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Voa Brasil: política pública ou marketing de reeleição?
Publicado 29/07/2025 • 17:21 | Atualizado há 1 dia
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Publicado 29/07/2025 • 17:21 | Atualizado há 1 dia
Imagem de um avião da Embraer
Pixabay
Um ano após o lançamento, o Voa Brasil acumula 45 mil passagens emitidas — de um total prometido de 3 milhões, adesão ao programa foi de apenas 1,5%. Mas os números revelam mais do que o fracasso de adesão: revelam para onde voaram os poucos que voaram.
Os destinos mais procurados foram São Paulo (12.771 passagens), Rio de Janeiro (3.673) e Recife (3.509), seguidos de Brasília, Fortaleza, Salvador e João Pessoa. Ao todo, 87 aeroportos foram utilizados, e as regiões Sudeste e Nordeste concentraram 83% das reservas. A capital paulista aparece como principal origem e destino de quase todos os trechos movimentados, especialmente nas rotas para o Nordeste.
O perfil do beneficiário: aposentado do INSS que não viajou de avião nos últimos 12 meses — um critério autodeclarado, sem verificação técnica possível.
O Voa Brasil nasceu com uma promessa fácil: passagens aéreas a R$ 200. Mas o programa não partiu de um problema real diagnosticado — apenas de uma imagem simpática: aposentados embarcando felizes rumo ao lazer, ao reencontro ou ao turismo. A política pública, porém, não pode ser guiada por emoção. Ela precisa ser guiada por dados.
Não houve pesquisa pública que sustentasse a escolha dos aposentados como grupo-alvo prioritário. Tampouco se discutiu por que a aviação comercial seria o foco de inclusão, e não transporte terrestre regional, conectividade rural ou outros déficits muito mais graves.
Leia mais artigos da coluna No Radar de Alberto Ajzental
Não há sistema confiável no Brasil para verificar se um cidadão viajou ou não de avião no último ano. A ANAC não registra passageiros por CPF. As empresas aéreas não compartilham esses dados entre si nem com o governo. Ou seja: o critério que define quem pode participar do programa não pode ser verificado de forma consistente. Isso enfraquece o controle, abre brecha para uso indevido e corrói a credibilidade da iniciativa.
Além disso, mesmo com a passagem barata, o aposentado continua arcando com os custos colaterais: deslocamento até o aeroporto, hospedagem, alimentação. Para muitos, a barreira não é o bilhete — é a viagem como um todo.
A opção por aposentados do INSS parece menos uma escolha técnica e mais uma escolha política. É um grupo numeroso, bem identificado e sensível à comunicação do governo. Mas não há dados que indiquem ser o grupo mais prejudicado pelo déficit de mobilidade. Muito menos que colocar esse grupo em aviões seria a melhor forma de usar os recursos — ainda que simbólicos — do Estado.
Políticas públicas sérias partem de diagnóstico, definem metas, têm critérios verificáveis, promovem impacto social claro e se abrem à avaliação. O Voa Brasil não fez nada disso. Nasceu sem base empírica, foi anunciado várias vezes sem sair do papel, e quando saiu, não decolou.
A diferença entre gestão pública e marketing eleitoral está em quem se beneficia com o resultado: o cidadão ou o governante?
O Voa Brasil movimentou manchetes, mas não moveu o setor aéreo. As 45 mil passagens emitidas em um ano representam 0,045% do total de passageiros domésticos transportados no mesmo período. O programa não democratizou nada, não conectou regiões, não reduziu desigualdade. Foi, antes, uma peça publicitária de um governo que parece mais interessado em imagem do que em transformação.
E o pior: ao tentar “voar” com uma política sem lastro, desperdiça-se capital político, confiança pública e a oportunidade de resolver problemas reais. Nesse ritmo, o programa pode até continuar existindo. Mas só como símbolo de algo que não decolou.
E o Brasil segue. E La nave va.
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