Trump diz que EUA estão ’em uma guerra comercial com a China’

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta quarta-feira (15) que o país está “em uma guerra comercial com a China” e defendeu o uso de tarifas como ferramenta central de política e defesa nacional. Durante coletiva de imprensa no Salão Oval da Casa Branca, o republicano argumentou que “sem tarifas, não temos segurança nacional” e disse que “elas são o que nos protege de nos tornarmos irrelevantes no cenário global”.

“Se não tivéssemos tarifas, estaríamos expostos, seríamos um nada. Elas são uma ferramenta muito importante para nossa defesa, para nossa segurança nacional”, afirmou.

Trump também relatou que chegou a ameaçar aplicar uma tarifa de 200% sobre Irã e Paquistão para conter uma escalada militar entre os dois países.

“Durante uma conversa, eu disse: ‘Se forem à guerra, vou impor uma tarifa de 200% e proibir qualquer negócio nos Estados Unidos’. Disse isso aos dois. Em 24 horas, a guerra acabou. Teria sido uma guerra nuclear”, relatou.

Tarifas como instrumento de poder global

O presidente declarou que as tarifas são “mais do que uma questão de dinheiro”, mas um instrumento de poder político e de paz internacional.

“Elas nos tornam muito ricos, mas o mais importante é o poder de manter a paz. Sem tarifas, teríamos guerras em várias partes do mundo”, afirmou.

Trump destacou que, segundo ele, as tarifas ajudaram a encerrar cinco ou seis dos sete conflitos recentes e que “sem elas, o mundo estaria em guerra”.

“Com exceção da Rússia, não temos guerras por aí. E fizemos muitos amigos também”, completou.

O republicano afirmou que o caso das tarifas que tramita na Suprema Corte será “um dos mais importantes da história americana”.

“Se perdermos, seremos uma bagunça financeira, talvez até uma nação insustentável. Mas se vencermos, seremos o país mais poderoso economicamente do mundo”, disse, criticando os que “por anos deixaram os EUA vulneráveis”.

Trump citou ainda acordos bilaterais com Japão, Coreia do Sul e União Europeia, alegando que a adoção de tarifas “equilibrou o jogo” com os parceiros comerciais.

“A União Europeia não aceitava nossos carros, enquanto enviava milhões de BMWs e Mercedes. Agora, eles nos pagam US$ 650 bilhões. Japão e Coreia também. Sem tarifas, não teríamos segurança nacional nem financeira”, declarou.

Corrida tecnológica

Trump afirmou ainda que os Estados Unidos estão “muito à frente da China em inteligência artificial”, ressaltando a disputa tecnológica entre as duas maiores economias do mundo. A fala ocorre em meio à intensificação das restrições de Washington a chips e softwares avançados, e após a China anunciar limites à exportação de terras raras, insumo essencial para a indústria de tecnologia.

“Estamos dominando a China em IA. Essa é a tecnologia do futuro. Dizem que é a nova internet”, declarou o republicano.

Índia, Rússia e Ucrânia

Na mesma coletiva, Trump disse que o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, se comprometeu a reduzir gradualmente as compras de petróleo russo, destacando o papel do país asiático nos esforços para encerrar a guerra na Ucrânia.

“Modi é uma ótima pessoa. Ele me ama. Ele me disse que a Índia não pode parar imediatamente de comprar petróleo russo. Isso será gradual”, afirmou.

O presidente acrescentou que, se a Índia interromper as importações de petróleo da Rússia, haverá “mais chances de acabar com a guerra na Ucrânia”. Ele também afirmou que a “profunda animosidade” entre Vladimir Putin e Volodmir Zelenski tem impedido avanços nas negociações de paz, enquanto o governo americano “analisa opções” sobre um pedido de Kiev para uma nova ofensiva militar.

Gaza e política interna

Trump comentou ainda a situação em Gaza, dizendo que “os reféns vivos foram todos devolvidos pelo Hamas” e que o grupo estaria “retirando corpos de escombros”. Segundo ele, o Hamas “concordou em entregar armas”, mas advertiu: “Se não o fizerem, nós faremos isso por eles”. O presidente, contudo, descartou qualquer envolvimento direto do Exército americano na região.

Por fim, ao tratar do impasse orçamentário que mantém o governo federal paralisado, Trump afirmou que “os programas democratas que não gostamos serão permanentemente encerrados com o shutdown”, sem detalhar quais medidas seriam afetadas.

Chico Fireman

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