CNBC

CNBC Aeronaves furtivas e bombas de mais de 13 toneladas: por que destruir o programa nuclear do Irã é tão difícil

Tarifas do Trump

Estes pontos de discórdia impedem um acordo comercial EUA-UE

Publicado 18/06/2025 • 10:45 | Atualizado há 6 horas

CNBC

Redação CNBC

KEY POINTS

  • Os EUA e a União Europeia estão ficando sem tempo para fechar um acordo comercial.
  • As tarifas totais devem voltar a vigorar no início de julho, a menos que uma solução de negociação seja encontrada antes disso.
  • Especialistas disseram à CNBC que regulamentação, tributação e abordagens descompassadas nas negociações são alguns dos principais pontos de discórdia entre os parceiros.

Bandeiras dos Estados Unidos e União Europeia.

Sergei Gapon | Afp | Getty Images (Reprodução CNBC Internacional)

Os EUA e a União Europeia estão ficando sem tempo para chegar a um acordo sobre tarifas comerciais — e analistas afirmam que vários pontos de discórdia importantes podem impossibilitar um acordo.

As negociações têm sido lentas desde que os EUA e a UE cortaram temporariamente as tarifas entre si até 9 de julho. Se um acordo não for fechado até lá, tarifas de importação recíprocas totais de 50% sobre produtos da UE e as contramedidas abrangentes do bloco entrarão em vigor.

“Estamos conversando, mas não acho que eles estejam oferecendo um acordo justo ainda”, disse o presidente dos EUA, Donald Trump, a repórteres na terça-feira (17), frustrando ainda mais as esperanças de um acordo iminente.

Então, o que está atrasando as coisas entre os dois lados, que tinham um relacionamento avaliado em 1,68 trilhão de euros (US$ 1,93 trilhão) em 2024?

Leia mais
Acompanhe a cobertura em tempo real da Guerra Comercial
Empresas usam “engenharia tarifária” à para contornar tarifas cada vez mais altas
Incertezas no sistema de comércio global prejudicam economia da Europa, diz presidente do BCE

Regulamentação de Big Techs

Um ponto de discórdia apontado por especialistas foi a regulamentação da UE, especialmente de grandes empresas de tecnologia. O bloco tem enfrentado críticas frequentes dos EUA após impor regras históricas às gigantes da tecnologia em relação à transparência, concorrência e moderação.

“O governo Trump busca ativamente usar as negociações comerciais para forçar a UE a capitular e enfraquecer o ambiente regulatório”, disse Alberto Rizzi, pesquisador de políticas do Conselho Europeu de Relações Exteriores, à CNBC.

“No entanto, para os europeus, qualquer interferência em sua regulamentação doméstica de plataformas digitais é inaceitável e seria contrária ao seu compromisso de combater a desinformação e o discurso de ódio”, acrescentou.

Philip Luck, diretor do programa de economia do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS), ecoou as preocupações, mas disse que a UE poderia potencialmente ceder algum terreno sem minar seus princípios.

Mas as partes “ainda não chegaram a esse nível de diálogo”, disse ele.

Tributação

Os impostos são outra grande área de desacordo entre os EUA e a UE, disse Rizzi, observando que Trump vê as tarifas como uma compensação por impostos supostamente injustos cobrados sobre empresas e produtos americanos por países europeus.

Isso inclui os chamados impostos sobre valor agregado, ou IVA, cobrados em cada etapa da cadeia de suprimentos conforme o valor de um produto muda. Embora muito comum globalmente, os EUA não aplicam IVA, e Trump o classificou como uma barreira comercial — e uma justificativa para tarifas.

“No entanto, o imposto sobre valor agregado da UE trata produtos nacionais e estrangeiros exatamente da mesma forma e, aos olhos dos europeus, a tributação é uma questão puramente doméstica que não deve fazer parte de nenhuma discussão comercial”, disse Rizzi. “A tributação é uma linha vermelha para a UE nas discussões comerciais.”

Visões de mundo incompatíveis

Uma questão muito mais ampla entre Washington e Bruxelas parece uma falta fundamental de confiança e alinhamento nas negociações e em seus objetivos.

Jacob Kirkegaard, pesquisador sênior não residente do Instituto Peterson de Economia Internacional, chegou a afirmar que “só há um ponto de discórdia: Trump quer tarifas sobre a UE, e a UE não as aceita”.

Luck, do CSIS, adotou um tom semelhante, sinalizando que, filosoficamente, os EUA e a UE têm visões completamente diferentes ao iniciar as negociações.

“Este governo [americano] vê essas negociações sob a perspectiva de como os parceiros podem fazer concessões para nos ajudar. Eles não veem isso como uma conversa comercial recíproca tradicional, em que damos algo e eles dão algo”, explicou.

A UE tem uma visão muito mais tradicional, disse ele, como demonstrado por sua sugestão de tarifas zero por zero — que enfrentou resistência da Casa Branca.

Os políticos europeus são “pessoas orgulhosas que se consideram em pé de igualdade com os Estados Unidos” e que não podem fazer concessões “constantes”, nem sentem que deveriam fazê-lo, disse Luck.

Haverá um acordo?

Parece improvável que os EUA aceitem um acordo de zero por zero ou um em que as tarifas sejam reduzidas para ambas as partes, disse Luck.

Também é duvidoso que a UE consiga um acordo como o do Reino Unido, que concordou com certas cotas e tarifas em alguns setores críticos.

Isso porque, em primeiro lugar, o bloco provavelmente não aceitaria condições semelhantes às do Reino Unido, acrescentou Luck, mas também “porque este governo [americano] tem reclamações muito maiores, de certa forma fundamentais, sobre a política europeia”.

Ele, no entanto, vê um cenário em que a UE pode concordar com uma tarifa mais baixa, como os 10% atualmente em vigor — mas apenas porque é necessário.

Rizzi também sugeriu que talvez um “acordo limitado que reduza ou congele tarifas em setores específicos” possa acontecer. Mas, observou ele, isso não significa que um acordo amplo seja iminente.

Outros são ainda mais pessimistas.

“Estou muito cético quanto à possibilidade de um acordo”, disse Kirkegaard, que também é membro sênior do Bruegel.

“Acho muito mais provável que, se não houver acordo, a UE retalie e, então, teremos que ver se Trump fará o que fez com a China: que ele retalie novamente, e talvez a UE retalie novamente.”

Ele alertou que a distensão — e um acordo — só serão possíveis quando um certo limiar, muito alto, de sofrimento econômico for atingido.

📌 ONDE ASSISTIR AO MAIOR CANAL DE NEGÓCIOS DO MUNDO NO BRASIL:

🔷 Canal 562 ClaroTV+ | Canal 562 Sky | Canal 592 Vivo | Canal 187 Oi | Operadoras regionais

🔷 TV SINAL ABERTO: parabólicas canal 562

🔷 ONLINE: www.timesbrasil.com.br | YouTube

🔷 FAST Channels: Samsung TV Plus, LG Channels, TCL Channels, Pluto TV, Roku, Soul TV, Zapping | Novos Streamings

Este conteúdo foi fornecido pela CNBC Internacional e a responsabilidade exclusiva pela tradução para o português é do Times Brasil.

Siga o Times Brasil - Licenciado Exclusivo CNBC no

MAIS EM Tarifas do Trump