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Tarifaço afasta investidor estrangeiro da Bolsa, que deve ter o pior julho em 4 anos
Publicado 27/07/2025 • 12:45 | Atualizado há 5 horas
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Publicado 27/07/2025 • 12:45 | Atualizado há 5 horas
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Pexels.
Investidores aguardam os desdobramentos das negociações tarifárias entre os países afetados pelas taxas de Donald Trump.
Desde que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou no fim da tarde de 9 de julho que pretende impor tarifas de 50% a produtos importados do Brasil, os investidores estrangeiros passaram a retirar recursos da Bolsa brasileira de maneira ininterrupta. Não é para pouco. O Brasil, que estava entre os países com o piso de 10% da política tarifária americana, irá se tornar o país com maior taxa nesta nova rodada de tarifas – se não houver um acordo comercial até 1º de agosto.
Até 17 de julho, foram oito sessões consecutivas de saída de recursos, somando R$ 6,372 bilhões, com acumulado mensal de mais de R$ 5 bilhões negativos e caminhando para ser o pior mês de julho desde 2021, quando havia terminado com saída de R$ 8,250 bilhões em meio à cautela fiscal e política no Brasil.
A avaliação é de que os EUA politizaram a questão tarifária e isso pode dificultar as negociações, com risco de que o Brasil seja um perdedor relativo no movimento global de rotação das carteiras. O imbróglio também pode deixar a política monetária brasileira restritiva por mais tempo do que o imaginado, diante de dúvidas sobre os efeitos na inflação e no crescimento global, afirmam os entrevistados pelo Broadcast.
A tarifa de 50% faz com que o mercado financeiro questione todos os motivos pelos quais a Bolsa brasileira conseguiu atrair fluxo no primeiro semestre de 2025, segundo o estrategista-chefe da Avenue, William Castro Alves. “Agora o Brasil sai como o pior entre todos os países em termos de tarifas, e no curto prazo não vemos uma mudança para melhor, considerando que o governo fala em retaliar”, afirma.
A decisão de Trump de impor tarifas de 50% ao Brasil sugere um componente político e não técnico, pontua o codiretor de gestão da Azimut Brasil Wealth Management, Eduardo Carlier. Do ponto de vista econômico, a tarifa não seria justificada porque os EUA têm superávit comercial em relação ao Brasil. Por isso a diversificação dos ativos por meio do processo mundial de rotação de carteiras, que ganhou força após o anúncio das primeiras tarifas de Donald Trump e beneficiou mercados emergentes como Brasil, pode perder força, acrescenta.
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O economista-chefe do banco BV, Roberto Padovani, menciona que o desempenho da Bolsa brasileira é explicado muito pela tendência de crescimento global, principalmente no que se refere a matérias primas. Mas que, por ora, “o quadro geopolítico tem gerado incerteza”. Como cautela adicional, Padovani relembra que “o fiscal é sempre presente por causa da dívida do governo”.
Os entrevistados também observam maior incerteza sobre o resultado das eleições de 2026, ficando, por ora, descrentes quanto à sustentabilidade fiscal. Desde o anúncio de Trump, pesquisas como Genial/Quaest e Atlas/Bloomberg mostram ganhos de popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“Qualidade do fiscal sugere cautela para desenhar ciclo de quedas dos juros”, observa Carlier. Além disso, o Broadcast mostrou que a tarifa dos EUA pode afetar preços no Brasil de três formas, duas delas inflacionárias.
A Selic elevada – atualmente em 15% ao ano – torna o cenário desfavorável para investimento na Bolsa, pois tende a diminuir o valor das empresas, principalmente das mais endividadas, afirma Padovani.
Esses fatores trazem algum alerta ao fluxo que foi “bem importante” no primeiro semestre e ajudou a sustentar o Ibovespa, ressalta Rodrigo Ashikawa, economista da Principal Asset Management. O Ibovespa recebeu R$ 26,4 bilhões em capital externo no primeiro semestre – o maior fluxo positivo para o período em três anos. Esse resultado contribuiu para uma valorização de 15,44%, o melhor rali da Bolsa em um primeiro semestre desde 2016.
Ruídos como uma eventual demissão do presidente do Federal Reserve (Fed) por Trump, ainda que legalmente quase impossível, também elevam o grau de incerteza e têm reforçado a cautela. “Há uma discussão de interferência de Trump no Fed, e isso gera esses ruídos, apesar de sabermos que o Fed tem uma certa blindagem”, cita Ashikawa.
Outro ponto de atenção é a relação ruidosa entre o Executivo e o Legislativo, sobretudo após o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinar o retorno da vigência do decreto do Executivo que aumentou a alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). “A questão envolvendo o IOF é outro ponto que gera mais incerteza e volatilidade”, afirma o economista da Principal Asset.
Como ainda não se vislumbra uma solução para o imbróglio das tarifas, a expectativa é de volatilidade nos ativos brasileiros, com investidores no “modo São Tomé” – esperar para ver o que acontecerá. “A vontade de diversificar diminuiu, mas não foi embora. Pausa para avaliar os efeitos disso e voltar a incentivar a alocação depois. Ainda tem um componente de valuation interessante e de diversificação”, diz Carlier, da Azimut Brasil.
O Bradesco BBI crava que a Bolsa brasileira tem as ações mais baratas globalmente, portanto com valuation ainda atraente, o que ajuda a manter o Brasil como top pick (principal escolha) da América Latina. A expectativa da casa, segundo relatório, é de que haverá novo rali do Ibovespa no segundo semestre de 2025, conforme o ciclo de flexibilização monetária e as eleições se aproximam.
Para Padovani, se houver sinal claro sobre quando o ciclo de afrouxamento monetário começará, a tendência é que isso favoreça o interesse de investidores para a Bolsa. “Mas tem de olhar para o risco. Será que o risco vai permitir a volta de capital soberano?”, questiona o economista-chefe do BV.
Já Castro, da Avenue, afirma que os principais gatilhos para um eventual retorno do fluxo externo ao Brasil são as eleições de 2026 ou a sinalização de que Brasil e EUA cheguem a algum tipo de acordo tarifário.
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