A Shell registrou, no final de julho, um lucro acima do esperado para o segundo trimestre e manteve o ritmo de retorno aos acionistas, apesar do impacto dos preços globais mais baixos do petróleo e do gás.
A gigante de energia apurou lucros ajustados de US$ 4,26 bilhões nos três meses até junho, superando as expectativas dos analistas, que apontavam para US$ 3,87 bilhões, de acordo com consenso compilado pela LSEG (London Stock Exchange Group). A previsão inicial era de US$ 3,74 bilhões.
A companhia havia registrado US$ 6,29 bilhões no mesmo período do ano passado e US$ 5,58 bilhões nos primeiros três meses de 2025.
Os resultados foram divulgados logo após a empresa sinalizar desempenho comercial mais fraco em sua divisão integrada de gás e perdas em seu braço de produtos químicos e derivados.
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A Shell também anunciou mais US$ 3,5 bilhões em recompras de ações nos próximos três meses, mantendo o ritmo de retorno aos acionistas. Este é o 15º trimestre consecutivo com pelo menos US$ 3 bilhões em recompras.
“O cenário macro tem sido desafiador, e o que eu diria é que continuamos no ritmo de transformação da Shell”, disse o CEO Wael Sawan ao programa “Squawk Box Europe” da CNBC na quinta-feira (31).
“Em todos os aspectos, [estou] satisfeito com esse desempenho. E, no que diz respeito à negociação, de fato, apesar do cenário macroeconômico difícil, estou satisfeito com o desempenho da equipe”, disse Sawan.
Em março, a Shell anunciou planos para priorizar o retorno aos acionistas, aumentar o custo da economia e redobrar seus esforços em gás natural liquefeito (GNL). A atualização estratégica foi elaborada para reforçar seu compromisso com a criação de valor, mantendo o foco em “desempenho, disciplina e simplificação”.
O plano parece ter sido bem recebido pelos investidores. O preço das ações da Shell superou muitas de suas rivais europeias e americanas até agora neste ano, registrando ganhos de 8%. Em comparação, a britânica BP subiu 3%, a TotalEnergies da França caiu 2% e a Exxon Mobil aumentou 4% no mesmo período.
Notavelmente, a Shell recentemente rejeitou as especulações sobre uma possível oferta de aquisição da BP, dizendo no final de junho que não tinha “nenhuma intenção” de fazer uma oferta pela sua rival doméstica em dificuldades.
Questionado sobre a perspectiva de aquisições e se a situação atual significa que “quanto maior, melhor” para as petrolíferas, Sawan respondeu: “Eu não compro a ideia de que quanto maior, melhor. Acho que é preciso conduzir isso a partir de uma perspectiva de valor.”
O CEO da Shell disse que a escala não é uma preocupação para a maior comercializadora de gás natural liquefeito (GNL) do mundo. “A questão é como alavancamos essa escala, concentrando-nos nas áreas em que temos pontos fortes competitivos e nas áreas em que podemos criar valor”, acrescentou.
‘Você pode ter certeza da Shell’
Na quinta-feira (31), a Shell anunciou ter alcançado reduções de custos estruturais de US$ 800 milhões nos primeiros seis meses de 2025, elevando as reduções acumuladas desde 2022 para US$ 3,9 bilhões. No início do ano, a empresa estabeleceu uma meta de redução de custos de US$ 5 a 7 bilhões até o final de 2028.
Enquanto isso, a dívida líquida da empresa chegou a US$ 43,2 bilhões no final do segundo trimestre, acima dos US$ 41,5 bilhões do trimestre anterior.
Sawan, da Shell, repetiu seus comentários do início do ano quando questionado sobre a perspectiva de a empresa mudar sua listagem de Londres para Nova York, dizendo que não é uma discussão real.
“Parte do motivo é que, na verdade, temos apresentado um desempenho superior. Conseguimos nos ater à nossa própria história e cumprir o que prometemos. No Dia do Mercado de Capitais, usamos o velho slogan: ‘Você pode ter certeza da Shell’”, disse Sawan.
“Com isso, nos sentimos cada vez mais confiantes de que nossa mensagem está chegando aos grupos de capital que querem investir nessa tese de investimento diferenciada que temos”, acrescentou.
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