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Setores da indústria reagem às tarifas de Trump: veja o que eles dizem
Publicado 30/07/2025 • 20:42 | Atualizado há 18 horas
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Publicado 30/07/2025 • 20:42 | Atualizado há 18 horas
KEY POINTS
Indústria reage à tarifaço.
Pexels
A confirmação das tarifas de 50% impostas sobre produtos importados do Brasil aos EUA trouxe diversas reações do mercado nacional nesta quarta-feira (30). Mais cedo, representantes dos setores de plástico e café manifestaram posicionamentos variados, mas todos torceram pela continuidade das negociações entre os dois países.
Ao longo do dia, outras entidades comerciais — especificamente, Abimci (madeiras processadas), FIERGS e FIESP — também divulgaram notas com seus pareceres, em tons moderados ou críticos à política tarifária imposta por Trump.
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A Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (Abimci) preferir seguir um tom neutro em sua nota, divulgada na noite desta quarta-feira. Nela, a entidade afirma estar avaliando os possíveis impactos do “tarifaço” nas indústrias atendidas por ela.
A saber, a Abimci é uma associação cujas empresas filiadas oferecem produtos como compensados, molduras, painéis, pisos, portas, entre outros. Veja a nota na íntegra:
“Sobre a Ordem Executiva assinada pelo presidente norte-americano, Donald Trump, nesta quarta-feira (30), a Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (Abimci), entidade que representa os diversos segmentos do setor de madeira processada, incluindo compensados, molduras, painéis, pisos, portas, entre outros, informa que está fazendo uma análise detalhada para identificar quais dos segmentos que representa estão incluídos nas possíveis exceções à tarifa de 50% e quais efetivamente serão impactados pela medida.
O documento é extenso e exige análises técnicas aprofundadas. Neste momento, nossas equipes técnicas e jurídicas, tanto no Brasil quanto no exterior, estão examinando minuciosamente os produtos específicos mencionados na Ordem Executiva, as condições para eventuais isenções, os possíveis desdobramentos em relação à investigação da Seção 232.”
A Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS) lamentou a assinatura antecipada das tarifas de Donald Trump, afirmando que, desde o anúncio das taxas de 50% sobre produtos brasileiros, a entidade vem se reunindo com autoridades estaduais e federais, levando dados relacionados à posição da indústria gaúcha e o possível impacto de tais cobranças.
A entidade afirmou enxergar duas opções após essa confirmação: ampliar medidas que minimizem o impacto das tarifas nas indústrias afetadas; ou evitar comportamentos diplomáticos mais voláteis, que possam ampliar o atrito entre os dois países e, consequentemente, levar a medidas retaliatórias ainda mais graves.
Veja a nota completa:
“O Sistema FIERGS lamenta que a decisão do governo americano, de aplicar uma tarifa de 50% sobre as exportações brasileiras para os Estados Unidos, tenha se confirmado. Desde o dia 9 de julho, quando a medida foi anunciada, a entidade, sob a liderança do presidente Claudio Bier, tem feito todos os esforços em relação ao tema.
Reuniões com autoridades estaduais e federais foram realizadas em Porto Alegre e em Brasília. Estudos, documentos e relatos levaram o posicionamento do setor industrial gaúcho e a apreensão com a gravidade do momento. Todas as frentes possíveis de diálogo foram abertas.
Configurado o cenário de adoção da nova tarifa, o Sistema FIERGS passa a priorizar dois encaminhamentos:
O Sistema FIERGS continuará focado e buscando todos os caminhos possíveis em defesa da indústria e do Rio Grande do Sul.”
Já a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) recebeu com pesar a notícia de confirmação das tarifas, mas amenizou o tom ao afirmar que seguirá trabalhando com o governo federal para encontrar vias mais eficazes de reduzir o impacto das empresas. Veja a nota:
“A FIESP lamenta a imposição da tarifa de 50% sobre uma parte das exportações brasileiras para os EUA, sem razões econômicas que a justifique.
