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Publicado 17/11/2024 • 08:44 | Atualizado há 14 horas
KEY POINTS
Xi Jinping, presidente da China
O presidente da China, Xi Jinping, afirmou no sábado (16) que está pronto para trabalhar com o futuro governo de Donald Trump. A declaração foi dada durante seu último encontro com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, realizado em Lima.
“A China está pronta para trabalhar com a nova administração americana para manter a comunicação, expandir a cooperação e gerenciar as diferenças”, disse Xi.
Biden, por sua vez, defendeu que a rivalidade entre as duas potências não deve se transformar em “conflito”.
Os presidentes se reuniram em um hotel na capital do Peru, ao final de uma cúpula do fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec), marcada pela preocupação com os planos protecionistas de Trump.
A dois meses de o bilionário republicano assumir novamente a Casa Branca, o líder chinês garantiu a Biden que “se empenhará para assegurar uma transição tranquila”.
O objetivo de manter “uma relação estável, saudável e sustentável entre China e Estados Unidos permanece o mesmo”, acrescentou Xi.
Biden destacou, por sua vez, que, apesar das diferenças com Xi, os dois sempre mantiveram respeito mútuo. “Somos a relação mais importante do mundo, e a maneira como nos relacionamos pode impactar o restante do planeta.”
Ambos os líderes participarão da cúpula do G20 nos dias 18 e 19 de novembro no Rio de Janeiro.
Durante a cúpula da Apec em Lima, os dois presidentes anteciparam que o retorno de Trump marcaria um período de mudanças e turbulências.
O presidente eleito ameaçou aumentar as tarifas sobre todas as exportações para os Estados Unidos, as da China para até 60% e as do México – seu principal parceiro comercial – para 25%.
Durante seu primeiro mandato (2017-2021), o republicano alimentou a guerra comercial entre as duas superpotências, que, no entanto, estabeleceram uma trégua em janeiro de 2020.
Com Trump à frente da maior potência econômica e militar do mundo, a Apec, composta por 21 economias que representam 60% do PIB global, teme ser enfraquecida.
Nesse contexto, Xi Jinping exortou neste sábado seus parceiros a enfrentarem o crescente “protecionismo” com “união e cooperação”. Ele enfatizou a importância de defender o multilateralismo, a abertura econômica e a busca pela integração.
Sem mencionar Trump diretamente, o presidente chileno, Gabriel Boric, também pediu neste sábado que seus aliados estejam “mais unidos do que nunca” para enfrentar a “ameaça do isolacionismo e da negação da crise climática que alguns promovem”.
Resta saber “se os Estados Unidos sairão da Apec com Trump e até que ponto isso seria um golpe significativo para o livre comércio na Bacia do Pacífico”, disse à AFP Jorge Heine, ex-embaixador do Chile na China.
O fórum Apec, do qual também fazem parte Chile, Japão, Coreia do Sul, Canadá, Austrália, Indonésia e México, assinou 11 declarações em áreas como energia, segurança alimentar, saúde, mineração e finanças, segundo a presidente peruana, Dina Boluarte.
A cúpula em Lima foi dominada pelo nervosismo gerado pelo retorno do ex-presidente Trump, especialmente nas relações entre Estados Unidos e China.
Há apenas um ano, Washington e Pequim flexibilizaram a relação durante a reunião de cúpula da Apec em San Francisco, depois que alcançaram acordos antidrogas e para melhorar a comunicação militar.
“Se você alcança um acordo com Biden, ele provavelmente cumprirá. O problema com Trump é que, como ele mesmo se orgulha, ele é imprevisível”, afirmou à AFP o analista peruano de asssuntos internacionais, Farid Kahhat.
O próximo mandato do republicano também provoca dúvidas sobre as alianças dos Estados Unidos.
“Chegamos a um momento de mudança política significativa”, disse Biden na sexta-feira em seu encontro com os líderes do Japão e da Coreia do Sul em Lima.
O presidente americano aspira blindar esta coalizão para enfrentar a Coreia do Norte e sua ameaça nuclear.
Ele anunciou que dotará a aliança de uma secretaria, com o objetivo de que cumpra sua “esperança e expectativa” de que dure.
Ao mesmo tempo, ele fez um alerta sobre a “cooperação perigosa e desestabilizadora” da Coreia do Norte com a Rússia.
Pyongyang apoia o governo de Vladimir Putin – ausente da cúpula da Apec – com tropas para lutar contra a Ucrânia.
Trump afirma que deseja acabar com as guerras na Ucrânia e no Oriente Médio, “não porque é um pacifista ou acredita em uma solução justa dos conflitos (…) e sim porque acredita que os Estados Unidos não devem dedicar mais recursos a elas”, afirma o analista peruano.
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