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Trump diz a Zelensky que Putin quer mais terras ucranianas; especialista vê com ceticismo acordo territorial

Publicado 16/08/2025 • 18:55 | Atualizado há 58 minutos

Da redação com Reuters

KEY POINTS

  • Trump afirmou que a Ucrânia precisa aceitar um acordo com a Rússia para encerrar a guerra, após reunião com Putin, que teria exigido mais território ucraniano.
  • Trump teria informado Zelensky que Putin ofereceu encerrar a guerra em troca da rendição total de Donetsk pela Ucrânia.
  • Zelensky reafirmou que não pode ceder territórios sem mudar a Constituição ucraniana.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse no sábado que a Ucrânia precisa chegar a um acordo para encerrar a guerra com a Rússia porque “a Rússia é uma potência muito grande, e eles (os ucranianos) não são”, após a reunião com o presidente russo Vladimir Putin, que, segundo relatos, estaria exigindo mais território ucraniano. As informações são da agência de notícias inglesa Reuters.

Após o encontro entre Trump e Putin no Alasca, na sexta-feira (15), segundo a agência, uma fonte próxima disse que o presidente americano informou ao seu homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, que Putin havia oferecido parar os combates na maioria das frentes se Kiev cedesse totalmente a região de Donetsk, área industrial e um dos principais alvos de Moscou.

A fonte acrescentou que Zelensky recusou a proposta. A Rússia já controla um quinto do território ucraniano, incluindo cerca de três quartos de Donetsk, região em que entrou pela primeira vez em 2014.

Trump também afirmou ter concordado com Putin sobre a necessidade de buscar um acordo de paz sem antes estabelecer um cessar-fogo, como exigem a Ucrânia e seus aliados europeus, até aqui com apoio dos EUA.

Conflito Europeu


Em entrevista ao Jornal Times Brasil Exclusivo CNBC, o professor Valdir da Silva Bezerra, mestre em Relações Internacionais pela Universidade de São Petersburgo e especialista em política russa, afirmou que vê com ceticismo a resolução de conflitos pela possibilidade de a Ucrânia ceder territórios pelo fim da guerra.

“Tem um caso muito importante para a gente analisar nesse momento que são as diferenças a respeito do status territorial da Ucrânia. Por quê? Em dezembro de 2022, o Volodymyr Zelensky acabou anunciando 10 pontos que ele considerava fundamentais para se chegar a uma negociação de paz com a Rússia. E entre esses dez pontos estava o reconhecimento das fronteiras internacionalmente reconhecidas da Ucrânia. O que isso quer dizer? A Ucrânia não tem a disposição de abrir mão de nenhum território. E essa posição da Ucrânia é uma posição que recebe o apoio dos países europeus”, afirmou.

Segundo ele, no próximo encontro entre Zelensky e Trump, a questão territorial virá à tona. “Para uma resolução do conflito, a gente vai precisar ter um acordo quadrilateral, ou seja, não é somente entre Estados Unidos e Rússia, mas entre Estados Unidos, Rússia, Ucrânia e potências europeias que estão diretamente interessadas na resolução do conflito. Afinal de contas, o conflito é no continente europeu”.

Bezerra ainda vê que o entrave pode ser maior. “A aquisição desses territórios em setembro de 2022, ou seja, Donetsk, Lugansk, Zakorozhye e Kherson, foi anunciada com bastante pompa pela Rússia naquele momento. Então, na minha interpretação, eu não acredito que a Rússia vá abrir mão dessas duas últimas regiões em favor do reconhecimento de seu controle apenas sobre Donetsk e sobre Lugansk”, diz.

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Encontro na segunda-feira

Zelensky disse que se reunirá com Trump em Washington na segunda-feira (18). Os aliados europeus de Kiev acolheram os esforços de Trump, mas prometeram seguir apoiando a Ucrânia e endurecer sanções contra a Rússia.

Trump e Putin se reuniram por quase três horas no Alasca, na primeira cúpula EUA–Rússia desde a invasão em larga escala da Ucrânia, em fevereiro de 2022.

No Truth Social, Trump escreveu: “Todos concluíram que a melhor maneira de encerrar a terrível guerra entre Rússia e Ucrânia é avançar diretamente para um acordo de paz, que realmente encerre a guerra, e não apenas um cessar-fogo, que muitas vezes não se sustenta.

Trump: “Estamos muito próximos de um acordo, mas a Ucrânia precisa aceitar”

As falas de Trump coincidem, em grande parte, com as posições de Moscou, que diz buscar uma solução definitiva, não uma trégua temporária. Mas o impasse segue porque os lados permanecem “totalmente opostos”.