Acreditamos que o continuado diálogo entre as autoridades dos dois países levará à eliminação da sobretaxa e ao aproveitamento das inúmeras oportunidades em benefício de nossas populações.
Trabalharemos junto ao Governo Brasileiro para a adoção de medidas eficazes que venham minorar os impactos econômicos para as empresas atingidas.
Federação das Indústrias do Estado de São Paulo – Fiesp”
A Federação das Indústrias do Paraná (FIEP) não teceu opiniões diretas, afirmando que vai aguardar a publicação oficial da medida norte-americana antes de analisar seus potenciais efeitos para a indústria paranaense.
Segundo a entidade, a isenção de diversos itens originalmente previstos para serem incluídos na taxação, então não há como ela determinar qual será o impacto da situação neste primeiro momento. A FIEP, no entanto, defendeu que o governo brasileiro siga buscando uma negociação com os EUA, condenando a possibilidade de reciprocidade de cobranças. Veja a nota:
“Em relação ao decreto do governo dos Estados Unidos assinado nesta quarta-feira (30), que confirma a taxação de 50% sobre produtos exportados pelo Brasil para o mercado norte-americano, a Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) esclarece que está aguardando a publicação oficial do regramento relativo à medida para realizar uma análise aprofundada e averiguar os efeitos para o setor industrial paranaense.
Essa análise detalhada é necessária diante do grande número de itens que, segundo o decreto, ficarão isentos da taxação. A partir disso, será possível verificar quais produtos e setores exportadores do estado serão efetivamente impactados.
A Fiep reforça, ainda, que segue defendendo que o governo federal brasileiro busque uma negociação com os EUA, baseada em critérios diplomáticos, técnicos e comerciais, sem adotar qualquer ação de reciprocidade, para evitar que o setor produtivo do país seja ainda mais prejudicado neste cenário.”
O Times Brasil – Licenciado Exclusivo CNBC noticiou mais cedo a reação dos setores de plásticos e café, frente ao anúncio da cobrança das tarifas de Donald Trump. O decreto assinado nesta quarta-feira atinge diretamente exportações de alto valor agregado, como é o caso das duas indústrias, que têm forte presença no mercado norte-americano.
Em notas divulgadas, a ABIPLAST, a Cecafé e a ABIC manifestaram apreensão à imposição das tarifas, ressaltando a importância de seus negócios no cotidiano do consumidor dos EUA. As três também pediram revisão do percentual incidente, em prol da diplomacia e manutenção das boas relações comerciais entre os dois países.
A Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast) manifestou preocupação com os efeitos da nova tarifa sobre a cadeia produtiva. De acordo com José Ricardo Roriz, presidente do conselho da entidade, até 20% das exportações ligadas ao setor podem ser comprometidas, gerando uma perda estimada entre US$ 1,5 bilhão e US$ 2 bilhões.
“O plástico está presente em 95% do PIB. Vamos sofrer com a queda direta nas exportações e também com o deslocamento de empresas para mercados com acesso livre aos EUA”, afirmou Roriz. Ele alertou ainda para riscos de redução de produção, férias coletivas e cortes de investimento. Em tom crítico, o dirigente responsabilizou a condução da política externa brasileira: “Já sabíamos, desde a campanha, que Trump adotaria essa postura. Mesmo assim, nossa diplomacia foi inoperante.”
O Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) lamentou a inclusão do café na lista de produtos afetados. Em nota assinada pelo presidente do conselho deliberativo, Márcio Ferreira, e pelo diretor-geral, Marcos Matos, a entidade informou que seguirá em diálogo com a National Coffee Association (NCA) para tentar incluir o produto na lista de exceções.
