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Tarifas do Trump

Reunião entre Lula e Trump deve seguir ‘caminho da sensatez’: ‘são dois líderes com perfis opostos, mas que precisam um do outro’

Publicado 25/10/2025 • 20:46 | Atualizado há 2 horas

KEY POINTS

  • Para o economista e professor de Relações Internacionais da ESPM, Leonardo Trevisan, o momento marca uma inflexão importante na política externa de ambos os países. “Há um caminho de boa vontade e sensatez entre as duas partes, ainda que por razões diferentes”, avalia.
  • O analista Rodrigo Loureiro reforça que o encontro deve influenciar diretamente os mercados. “Qualquer que seja o desfecho, a reunião tem potencial para fazer preço na segunda-feira. Pode selar a paz comercial ou aprofundar o conflito tarifário”, explica.

A aguardada reunião entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, prevista para ocorrer neste domingo (26) durante a Cúpula da ASEAN, na Malásia, ocorre sob um misto de expectativa diplomática e urgência econômica.

Segundo fontes do Itamaraty e da Casa Branca, o encontro deve tratar prioritariamente da tarifa de 50% imposta por Washington sobre exportações brasileiras, mas também abranger temas sensíveis como a crise na Venezuela e o papel do Brasil nas negociações regionais de paz.

Caminho de sensatez

Para o economista e professor de Relações Internacionais da ESPM, Leonardo Trevisan, o momento marca uma inflexão importante na política externa de ambos os países.

“Há um caminho de boa vontade e sensatez entre as duas partes, ainda que por razões diferentes”, avalia. “Trump chega pressionado por resistências internas ao tarifaço — não só do setor agrário, mas também de empresários americanos com cadeias de produção interligadas ao Brasil. São seis mil empresas que dependem dessa relação bilateral.”

Trevisan destaca ainda que produtos brasileiros como carne, café e frutas tropicais têm impacto direto na inflação americana, o que reforça a necessidade de um acordo. “Trump vai à mesa pressionado pela realidade econômica — e a realidade, mesmo para ele, está sinalizando em favor do Brasil.”

Do lado brasileiro, Lula chega com vantagem diplomática. “O Brasil não retaliou e manteve o diálogo aberto. O chanceler Mauro Vieira teve papel central em reuniões com Marco Rubio, secretário de Estado americano, deixando claro que o país pertence ao Ocidente e mantém equilíbrio nas relações com a China. Isso abriu portas”, diz o professor.

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Economia e política em tabuleiro global

O analista Rodrigo Loureiro reforça que o encontro deve influenciar diretamente os mercados.
“Qualquer que seja o desfecho, a reunião tem potencial para fazer preço na segunda-feira. Pode selar a paz comercial ou aprofundar o conflito tarifário”, explica.

Segundo Loureiro, o tarifaço já provocou queda de 22% nas exportações brasileiras em agosto, e até 50% de retração em setembro em alguns estados. O setor madeireiro foi um dos mais atingidos, com 10 mil empregos afetados e 4 mil demissões. “É uma relação que importa para ambos os lados, mas fere mais a economia brasileira. Se não houver reversão, vira uma bola de neve econômica.”

Para os EUA, a medida também cobra seu preço. As tarifas sobre café, suco de laranja e madeira elevaram custos de insumos e pressionaram o abastecimento de setores industriais. “Trump tem motivações eleitorais para resolver a questão — ele não quer ser visto como o ‘presidente do aumento de preços’ às vésperas das eleições de meio de mandato”, lembra o analista.

Diplomacia em campo e bastidores tranquilos

Direto de Kuala Lumpur, o correspondente Diego Mezzogiorno relatou que o clima entre as delegações é de confiança e tranquilidade, sobretudo após a fala de Trump no Air Force One confirmando que o encontro deve ocorrer.

“O Itamaraty e o Departamento de Estado trabalham discretamente para definir local e horário, mas o clima é positivo. Assessores de ambos os governos acreditam que há espaço para redução das tarifas”, relatou.

Mezzogiorno lembrou que a ASEAN — bloco que reúne economias do Sudeste Asiático, com PIB conjunto de US$ 4 trilhões — tem sido palco de novos acordos estratégicos do Brasil, incluindo uma parceria tecnológica com a Malásia na área de microchips e acordos de exportação de carne. “Lula chega à reunião com capacidade de articulação internacional reforçada e com o Brasil posicionado como ator central na nova geopolítica global.”

Tema sensível: Venezuela

Trevisan também chama atenção para outro ponto da pauta: a crise venezuelana e o risco de escalada militar. “Esse tema é mais delicado que as tarifas. O Brasil vai levar a mensagem de que nenhum país da América do Sul — nem mesmo a Argentina de Javier Milei — se interessa por uma intervenção americana. Guerras sempre começam fácil, mas ninguém sabe como terminam”, alerta.

Segundo ele, Trump pode usar a retórica bélica para acalmar setores internos nos EUA, mas “a realidade não aponta para uma invasão”. “Lula deve ser o porta-voz da vontade comum sul-americana por uma solução pacífica.”

Entre pragmatismo e política

Entre pressões comerciais, demandas eleitorais e movimentos geopolíticos, a reunião entre Lula e Trump tende a ser mais pragmática do que ideológica.

Como resume Loureiro: “São dois líderes com perfis opostos, mas que precisam um do outro. Os EUA precisam do Brasil, e o Brasil precisa muito dos EUA.”

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