Imagem de um carros em montagem.

CNBC Tarifas de Trump sobre veículos podem reduzir vendas em milhões e gerar custo de US$ 100 bilhões

Tarifas do Trump

Saiba quanto custaria um iPhone “Made in USA”

Publicado 11/04/2025 • 10:28 | Atualizado há 1 dia

CNBC

Redação CNBC

KEY POINTS

  • Defendendo suas “tarifas recíprocas”, a Casa Branca disse nesta semana que o presidente Donald Trump acredita que os EUA têm a força de trabalho e os recursos para fabricar iPhones no país.
  • Analistas que acompanham a empresa dizem que a ideia de um iPhone fabricado nos EUA é, na pior das hipóteses, impossível — e, na melhor das hipóteses, extremamente cara.
  • Um analista estima que, apenas com salários, um iPhone feito nos EUA poderia custar 25% a mais do que custa atualmente. Outro analista estimou o preço em US$ 3.500 (cerca de R$ 20.402).
Um homem verifica um iPhone 16 Pro enquanto os novos smartphones da série iPhone 16 começam a ser vendidos em uma loja da Apple em Pequim, China, em 20 de setembro de 2024.

Um homem verifica um iPhone 16 Pro enquanto os novos smartphones da série iPhone 16 começam a ser vendidos em uma loja da Apple em Pequim, China, em 20 de setembro de 2024.

Florence Lo | Reuters (Reprodução CNBC Internacional)

Quando o presidente Barack Obama perguntou ao falecido CEO da Apple, Steve Jobs, sobre fabricar um iPhone nos EUA, Jobs foi direto.

“Esses empregos não vão voltar”, disse Jobs em um jantar com Obama em 2011.

O presidente dos EUA e o CEO da Apple mudaram, mas a ambição de um iPhone “Made in the USA” permanece.

Defendendo suas “tarifas recíprocas”, a Casa Branca disse nesta semana que o presidente Donald Trump acredita que os EUA têm a força de trabalho e os recursos para construir iPhones no país. Nem o CEO da Apple, Tim Cook, nem qualquer outra pessoa da empresa apoiou essa afirmação, mas analistas que acompanham a empresa dizem que a ideia de um iPhone fabricado nos EUA é, na pior das hipóteses, impossível e, na melhor, extremamente cara.

Como se trata em grande parte de um exercício teórico, há uma ampla variedade de estimativas sobre quanto um iPhone totalmente americano poderia custar.

O analista Wamsi Mohan, do Bank of America Securities, disse em uma nota na quinta-feira (10) que o iPhone 16 Pro, atualmente com preço de US$ 1.199 (cerca de R$ 6.989), poderia subir 25% apenas com base nos custos de mão de obra. Isso o tornaria um dispositivo de aproximadamente US$ 1.500 (R$ 8.744).

Dan Ives, da Wedbush, estimou US$ 3.500 (R$ 20.402) como o preço do iPhone americano logo após o anúncio da tarifa da semana passada, calculando que a Apple precisaria gastar US$ 30 bilhões em três anos para transferir 10% de sua cadeia de suprimentos para os EUA.

Atualmente, a Apple fabrica mais de 80% de seus produtos na China. Esses produtos agora recebem uma taxa de 145% quando são importados para os EUA, após a entrada em vigor das tarifas de Trump nesta semana.

Especialistas dizem que um iPhone “Made in the USA” enfrentaria sérios desafios, desde encontrar e pagar uma força de trabalho americana até os custos de tarifas que a Apple teria ao importar peças para montagem final nos EUA.

Há um amplo consenso entre analistas e observadores do setor de que isso provavelmente não vai acontecer. Wall Street duvida há anos que a Apple fabricaria um iPhone americano. “Não acho que isso seja algo real”, brincou Laura Martin, da Needham, na CNBC esta semana.

“Não é uma realidade que, no prazo de imposição de tarifas, essa mudança de fabricação vá acontecer aqui. É um sonho impossível”, disse Jeff Fieldhack, diretor de pesquisa da Counterpoint Research.

