Tarifaço de Trump sobre exportações brasileiras entra em vigor hoje

A partir desta quarta-feira (6), entra em vigor a nova tarifa de importação dos Estados Unidos contra produtos brasileiros. A medida integra uma ordem executiva que declara emergência nacional e impõe sanções comerciais com base na International Emergency Economic Powers Act e na seção 301 do Trade Act.

Segundo o documento oficial, a alíquota adicional de 40% se soma à tarifa-base de 10%, totalizando 50%. A nova taxa afeta diversos setores da indústria brasileira, como aço, alumínio, carnes, têxteis, cerâmica, fertilizantes, máquinas agrícolas, autopeças e componentes eletrônicos.

Produtos que já estiverem em trânsito até 6 de agosto e com previsão de chegada aos EUA até 5 de outubro poderão ser analisados sob regras de transição, ficando isentos da nova cobrança.

No entanto, a medida isenta diversos produtos exportados pelo Brasil aos EUA, como suco de laranja, minérios, aeronaves e petróleo. Ao todo, a lista inclui cerca de 700 itens.

Itens atingidos e isentos

Brasil promete resposta até 18 de agosto

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou na terça-feira (5) que o Itamaraty está coordenando a resposta oficial do Brasil e um posicionamento será apresentado até o dia 18 de agosto. A declaração foi dada durante reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social Sustentável, em Brasília, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Vieira destacou ainda que, após negociações diplomáticas, cerca de 700 produtos foram retirados da lista original de tarifação, entre eles itens estratégicos como aviões, suco de laranja e celulose.

O chanceler também rebateu críticas recentes de Trump ao Judiciário brasileiro, dizendo que “a independência do Poder Judiciário e a integridade das instituições brasileiras não são passíveis de negociação”.

Impacto sobre o Brasil

Para o economista da FGV Nelson Marconi, a imposição da tarifa pode afetar negativamente a balança comercial brasileira, ao elevar preços e reduzir a quantidade exportada.

“Tarifa é preço, é como se fosse uma taxa de câmbio. Isso muda o saldo comercial”, disse em entrevista ao Times Brasil – Licenciado Exclusivo CNBC. Ele também aponta risco de retração na produção doméstica e no nível de atividade econômica do país.

No agronegócio, o coordenador do Insper Agro Global, Marcos Jank, avalia que, apesar da exclusão de produtos como celulose e suco de laranja, cerca de 80% das exportações brasileiras do setor aos EUA continuam expostas à nova tarifação.

Leia também: O prazo final para as tarifas de Trump se aproxima. Confira os países que têm um acordo — e aqueles que não têm

Outros países afetados

Além do Brasil, outras nações foram incluídas no pacote de tarifas. Algumas chegaram a negociar valores menores, enquanto outras ainda tentam chegar a acordos. Veja as listas completas:

Países afetados pela tarifa total:

Países que negociaram tarifas reduzidas:

Países com tarifa provisória (em negociação):

Países que mantiveram a tarifa base:

Esses países não foram afetados pela nova tarifa e seguem com as condições anteriores. Entre eles estão Argentina, Chile, Colômbia, Rússia, Ucrânia, Peru, Paraguai, Uruguai, Arábia Saudita, Austrália e muitos países africanos e asiáticos.

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Cido Coelho

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