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PF indicia Jair e Eduardo Bolsonaro por coação na ação penal do golpe; passaporte de Malafaia é retido

Publicado 20/08/2025 • 19:29 | Atualizado há 3 horas

da Redação

KEY POINTS

  • A Polícia Federal indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro e o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) por crimes de coação no curso do processo e obstrução de investigação de organização criminosa no âmbito da ação penal que apura a tentativa de golpe de Estado. O indiciamento foi formalizado em relatório entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF).

A Polícia Federal indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro e o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) por crimes de coação e “tentativa de abolição do estado democrático”, no âmbito da ação penal que apura a tentativa de golpe de Estado. O indiciamento foi formalizado em relatório entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF).

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Atuação internacional e sanções dos EUA

Segundo o documento, Eduardo Bolsonaro atuou nos Estados Unidos para pressionar o governo Trump a adotar sanções contra ministros do STF, da Procuradoria-Geral da República e da Polícia Federal, sob a narrativa de perseguição política ao pai. Postagens em inglês e contatos com autoridades americanas teriam influenciado a decisão dos EUA de aplicar tarifas de 50% sobre produtos brasileiros em julho deste ano.

As investigações apontam que Eduardo condicionava a retirada dessas sanções à aprovação de uma “anistia ampla, geral e irrestrita” no Brasil, além da responsabilização de ministros da Suprema Corte.

Troca de mensagens revela articulação

A PF teve acesso a trocas de mensagens em um celular apreendido com Jair Bolsonaro. Segundo o relatório, o material demonstra que o ex-presidente fez “intensa produção e propagação de mensagens destinadas às redes sociais, em afronta à medida cautelar anteriormente imposta“.

As mensagens mostram que, entre 7 e 17 de julho de 2025, Jair Bolsonaro e Eduardo Bolsonaro atuaram de forma coordenada para obter apoio do governo dos Estados Unidos e pressionar autoridades brasileiras. O objetivo, segundo os investigadores, não seria apenas buscar anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2022, mas assegurar a impunidade do ex-presidente em processos por tentativa de golpe de Estado e Abolição Violenta do Estado Democrático de Direito.

Em 7 de julho, Eduardo escreve ao pai: “Se a anistia light passar, a última ajuda vinda dos EUA terá sido o post do Trump. Eles não irão mais ajudar”. Em outra mensagem, ele reforça a prioridade: “Temos que decidir entre ajudar o Brasil, brecar o STF e resgatar a democracia OU enviar o pessoal que esteve num protesto que evoluiu para uma baderna para casa num semiaberto”.

No mesmo diálogo, o deputado alerta para os riscos da perda de apoio externo: “Neste cenário você não teria mais amparo dos EUA, o que conseguimos a duras penas aqui. Tire do cálculo o apoio dos EUA, qual estratégia você tem para atingir qual objetivo? É simples”.

Dois dias depois, em 9 de julho, data do anúncio da tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, Eduardo envia nova mensagem: “Quase meia noite no Brasil e ele postou de novo”, referindo-se a Donald Trump. Mais tarde, pede ao pai: “Me dá o ok, para eu enviar para a imprensa”, ao apresentar um rascunho de nota em nome de Jair Bolsonaro.

No dia 10 de julho, após chamadas de vídeo com o pai, Eduardo recomenda uma publicação de agradecimento a Trump: “O cara mais poderoso do mundo está a seu favor. Fizemos a nossa parte”. Ele ainda alerta: “Vc não vai ter tempo de reverter se o cara daqui virar as costas para você. Aqui é tudo muito melindroso, qualquer coisinha afeta”.

As mensagens revelam também tentativas de afastar outros interlocutores do cenário político. Em 11 de julho, diante da atuação do governador Tarcísio de Freitas junto à diplomacia americana, Eduardo avisa: “Só eu e Paulo Figueiredo temos acesso [à Casa Branca]”. Em seguida, critica: “Tarcísio nunca te ajudou em nada no STF. Sempre esteve de braço cruzado vendo você se fuder e se aquecendo para 2026”.

Ainda nesse contexto, Eduardo relata: “Aqui nos EUA tivemos que driblar a ideia plantada pelos aliados dele, de que ‘Tarcísio = Bolsonaro’. Uma clara mensagem de que os EUA não precisariam entrar nesta briga, pois com TF ou você, Trump teria um aliado em 2027”.

As trocas prosseguem nos dias seguintes. Em 15 de julho, o deputado adianta: “Magnitsky no Moraes está muito muito próxima”, em referência à possibilidade de sanções internacionais contra o ministro Alexandre de Moraes.