A Apple projeta seus produtos na Califórnia, mas eles são fabricados por empresas contratadas, como a Foxconn, sua principal fornecedora.

Mesmo que a Apple gastasse muito para convencer a Foxconn ou outro parceiro a fabricar alguns iPhones nos EUA, levaria anos para construir as fábricas e instalar as máquinas — e não há garantia de que a política comercial dos EUA não mude novamente, tornando a fábrica inútil.

O maior problema com o iPhone do Tio Sam é que os EUA não têm a mesma força de trabalho que a China — embora o número massivo de trabalhadores necessários para construir iPhones seja um dos atrativos para o governo Trump.

“O exército de milhões e milhões de seres humanos apertando parafusos minúsculos para fazer iPhones — esse tipo de coisa vai chegar à América”, disse o Secretário de Comércio Howard Lutnick à CBS no domingo.

A Foxconn fabrica iPhones e outros produtos da Apple em imensos complexos que incluem dormitórios e transporte. Os trabalhadores frequentemente viajam de regiões próximas para trabalhar na fábrica por períodos curtos, e o número de funcionários aumenta sazonalmente no verão, antes do lançamento dos novos iPhones no outono. Esse sistema bem ajustado ajuda a Apple a produzir mais de 200 milhões de iPhones por ano.

Além disso, a Foxconn foi criticada várias vezes ao longo dos anos por condições de trabalho, incluindo em 2011, quando instalou redes ao redor de alguns prédios após uma onda de suicídios de trabalhadores. Grupos de fiscalização dizem que o trabalho da Foxconn é exaustivo e os funcionários são pressionados a fazer horas extras.

Apesar das condições de trabalho, a Foxconn contratou 50 mil trabalhadores adicionais em sua maior fábrica, em Henan, para produzir iPhones suficientes antes do lançamento dos modelos mais recentes em setembro, segundo a mídia chinesa relatou no outono passado.

Mas os trabalhadores chineses recebem muito menos do que os trabalhadores americanos. O salário por hora durante o pico de produção do iPhone 16 era de 26 yuans, ou US$ 3,63 (cerca de R$ 21,16), com um bônus de assinatura de 7.500 yuans, ou cerca de US$ 1.000 (R$ 5.829), segundo o South China Morning Post. Para comparação, o salário mínimo na Califórnia é de US$ 16,50 (R$ 96,19) por hora.

Mohan, do Bank of America Securities, estimou na quinta-feira (10) que o custo de mão de obra para montar e testar um iPhone nos EUA seria de US$ 200 (R$ 1.165) por aparelho, contra US$ 40 (R$ 233) na China.

O CEO da Apple, Tim Cook, também afirmou que outro problema é que os trabalhadores americanos não têm as habilidades certas. Em uma entrevista de 2017, Cook disse que não há engenheiros de ferramental suficientes nos EUA. Esses engenheiros operam e configuram as máquinas que transformam os sofisticados designs da Apple — que vêm na forma de arquivos digitais — em objetos físicos.

“A razão é a quantidade de habilidade em um só local e o tipo de habilidade”, disse Cook quando questionado em uma conferência por que a Apple faz tanta produção na China.

Uma reunião de engenheiros de ferramental na China poderia preencher “vários campos de futebol”, mas nos EUA, seria difícil encher um, disse Cook.

O esforço mais recente para fazer a Foxconn transferir parte significativa da produção para os EUA foi um fracasso.

Trump anunciou um investimento de US$ 10 bilhões da Foxconn para construir fábricas em Wisconsin em 2017. A Apple nunca foi oficialmente ligada ao projeto da Foxconn em Wisconsin, mas isso não impediu Trump de afirmar que a Apple construiria três “grandes e lindas fábricas” nos EUA.

A Foxconn mudou várias vezes os planos sobre o que a planta de Wisconsin produziria, mas acabou se decidindo por máscaras faciais durante a pandemia — nada relacionado à eletrônica. A planta da Foxconn em Wisconsin foi apresentada como criadora de 13 mil empregos, mas só gerou 1.454 empregos.

Durante a pandemia, os planos para a fábrica foram abandonados e a maior parte da instalação permanece inacabada.