As forças russas avançam gradualmente há meses. Analistas estimam que o conflito mais sangrento da Europa em 80 anos já matou ou feriu mais de um milhão de pessoas dos dois lados, incluindo milhares de civis, a maioria ucranianos.

Antes da cúpula, Trump havia dito que só ficaria satisfeito com um cessar-fogo. Depois, em conversa com Zelensky, declarou: “Se tudo correr bem, vamos marcar um encontro com o presidente Putin.”

Essas conversas lembram a reunião no Salão Oval, em fevereiro, quando Trump e seu vice, JD Vance, repreenderam publicamente Zelensky.

Putin, no entanto, não sinalizou nenhuma mudança na posição russa nem mencionou encontro com Zelensky ao falar à imprensa. Seu assessor, Yuri Ushakov, disse à agência TASS que não houve discussão sobre uma cúpula trilateral. A posição de Moscou inclui vetar a entrada da Ucrânia na OTAN.

Em entrevista à Fox News, Trump disse ter discutido com Putin a possibilidade de troca de territórios e garantias de segurança para a Ucrânia. “Acho que esses são pontos de negociação e estamos, em grande parte, de acordo sobre eles. Estamos muito próximos de um acordo, mas a Ucrânia precisa aceitar. Talvez digam não.”

Questionado sobre o conselho a Zelensky, Trump respondeu: “É preciso chegar a um acordo. Veja, a Rússia é muito grande e eles não são.”

Necessidade de garantias de segurança para a Ucrânia

Zelensky reafirmou que não pode ceder territórios sem mudar a Constituição ucraniana. Para Kiev, cidades fortificadas de Donetsk, como Sloviansk e Kramatorsk, são barreiras contra o avanço russo.

Ele também destacou a necessidade de garantias de segurança para que a Rússia não volte a atacar no futuro. Segundo Zelensky, Trump mostrou “sinais positivos” de que os EUA poderiam desempenhar um papel nesse sentido. “A Ucrânia precisa de paz duradoura, não apenas de mais uma pausa entre invasões russas”, disse.

O primeiro-ministro canadense, Mark Carney, elogiou a disposição de Trump em oferecer garantias de segurança à Ucrânia. “Essas garantias são essenciais para qualquer paz justa e duradoura”, afirmou.

Putin, que rejeita forças de paz estrangeiras, disse concordar com Trump sobre a importância de “garantir” a segurança ucraniana. “Espero que o entendimento a que chegamos nos aproxime da paz na Ucrânia”, declarou.

Para Putin, apenas sentar com o presidente americano já representou uma vitória, ele estava isolado desde o início da guerra e, há apenas uma semana, havia sido alvo de novas ameaças de sanções por parte de Trump.

‘1 a 0 para Putin’

De volta a Washington, Trump conversou com líderes europeus. O premiê britânico Keir Starmer disse que o fim da guerra nunca esteve tão próximo, graças a Trump, mas acrescentou: “Enquanto Putin mantiver sua agressão brutal, continuaremos a apertar o cerco à sua máquina de guerra com mais sanções.”

“Do ponto de vista simbólico, foi uma reunião muito importante, sim, para a liderança russa, para o Vladimir Putin em particular, mas que, na prática, não teve os resultados que muitas pessoas esperavam”, diz o professor Valdir da Silva Bezerra, sobre Putin ter sido recebido como chefe de estado após anos de quase isolamento na gestão do presidente Joe Biden.

Um comunicado europeu reforçou: “A Ucrânia precisa de garantias de segurança firmes para defender sua soberania e integridade territorial”, rejeitando qualquer restrição às forças armadas ucranianas ou ao direito de buscar adesão à OTAN, exigências rejeitadas por Moscou.

O diplomata alemão Wolfgang Ischinger escreveu no X: “Putin recebeu tapete vermelho de Trump, e Trump não conseguiu nada. Como temíamos: sem cessar-fogo, sem paz. Resultado: 1 a 0 claramente para Putin. Para os ucranianos: nada. Para a Europa: enorme decepção.”

Enquanto isso, Rússia e Ucrânia trocaram ataques aéreos durante a noite, em mais um episódio da guerra que já dura três anos e meio.

Trump também disse à Fox que vai adiar tarifas contra a China por comprar petróleo russo, mas pode “ter que repensar” em duas ou três semanas.

Encerrando a cúpula, Trump disse a Putin: “Quero agradecer muito, falaremos em breve e provavelmente nos veremos novamente muito em breve.”

Putin, sorrindo e em inglês, respondeu: “Da próxima vez em Moscou.”

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