Por que as tarifas de Trump não aproximarão China e Europa?
Publicado 11/04/2025 • 08:29 | Atualizado há 2 meses
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Publicado 11/04/2025 • 08:29 | Atualizado há 2 meses
KEY POINTS
As bandeiras da União Europeia (E) e da China estão lado a lado na Chancelaria em 20 de junho de 2023 em Berlim, Alemanha.
Sean Gallup | Getty Images News | Getty Images (Reprodução CNBC Internacional)
China e União Europeia provavelmente não se tornarão aliados próximos rapidamente, dizem os analistas, mesmo que as tarifas do presidente dos EUA, Donald Trump, azedem as relações entre a maior economia do mundo e seus aliados transatlânticos, além de Pequim.
“Não vejo a UE e a China se unindo contra os EUA”, disse Max Bergmann, diretor do Programa Europa, Rússia e Eurásia do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS).
Em nível geopolítico, as duas potências podem estar abertas a mais engajamento, mas os confrontos econômicos e questões existentes relacionadas ao comércio e à concorrência são um grande obstáculo, explicou.
“O potencial de alinhamento econômico entre UE e China é limitado, pois ambas são economias voltadas para exportação e, portanto, competidoras ferozes, especialmente nos setores automotivo e de tecnologias limpas”, observou Bergmann.
“Acho que haverá interesse de ambos os lados, mas restrições práticas profundas para ambos. A menos que a China esteja disposta a fazer algumas concessões importantes, acho difícil ver a UE se unindo em torno de uma estratégia de engajamento mais profundo.”
A UE e a China têm uma relação conturbada. Embora a China seja um dos maiores parceiros comerciais da UE, além dos EUA, as relações econômicas entre os dois têm sido historicamente marcadas por investigações e medidas de retaliação ligadas ao comércio.
A UE há muito alega que Pequim subsidia setores-chave como veículos elétricos, baterias e aço e alumínio de maneira prejudicial aos mercados globais e à competitividade. No ano passado, a UE impôs tarifas aos veículos elétricos chineses, como resultado.
Em medidas consideradas retaliatórias, Pequim lançou investigações antidumping sobre exportações da UE de carne suína e conhaque, além de uma investigação antisubsídio sobre produtos lácteos europeus.
E não é apenas o comércio que está causando tensões na relação entre UE e China, disse Carsten Nickel, da Teneo, à CNBC.
Ele acrescentou que há “diferenças fundamentais” entre os dois “independentemente do que está acontecendo com os EUA”.
“Isso tem a ver com questões não resolvidas sobre a capacidade excessiva da China. Tem a ver com desconfianças persistentes no Parlamento Europeu, especialmente em relação à situação dos direitos humanos, e tem a ver com preocupações sobre o apoio da China à Rússia e à Ucrânia”, explicou ele.
Ian Bremmer, fundador e presidente do Eurasia Group, também apontou que há uma “profunda” desconfiança europeia em relação à China em áreas como propriedade intelectual, vigilância tecnológica e política industrial.
Isso “não desaparece com os Estados Unidos se tornando um adversário”, disse ele à CNBC.
Tentativas de aproximação
A China, no entanto, pode tentar aproveitar a oportunidade de laços mais frouxos entre EUA e UE para tentar forjar um vínculo mais próximo com a UE, sugerem analistas.
“A China especialmente verá uma oportunidade de romper a aliança transatlântica e atrair a Europa para mais perto”, disse Bergmann, do CSIS.
Por outro lado, alguns europeus podem estar imaginando “uma estratégia de equilíbrio entre os EUA e a China e talvez conseguir que a China reduza seu apoio à indústria de defesa russa e abra mais sua economia”, acrescentou.
China e UE parecem ter se aproximado recentemente.
Apenas na quinta-feira (10) foi noticiado que ambos estavam planejando estudar a fixação de preços mínimos para veículos elétricos fabricados na China, em substituição às tarifas da UE. Na sexta-feira (11), o primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez se encontrou com o presidente chinês Xi Jinping em Pequim e, depois, pediu uma relação mais equilibrada. O ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, também visitou a Europa no início deste ano, defendendo laços mais próximos e cooperação mais profunda.
No início desta semana, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o primeiro-ministro chinês, Li Qiang, conversaram por telefone — embora a chefe da UE tenha “enfatizado o papel crítico da China em lidar com possíveis desvios comerciais causados pelas tarifas” e instado Pequim a trabalhar por uma solução negociada para os problemas causados pelas tarifas, segundo um comunicado da Comissão Europeia.
A linguagem usada em torno da ligação pelo lado europeu pareceu “mais suave” do que no passado, observou Nickel, da Teneo.
Mudança à vista?
No final das contas, porém, diz Nickel, “o foco está em administrar essa situação muito desafiadora para a economia global”.
“Acho que está bastante claro que isso não significa que os desafios subjacentes na relação europeia com a China desapareceram da noite para o dia”, acrescentou.
A ação tarifária dos EUA pode até tornar as coisas mais difíceis entre China e UE, sugeriu Nickel, pois pode piorar problemas já existentes, como a capacidade excessiva de exportação da China.
Emre Peker e Mujtaba Rahman, do Eurasia Group, ecoaram essa ideia em um comunicado na quinta-feira.
“Desvios comerciais à medida que a guerra tarifária EUA-China se intensifica levarão a Comissão Europeia a implementar rapidamente medidas de salvaguarda para impedir que a China — e outros países — despejem seus produtos no mercado da UE”, disseram eles.
Separadamente, “as tarifas de Trump forçarão Bruxelas a endurecer sua postura comercial contra Pequim além dos esforços atuais para conter os desequilíbrios econômicos com a China que ameaçam as indústrias europeias”, afirmaram os analistas do Eurasia Group.
Ao mesmo tempo, os formuladores de políticas europeus usarão “uma retórica mais branda” em relação à China para evitar o início de uma guerra comercial em duas frentes. “Mas é altamente improvável que isso se traduza em uma cooperação Bruxelas-Pequim contra Washington”, concluíram.
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Este conteúdo foi fornecido pela CNBC Internacional e a responsabilidade exclusiva pela tradução para o português é do Times Brasil.
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