A Apple trabalhou com a Foxconn em 2011 para expandir a produção do iPhone para o Brasil e assim evitar altas tarifas de importação no país. A fábrica continua em operação hoje e vai produzir modelos do iPhone 16 para ajudar a Apple a contornar tarifas dos EUA, segundo relatos recentes da mídia brasileira.

Mas mesmo após a operação da fábrica de US$ 12 bilhões, a maioria dos componentes ainda era importada da Ásia. Em 2015, quatro anos após o anúncio da fábrica, os iPhones fabricados no Brasil custavam o dobro dos feitos na China, segundo a Reuters.

Porém, os esforços recentes da TSMC, principal fabricante de chips da Apple, foram bem-sucedidos. A TSMC agora fabrica pequenas quantidades de chips de ponta em uma nova fábrica no Arizona, e a Apple é cliente comprometida.

Mesmo que os iPhones pudessem ser montados na América, grande parte do que entra em um iPhone vem de países ao redor do mundo, todos sujeitos a tarifas.

A maioria esmagadora das peças de um iPhone é feita na Ásia. O processador é fabricado pela TSMC em Taiwan, a tela é feita por empresas sul-coreanas como LG ou Samsung, e a maioria dos outros componentes é feita na China.

A Apple enfrentaria tarifas sobre a maioria dessas peças, segundo Mohan, do Bank of America Securities, a menos que conseguisse isenções específicas para alguns componentes. Os semicondutores, que estão entre as partes mais valiosas em um iPhone, estão isentos de tarifas no momento.

Na quarta-feira (9), Trump suspendeu por 90 dias a maioria de suas “tarifas recíprocas”, mas se a pausa terminar, um iPhone 16 Pro Max fabricado nos EUA poderia ter um aumento de preço de 91%, devido a tarifas e custos de mão de obra mais altos, escreveu Mohan.

“Embora possa ser possível transferir a montagem final para os EUA, transferir toda a cadeia de suprimentos do iPhone seria uma empreitada muito maior e provavelmente levaria muitos anos, se é que seria possível”, escreveu Mohan.

Embora Jobs tenha descartado totalmente a ideia de um iPhone americano com Obama, Cook não adotou a mesma postura direta.

Em vez disso, Cook liderou a estratégia da Apple de se engajar com Trump, incluindo participar de sua posse em janeiro. A Apple também anunciou que investirá US$ 500 bilhões nos EUA, incluindo a produção de alguns servidores de IA em Houston, Texas. Trump frequentemente cita esse investimento com aprovação.

Durante o primeiro governo Trump, a estratégia de Cook funcionou.

Embora Trump falasse sobre iPhones com as cores da bandeira dos EUA e sobre a Apple construir fábricas no país, a empresa de tecnologia conseguiu isenções temporárias para muitos de seus produtos fabricados na China. Isso significava que a Apple não precisava pagar tarifas sobre dispositivos importantes como o iPhone.

A ofensiva de charme durante o primeiro mandato de Trump culminou no outono de 2019, quando a Apple ampliou seu compromisso de montar o Mac Pro de US$ 3.000 (cerca de R$ 17.488) em uma fábrica da Flex perto de Austin, Texas. Trump visitou a fábrica com Cook.

Antes de a Apple se comprometer com um iPhone vermelho, branco e azul, pode produzir alguns produtos ou acessórios de menor volume nos EUA para agradar Trump, dizem analistas de Wall Street.

“Agora que sabemos que o governo Trump está disposto a negociar, não ficaríamos surpresos se a Apple se comprometesse com alguma produção de pequeno volume nos EUA (HomePod? AirTags?), semelhante ao compromisso de setembro de 2019 de fabricar o novo Mac Pro em Austin, TX, para tentar obter uma isenção”, escreveu o analista Erik Woodring, do Morgan Stanley, em uma nota na quinta-feira (10).

A Apple preferiu não comentar.

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Este conteúdo foi fornecido pela CNBC Internacional e a responsabilidade exclusiva pela tradução para o português é do Times Brasil.

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