O Brasil responde por mais de 30% do mercado de café dos EUA, enquanto os norte-americanos representam 16% das exportações brasileiras do grão. “A medida pode impactar preços ao consumidor e gerar inflação, com efeito direto sobre a população americana”, alerta a nota. O Cecafé destaca ainda que o café movimenta US$ 343 bilhões por ano nos EUA, representando 1,2% do PIB americano e sustentando mais de 2,2 milhões de empregos.
Já a ABIC seguiu um tom parecido ao de sua congênere, reforçando a participação do café brasileiro no cotidiano estadunidense, e torcendo para que uma solução amistosa seja atingida pela continuidade das negociações.
“Com a ordem executiva assinada hoje, o prazo, para entrada em vigor das tarifas , é colocado
para seis de agosto. Em uma mesa de negociação, todo tempo ganho é válido. O café ainda
não está na lista de exceções, e as negociações estão longe de serem finalizadas, ao contrário,
seguem em curso”, diz trecho da nota.
Outra entidade do setor, a Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA), disse estar preocupada com a confirmação das tarifas incidentes sobre o café, ressaltando que não apenas os EUA são o maior consumidor do produto; mas o Brasil é o seu maior exportador.
A exemplo de suas congêneres, a entidade também reafirmou os números favoráveis dos negócios entre os dois países no ramo cafeeiro, reiterando a “necessidade de diálogo na tentativa de reverter a taxação apresentada ao produto”. Veja a nota:
“A Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA) manifesta preocupação a respeito da confirmação da taxação de 50% sobre os cafés especiais do Brasil a serem importados pelos Estados Unidos, conforme ordem assinada, hoje, 30 de julho, pelo presidente Donald Trump.
Os EUA são o principal mercado importador dos cafés especiais do Brasil, adquirindo aproximadamente 2 milhões de sacas desse produto, a uma receita superior a US$ 550 milhões ao ano.
Tal medida, se mantida, impactará a comunidade do café especial e os segmentos envolvidos com cafés de qualidade em todo o mundo, principalmente o Brasil, como maior fornecedor, e os EUA, maiores consumidores do produto.
É válido recordar que a indústria cafeeira norte-americana emprega mais de 2 milhões de pessoas e movimenta valor superior a US$ 340 bilhões ao ano, o que equivale a 1,2% do PIB dos EUA. E o Brasil é o principal fornecedor do produto a esse mercado.
Nesse sentido, a BSCA, como legítima representante da comunidade do café especial brasileira, reitera a necessidade de diálogo na tentativa de reverter a taxação apresentada ao produto, de forma que sejam preservados empregos, renda e uma parceria construída ao longo de décadas entre os atores das duas nações.
O estabelecimento do diálogo no tocante à importação dos cafés especiais do Brasil por parte dos EUA é essencial para que não sejam prejudicados o setor brasileiro de cafés especiais, a indústria cafeeira e, principalmente, os consumidores norte-americanos.”
Do outro lado da moeda, os setores de petróleo e gás — dois pilares industriais marcados como “isentos” da tarifa assinada por Trump — comemoraram o fato, dizendo que sua escapatória é um “reconhecimento” das relações comerciais bilaterais entre as duas nações. Veja a nota de uma das principais entidades do setor, logo abaixo:
“O Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP) recebeu positivamente a notícia de que o setor de óleo e gás foi formalmente isento da tarifa de 50% aplicada pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. A decisão de isentar energia e produtos energéticos (petróleo bruto, seus derivados e gás natural liquefeito, entre outros) é um reconhecimento da especificidade do mercado de petróleo e seus derivados e da sua importância estratégica no comércio bilateral.
O IBP observa que existe um fluxo relevante não apenas de exportações de petróleo brasileiro, que somaram US$ 2,37 bilhões no primeiro semestre de 2025, mas também de importações de derivados essenciais para o mercado nacional.
A manutenção da competitividade do setor junto ao mercado norte-americano contribui para preservar os fluxos comerciais e os investimentos, mitigando impactos imediatos.”
Texto em atualização.
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