“Podemos perder US$ 40 bilhões com tarifas dos EUA”, alerta presidente da FAESP

O aumento de tarifas anunciado pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros deve gerar impactos diretos na cadeia produtiva nacional. A avaliação é de Tirso Meirelles, presidente da Federação da Agricultura do Estado de São Paulo (FAESP) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar).

“Caso contrário, todos nós vamos perder num processo produtivo econômico do país só, considerando esse ano e o ano que vem, podemos perder 40 bilhões de dólares de comercialização com o americano, além de destruir o processo da cadeia produtiva nacional”, afirmou Meirelles em entrevista ao Real Time, do Times Brasil – Licenciado Exclusivo CNBC.

Entre os setores mais afetados, o presidente da FAESP destacou a carne bovina, que possui forte participação nas exportações para os EUA. Segundo ele, o país mantém uma das melhores sanidades animais do mundo, o que contribuiu para o crescimento das vendas externas, mas a elevação tarifária de 50% pode comprometer a continuidade da cadeia produtiva brasileira e afetar serviços, comércio, indústria e o próprio agronegócio.

Além da carne, Meirelles chamou atenção para o suco de laranja e o café. O dirigente lembrou que, atualmente, oito em cada dez copos de suco de laranja consumidos no mundo são brasileiros, com grande parte destinada ao mercado norte-americano. Ele também ressaltou a ausência de estoques globais desses produtos, o que amplia a pressão sobre os preços e a oferta.

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Questionado sobre a possibilidade de direcionar essas exportações para outros mercados, Meirelles avaliou que a tarefa não é simples. “Você tem de conquistar e geralmente precisa da reciprocidade dos países”, disse. Ele mencionou o exemplo recente do etanol, quando negociações diplomáticas permitiram reduzir tarifas de importação entre Brasil e Estados Unidos durante a gestão de Donald Trump.

O dirigente criticou a condução das negociações pelo governo federal e defendeu a atuação do vice-presidente Geraldo Alckmin. De acordo com Meirelles, as ações diplomáticas começaram de forma tardia, após a delegação da função de articulação para Alckmin. “Infelizmente, existiram fatos colocados publicamente pelo presidente da República que atingiram a diplomacia americana e brasileira”, declarou.

Na avaliação do presidente da FAESP, a política tarifária norte-americana também está vinculada à tentativa de controle das finanças internas dos Estados Unidos. Segundo ele, a dívida do país equivale ao seu Produto Interno Bruto (PIB) e o governo busca reduzir despesas e proteger seu mercado.

Meirelles contextualizou que, nas últimas décadas, a abertura comercial e a desindustrialização direcionaram grande parte da produção global para a China, o que ampliou a concorrência e pressionou os Estados Unidos a adotar medidas de proteção econômica.

Para o setor agropecuário brasileiro, a solução depende da diplomacia. Tirso Meirelles demonstrou confiança na atuação de Geraldo Alckmin à frente das negociações. “A diplomacia é o único meio e acredito muito no Geraldo nesse sentido de articulação”, afirmou.

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