No dia 17, véspera da apreensão dos celulares, Eduardo volta a insistir: “E claro, agradeça publicamente o Trump”. Jair Bolsonaro, então, publica um vídeo de agradecimento, que o filho edita e reapresenta com legendas em português e inglês.

O conjunto de mensagens, segundo a investigação, mostra que os dois não apenas tinham conhecimento prévio das sanções impostas pelo governo americano, como também atuaram de forma coordenada para manipular a opinião pública no Brasil. A estratégia envolvia a difusão de notas oficiais e postagens, sempre com a narrativa de que as medidas eram neutras e unilaterais, ocultando a articulação direta para coagir o STF e o Congresso.

Transferência de recursos

O relatório também identificou que Jair Bolsonaro transferiu cerca de R$ 2 milhões via Pix para o filho, valores arrecadados em campanhas de apoiadores no Brasil. As mensagens analisadas indicam que o ex-presidente estava ciente e alinhado às ações de Eduardo no exterior, inclusive participando da elaboração de discursos e notas públicas para legitimar a ofensiva.

Pedido de asilo

Uma minuta encontrada no celular do ex-presidente Jair Bolsonaro revela que ele chegou a redigir um pedido formal de asilo político à Argentina. No documento, Bolsonaro afirma se considerar vítima de “perseguição política” no Brasil, alegando temer por sua vida e a possibilidade de sofrer um “novo atentado político”.

O texto sustenta que o ex-presidente estaria na iminência de ter sua prisão decretada “de forma injusta, ilegal, arbitrária e inconstitucional” pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A minuta cita tratados internacionais de direitos humanos, como a Convenção de Caracas de 1954, o Pacto de São José da Costa Rica e a Declaração Universal dos Direitos Humanos, para fundamentar o pedido em “regime de urgência”.

Segundo a Polícia Federal, esse rascunho foi identificado na última página de um arquivo no celular de Bolsonaro e foi destacado nos autos da investigação. A última edição foi feita 2 meses antes do ex-presidente pedir ao STF autorização para visitar a Argentina.

Conclusão da PF

Para os investigadores, houve uma estratégia coordenada entre Jair e Eduardo Bolsonaro para coagir autoridades e interferir no curso das investigações, utilizando inclusive a política externa e medidas econômicas internacionais como forma de pressão. O relatório confirma indícios de autoria e materialidade dos crimes de coação e obstrução de Justiça.

Passaporte de Silas Malafaia é detido

A Polícia Federal cumpriu, na noite desta quarta-feira (20), mandado de busca pessoal e de apreensão de celulares contra o pastor Silas Malafaia no Aeroporto Internacional do Galeão, no Rio de Janeiro. A medida foi determinada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no âmbito da Petição nº 14.129, que investiga tentativa de obstrução de Justiça ligada à ação penal do golpe de Estado.

Medidas cautelares impostas

Além da apreensão de aparelhos eletrônicos, Malafaia foi submetido a restrições judiciais, entre elas:

  • retenção de passaporte
  • proibição de deixar o território nacional;
  • proibição de manter contato com outros investigados no processo.

Abordagem no aeroporto

O pastor desembarcava de um voo vindo de Lisboa quando foi abordado por agentes federais. Após a ação, ele foi conduzido às dependências do aeroporto para prestar depoimento à PF.

Mensagem mostra que Malafaia combinou com Bolsonaro publicação sobre sanções

Segundo o documento, Silas Malafaia avisou Jair Bolsonaro “de forma antecipada que iria postar em suas redes sociais vídeo em que defenderia as sanções contra autoridades públicas. A forma previamente ajustada de ação, em sintonia com os objetivos dos demais investigados, demonstra aderência subjetiva do líder religioso ao intento criminoso. Referida estratégia consistiria na utilização da posição de autoridade de Silas Malafaia perante seu público para propagar atos de coação contra ministros do STF.”

PGR vê atuação coordenada

A Procuradoria-Geral da República (PGR) apoiou o pedido feito pela PF ao Supremo. Em parecer assinado pelo procurador-geral Paulo Gonet, consta que conversas e publicações analisadas indicam que Malafaia teria atuado como “orientador e auxiliar” nas ações de coação e obstrução atribuídas ao ex-presidente Jair Bolsonaro e ao deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP).

“Impõe-se concluir que estão associados no propósito comum, bem como nas práticas dele resultantes, de interferir ilicitamente no curso e no desfecho da Ação Penal nº 2668, em que o ex-presidente figura como réu”, escreveu Gonet.

Notícia em atualização.

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