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Como agem pais de crianças resilientes? Psicóloga responde

Publicado 13/11/2024 • 09:49 | Atualizado há 5 dias

CNBC

Redação CNBC

KEY POINTS

  • Resiliência não é apenas a capacidade de se recuperar de decepções e perdas.
  • Trata-se de um conjunto de características que os pais podem ensinar e cultivar em seus filhos.
  • A doutora Tovah P. Klein, professora de Psicologia no Barnard College, escreveu um texto sobre características que ela observou de pais de crianças resilientes.
Foto de uma família

Foto de uma família

Reprodução Pexels

A doutora Tovah P. Klein é professora de psicologia no Barnard College, universidade em Nova York, e diretora do Centro de Desenvolvimento Infantil da instituição. Ela é autora dos livros Como Crianças Pequenas Prosperam e Criando Resiliência.

Veja abaixo um texto dela sobre características que ela observou de pais de crianças resilientes

Resiliência não é apenas a capacidade de se recuperar de decepções e perdas, ou de se adaptar a mudanças, sejam elas grandes ou pequenas.

Eu trabalho com crianças e seus pais há mais de 30 anos, e passei a entender a resiliência com mais nuances. Trata-se de um conjunto de características que os pais podem ensinar e cultivar em seus filhos.

Muitas vezes, as pessoas acreditam que nós nos tornamos resilientes ao enfrentar adversidades. Superar dificuldades pode dar força, mas não é preciso passar tragédias para atingir esse fim.

Existem outras maneiras de ajudar as crianças a se tornarem pessoas independentes, engenhosas e afetuosas, capazes de lidar com os altos e baixos da vida e prosperar. Aqui estão sete passos que você pode adotar regularmente para criar filhos resilientes:

1. Mantenha-se firme para ajudá-los a se estabilizar

Haverá momentos em que você será envolvido pelo emocional do seu filho criança ou adolescente, e isso não é recomendável. Observe o que está acontecendo e recupere seu equilíbrio. Tenha em mente que: Você é o adulto do ambiente.

  • A criança não está contra você.
  • Os momentos difíceis não vão durar para sempre.
  • Você precisa se manter sensato; seu filho precisa de você.

    Ao lembrar que você pode lidar com a situação, você conseguirá ajudar seu filho. Sua firmeza vai ajudá-lo a se estabilizar também.

2. Crie rotinas

O dia a dia é cheio de mudanças, cada uma delas trazendo um pouco de incerteza, o que pode desestabilizar e gerar estresse.

Uma rotina definida torna essas mudanças mais previsíveis, proporciona uma sensação de controle e ajuda a criança a ser mais independente. Ela começa a pensar: “Eu sei o que vem a seguir. Eu sei o que é esperado de mim. Eu posso fazer isso.”

Quanto mais rotinas existem, mais as pessoas se sentem estáveis.

Se seu filho tenta pendurar o casaco no mesmo gancho todos os dias, eventualmente ele conseguirá fazer isso sozinho. O mesmo acontece se houver um lugar específico para o dever de casa após o lanche da tarde, ou se as roupas estiverem prontas para facilitar que ele se vista pela manhã.

Essas rotinas diárias oferecem estabilidade e são uma preparação para transformações maiores, sejam elas planejadas, com mudança de casa, escola nova, primeiro emprego; ou inesperadas, como a perda de um ente querido ou uma situação de emergência.

3. Deixe seu filho saber que você confia nele

Quando você demonstra que confia na capacidade do seu filho, ele aprende a confiar em si mesmo, mesmo em situações difíceis.

Pergunte a si mesmo:

  • “Meu filho pode lidar com esse desafio?”
  • “Está tudo bem ele sentir frustração?”
  • “Confio que ele possa resolver isso?”

Dar espaço para que a criança tente resolver um problema usando suas próprias ideias e recursos permite que ela se teste e ganhe confiança para tentar novamente.

4. Lembre-se: sentimentos negativos são necessários

Aprender a regular as emoções é o segredo para construir resiliência. Para dar a seus filhos essa ferramenta poderosa, ajude-os a lidar com sentimentos difíceis.

Quando uma criança vivencia emoções negativas e não é menosprezada ou punida, ela aprende a sentir, aceitar e superar esses sentimentos.

Pode ser difícil, como pai ou mãe, permitir que seu filho fique chateado. Se você sentir que sua função é fazê-lo feliz o tempo todo, lidar com as emoções negativas será ainda mais desafiador. Você pode acabar sentindo que falhou. 

Em vez disso, ajude seu filho a aceitar sentimentos difíceis, certificando-o que todas as emoções são normais e que ele é amado, não importa o que aconteça. Assim, ele aprenderá a vivenciar, processar e, eventualmente, superar diferentes emoções.

5. Seja coerente e gentil, o máximo que puder

As crianças veem, sentem e absorvem suas ações. Se você modela um comportamento coerente, gentil e compassivo, elas aprendem a tratar os outros da mesma maneira.

Converse com elas, imponha limites e dê espaço para questionarem dentro do possível. Isso as ensina a tratar os outros com respeito. Quando você é severo ou inflexível, elas aprendem a usar as mesmas táticas para conseguir o que querem.

Quando as crianças estão com dificuldades, gritando ou sendo grosseiras (ou seja, fazendo birras) manter a calma e agir com gentileza tem um efeito mais eficaz. Saber que você está ao lado, pronto para ajudar se ela pedir, dá a segurança de que precisa para tentar.

6. Peça desculpas, repare e reconecte-se

Ninguém é perfeito, e você não deve esperar ser. Relações resilientes são sobre conexão, confiança e, às vezes, rupturas desconfortáveis. Às vezes, você vai perder o controle, e isso pode assustar uma criança, mesmo um adolescente.

Fazer as pazes com um pedido de desculpas sincero e assumir sua responsabilidade é essencial. Seja honesto e direto:

  • “Desculpe por ter gritado assim.”
  • “Peço desculpas. Eu não deveria ter feito isso.”
  • “Desculpe por não ter escutado antes.”

Essa responsabilidade traz alívio para a criança e serve de exemplo sobre como lidar com a raiva e rupturas em outras relações.

7. Seja o amortecedor para proteger seu filho da ansiedade

No dia a dia, ao construir sua relação com o filho, você cria um amortecedor para quando surgirem dificuldades inevitáveis.

Se crises acontecerem, a sua capacidade de manter sua própria ansiedade sob controle vai permitir que você ofereça apoio e orientação, ensinando seu filho a se regular por conta própria.

Essa proteção ajuda a prevenir os impactos negativos a longo prazo do estresse, traumas ou desafios da vida. Em outras palavras, é uma forma de torná-los mais resilientes.

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