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Tarifaço: indústria brasileira ajusta estratégia para garantir panetones nas prateleiras dos EUA no Natal
Publicado 07/09/2025 • 08:00 | Atualizado há 2 horas
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Publicado 07/09/2025 • 08:00 | Atualizado há 2 horas
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crédito: Freepik
Avistar panetones no supermercado é o maior anúncio de que o ano passou voando e que o Natal está próximo. A massa leve, o sabor adocicado e o costume de presentear fazem do produto uma tradição que atravessa fronteiras. Nos lares brasileiros, a presença é certa, e aumenta a cada ano.
Nos Estados Unidos, onde comunidades de imigrantes e novos consumidores descobriram essa arte da panificação doce, a expectativa era a mesma até a realidade se impor, e o cidadão americano notar seus mercados desabastecidos e a inflação corroendo seu salário.
O tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros atinge diretamente um setor que, só no último ciclo (2024), produziu 45 mil toneladas de panetones no Brasil. Foram 49,7 mil toneladas comercializadas, chegando a 62,9% dos lares.
Entre novembro de 2024 e janeiro de 2025, as vendas alcançaram R$ 1,2 bilhão no mercado interno, um avanço de 29,6% em valor e 7,3% em volume, segundo levantamento da Kantar encomendado pela Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias, Pães e Bolos Industrializados (Abimapi).
No comércio internacional, o panetone brasileiro encontrou e passou a brigar por espaço nas prateleiras americanas. Só em 2024, os Estados Unidos responderam por 24% das exportações da indústria, o equivalente a US$ 56 milhões. Foram 3,2 mil toneladas embarcadas, quase dois terços de tudo que o Brasil envia ao mundo nesse segmento.
O impacto das novas tarifas não foi imediato, e entre o anúncio inicial, em abril, e a imposição prática, em agosto, as indústrias se anteciparam e aumentaram o envio em quase duas vezes do registrado no ano anterior.
Mesmo assim, apenas um quarto da demanda foi atendida. “Um quarto das exportações já foi realizado, mas 75% ainda dependem de negociações em um cenário de custos mais altos”, explica Claudio Zanão, presidente da Abimapi.
Segundo ele, as empresas reduziram suas margens de lucro a quase zero para não perderem contratos. “Estamos diante de uma situação que pode comprometer não só as grandes marcas, mas principalmente as pequenas e médias, que são mais vulneráveis. O risco é perder espaço de prateleira que levou anos para ser conquistado”, diz.
O temor é que esse espaço seja ocupado por concorrentes tradicionais. A Itália, maior exportadora mundial de panetones, já domina 3,8% do mercado americano. O Brasil aparece logo atrás, com 2,3%. “Há risco real de perdermos parte desse mercado, e por isso algumas empresas estão dispostas a sacrificar a rentabilidade apenas para manter presença”, reforça Zanão.
Além do panetone, outras categorias também estão em alerta. Em 2024, o Brasil foi o quarto maior fornecedor de biscoito wafer para os Estados Unidos, com 7% de participação, atrás apenas de Canadá, Itália e México. Também ficou em sexto lugar nas exportações de torradas (1,8%) e em terceiro no fornecimento de tapioca (9% do total importado).
Diante das barreiras, a estratégia agora é diversificar. “Estamos fortalecendo nossa presença em países como México e Canadá, e avançando em mercados da América Central, do Sul e no Caribe. O Peru é hoje o maior consumidor per capita de panetone do mundo e representa uma alternativa concreta para absorver parte da produção brasileira”, afirmou Rodrigo Iglesias, diretor internacional da Abimapi.
Ele destacou que o trabalho com a Apex Brasil tem aberto frentes na União Europeia, Japão e outros países da Ásia. “É um esforço de médio e longo prazo, porque lidamos com hábitos de consumo diferentes, mas a indústria está determinada a abrir novas frentes.”
Se o destino externo não absorver toda a produção, há risco de sobreoferta no Brasil. “O ideal seria que conseguíssemos direcionar parte da produção para novos mercados, mas sempre existe a possibilidade de sobreoferta, o que naturalmente pressiona os preços para baixo”, diz Zanão.
No mercado interno, entretanto, a demanda tem mostrado vitalidade ano após ano. Os panetones recheados cresceram 41,3% em valor, os com gotas de chocolate 27% e os de frutas cristalizadas 28,7%. Quase um terço das compras é feito para presentear, movimento que ajuda a manter os preços.
O setor aposta também na visibilidade internacional do Salão do Panetone, que será realizado em setembro em São Paulo. O evento reunirá empresas como Arcor, Bauducco, Casa Suíça, Panco e Santa Edwiges, além de importadores de vários países. “O evento permite mostrar ao mercado global a diversidade e a inovação da indústria brasileira. Queremos reforçar que temos qualidade, escala e capacidade para competir com os maiores players do mundo”, diz Iglesias.
Entre as marcas que decidiram manter a aposta no mercado americano está a Ofner. Segundo o CEO Denílson Moraes, os Estados Unidos são o principal destino da empresa fora do Brasil e a empresa não vai desistir da disputa.
“Vamos manter as estimativas e elevar as exportações de 100 mil unidades em 2024 para 200 mil unidades em 2025, aumento de 100%”, afirma.
Ele explica que parte do impacto das tarifas será absorvida pela empresa, e outra parte repassada ao preço final. “É o jeito de atravessar esse momento. Mesmo assim, acreditamos na consolidação da marca nos EUA.”
A Ofner investiu em um panetone premium especialmente desenvolvido para os consumidores dos EUA, com receita adaptada e embalagens em inglês. Moraes lembra que não foi possível antecipar embarques, já que a vida útil do alimento é mais curta, mas garante que a empresa segue firme na estratégia. “Nosso produto já tem posicionamento premium. É usado para presentear e, por isso, acreditamos que não haverá pressão de preços mesmo diante do cenário atual.”
Procuradas, a Panduratta Alimentos (dona das marcas Bauducco, Visconti e Tommy) e a Marilan (dona da Casa Suíça e Marilan) não quiseram comentar o impacto das tarifas sobre seus negócios.
“Mesmo com tarifas, vamos dobrar nossas exportações para os EUA”
Entrevista com Denílson Moraes, CEO da Ofner
Quais as expectativas de exportação para os EUA?
“Os Estados Unidos são nosso principal mercado estrangeiro. Mesmo com o problema das tarifas, vamos elevar as exportações de 100 mil unidades em 2024 para 200 mil unidades em 2025, aumento de 100%.”
Como lidar com o aumento de custos?
“Vamos absorver parte do custo das tarifas nas margens e o restante será repassado ao preço final. É o jeito de enfrentar este momento.”
A Ofner tem marca consolidada no mercado americano?
“Sim. Criamos um produto premium pensado para o público americano, com receita adaptada e embalagem em inglês. Temos também o mercado da saudade, mas não é o foco principal.”
Foi possível antecipar embarques?
“Não. Nosso shelf-life é mais curto, então precisamos manter o cronograma regular.”
E no mercado brasileiro?
“A expectativa é crescer 30% em vendas neste ciclo, apostando em embalagens mais sofisticadas para presentes. Por ser um produto premium, não acreditamos em pressão de preços por sobreoferta.”
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