Novas políticas tarifárias podem estar preparando o terreno para que cibercriminosos apliquem golpes aos consumidores, afirmam especialistas.
Tentativas de fraude podem aparecer na forma de mensagens de texto ou e-mails com “solicitação de pagamento de tarifa”, alegando ser de um varejista, empresa de entregas ou órgão governamental.
O cenário desconhecido e em rápida mudança das políticas tarifárias, juntamente com a pressão econômica, pode criar a “tempestade perfeita para os cibercriminosos”, disse Theresa Payton, CEO da Fortalice Solutions.
Isso ocorre porque as pessoas esperam pagar mais, mas podem não entender completamente como as tarifas funcionam. Alguns compradores podem não questionar uma solicitação de pagamento relacionada a tarifas após uma compra, especialmente porque algumas empresas legítimas adicionam sobretaxas para repassar os custos das tarifas aos consumidores.
“As pessoas não sabem muito sobre tarifas”
Tarifas são impostos sobre bens importados de outros países, pagos pela entidade que os importa. As empresas, por sua vez, frequentemente repassam o custo das tarifas aos consumidores na forma de preços mais altos.
Em abril, o presidente dos EUA, Donald Trump, promulgou tarifas abrangentes com alíquotas variadas, afetando mais de 180 países e territórios. Na semana passada, os EUA e a China fecharam um acordo para suspender temporariamente a maioria das tarifas sobre os produtos um do outro. Os EUA também divulgaram recentemente um acordo comercial com o Reino Unido.
Apesar dos recentes acordos e acordos comerciais, os consumidores ainda enfrentam uma alíquota tarifária média efetiva geral de 17,8%, a mais alta desde 1934, de acordo com um relatório recente do Laboratório de Orçamento de Yale.
James Lee, presidente do Centro de Recursos para Roubo de Identidade, disse que não é incomum que golpistas tomem uma medida governamental — seja um novo programa ou política — e a utilizem como base para um golpe.
Os golpistas “usarão o fato de que as pessoas não sabem muito sobre tarifas”, disse Lee.
A equipe do PreCrime Labs da BforeAI, uma empresa de segurança cibernética, descobriu cerca de 300 registros de domínios de cibercriminosos relacionados a tarifas nos primeiros meses do ano. Alguns disseminam informações enganosas, enquanto outros são golpes financeiros direcionados a empresas e consumidores.
Um site que a empresa encontrou era um domínio de phishing recém-registrado, posicionado para induzir os consumidores a acreditarem que são obrigados a fazer pagamentos a uma entidade governamental legítima.
“É provável que essas solicitações de pagamento sejam disseminadas por meio de campanhas de e-mail ou mensagens com o tema de pagamentos urgentes e pendentes, direcionando as vítimas ao site fraudulento, onde suas ações resultarão em perdas financeiras”, observaram os pesquisadores.
Alguns pedidos de pagamento de pacotes são reais
Existem alguns casos em que os consumidores podem pagar legitimamente por produtos adquiridos em outro país, como taxas alfandegárias. Às vezes, a Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA cobra dos consumidores uma taxa de processamento para liberar um produto importado.
“Isso não é comum, mas também não é incomum”, disse Lee. “Depende muito do que é e de onde vem.”
Alguns consumidores também relataram recentemente ter recebido solicitações de pagamento legítimas de transportadoras após uma compra para receber suas remessas, relata o Washington Post.
Algumas transportadoras atuam como importadoras registradas, o que significa que são responsáveis por quaisquer taxas, impostos e taxas aplicadas à entrega, disse Bernie Hart, vice-presidente de alfândega da Flexport, uma empresa de logística.
Se a transportadora não tiver cobrado essas taxas adicionais pelo produto antecipadamente, ela cobrará do consumidor final esses custos adicionais por meio de uma fatura subsequente, disse ele.
Essa tática pode não durar, pois cria muitos inconvenientes tanto para as empresas quanto para os compradores, disse Hart: “Não é bom para ninguém nesse processo dar uma fatura surpresa a alguém.”
Sinais de alerta de fraude tarifária
É fácil para qualquer pessoa ser vítima de um esquema fraudulento, disse Ruth Susswein, diretora de proteção ao consumidor da Consumer Action.
Se as políticas tarifárias continuarem instáveis por mais tempo, os criminosos terão mais tempo para elaborar ataques sofisticados contra os consumidores, disse Lee, do ITRC.
Sua principal prioridade é evitar compartilhar informações pessoais, como números de Seguro Social, dados bancários ou credenciais de login de contas, especialmente sob o pretexto de “processamento tarifário”, disse Payton.
Aqui estão três sinais de alerta aos quais você deve ficar atento, de acordo com especialistas em golpes:
1. Mensagens não solicitadas e urgentes
E-mails, mensagens de texto ou anúncios em redes sociais prometendo “alívio tarifário”, “cupons”, “isenções” ou ofertas urgentes como “pague agora para evitar tarifas” são provavelmente golpes, disse Payton.
Varejistas legítimos não só dificilmente incentivam táticas de evasão tarifária, como também a urgência visa pressionar os consumidores a aceitar, disse ela.
Também questione ligações, e-mails ou mensagens de texto não solicitados sobre um pacote retido nos Correios devido a uma taxa não paga, disse Lee.
Se você receber uma solicitação de pagamento de taxas ou impostos de importação sobre uma compra, procure o formulário 7501, que é um documento oficial do governo que detalha a importação, disse Hart.
2. Links de sites suspeitos, e-mails
Golpistas criam sites, e-mails e números de telefone falsos para imitar varejistas ou agências governamentais, disse Payton. Se receber uma mensagem, verifique se há erros de ortografia e URLs ou endereços de e-mail que não correspondam aos da suposta empresa ou entidade — por exemplo, uma mensagem de um “funcionário do governo dos EUA” que não seja de um e-mail ponto-gov.
Você pode usar ferramentas como o WHOIS, um banco de dados que armazena informações sobre nomes de domínio e endereços IP registrados, para autenticar o site e confirmar os detalhes do registro, disse ela.
3. Falta de transparência
Lojistas respeitáveis indicariam claramente as taxas relacionadas a tarifas no caixa e forneceriam informações de contato para consultas, disse Payton. Caso contrário, a “falta de transparência é um sinal de alerta”.
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Este conteúdo foi fornecido pela CNBC
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