ter ajudado na repatriação de 4.181 cativos.

Além disso, os laços comerciais entre Emirados e Estados Unidos vão muito além da defesa. Abu Dhabi se tornou um importante polo e investidor em empresas americanas de tecnologia e inteligência artificial. Na visita de Trump à região do Golfo, em maio, diversos acordos bilionários foram assinados com os Emirados. Já em março, Abu Dhabi anunciou um compromisso de investimento de US$ 1,4 trilhão (R$ 7,64 trilhões) nos EUA ao longo de dez anos.

A amizade com a Rússia “é uma fonte de tensão com os EUA, mas não de forma significativa neste momento, especialmente sob a administração Trump”, disse Hussein Ibish, pesquisador sênior no Arab Gulf States Institute, em Washington.

“Contudo, com a possibilidade de sanções secundárias entrarem em vigor após o prazo de cessar-fogo definido por Trump… Emirados e Rússia deverão coordenar eventuais respostas a essas sanções”, completou.

Se Trump decidir pressionar Abu Dhabi, os líderes dos Emirados e do Golfo estarão atentos. Mas, segundo Michael Rubin, ex-funcionário do Pentágono e pesquisador do American Enterprise Institute, o pequeno e rico emirado continuará independente em suas decisões de política externa.

“Os Emirados não querem mais fazer parte de grandes coalizões ou campanhas de pressão. Sua política será baseada num cálculo direto e pragmático de seus próprios interesses, deixando que outros percam tempo e energia com sanções, coerção e disputas entre potências”, afirmou Rubin.

“MBZ fará o que for melhor para os Emirados, sem colocar todos os ovos nas cestas americana, chinesa ou russa.”

📌 ONDE ASSISTIR AO MAIOR CANAL DE NEGÓCIOS DO MUNDO NO BRASIL:

🔷 Canal 562 ClaroTV+ | Canal 562 Sky | Canal 592 Vivo | Canal 187 Oi | Operadoras regionais

🔷 TV SINAL ABERTO: parabólicas canal 562

🔷 ONLINE: www.timesbrasil.com.br | YouTube

🔷 FAST Channels: Samsung TV Plus, LG Channels, TCL Channels, Pluto TV, Roku, Soul TV, Zapping | Novos Streamings

Siga o Times Brasil - Licenciado Exclusivo CNBC no

Este conteúdo foi fornecido pela CNBC Internacional e a responsabilidade exclusiva pela tradução para o português é do Times Brasil.

MAIS EM Mundo