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Tarifas do Trump

Setor de calçados corta lucros, reduz produção e dá férias para sobreviver ao tarifaço

Publicado 16/09/2025 • 08:46 | Atualizado há 4 horas

KEY POINTS

  • Tarifa de 50% dos EUA já provoca cancelamento de pedidos e retração nas exportações brasileiras.
  • Importações de calçados chineses crescem mais de 40% em volume em agosto.
  • Setor cobra medidas de proteção ao emprego além do crédito do Plano Brasil Soberano.

As exportações brasileiras de calçados começaram a sentir os efeitos da tarifa adicional de 50% imposta pelos Estados Unidos. Em agosto, houve retração de 17,6% no número de pares enviados ao mercado norte-americano em relação ao mesmo mês de 2024.

O resultado refletiou uma perda imediata de competitividade. Parte dos embarques foi mantida devido à antecipação de pedidos antes da vigência integral da medida (dia 6 de agosto), mas a Abicalçados alerta que os efeitos mais graves virão a partir de setembro, quando a tarifa terá incidido sobre todo o mês.

De acordo com levantamento da entidade, 73% das empresas relataram queda de faturamento, 60% tiveram pedidos cancelados e outro grupo de 60% suspendeu negociações. Metade das companhias impactadas concedeu descontos médios de 15% para tentar preservar relações comerciais de longo prazo. Algumas chegaram a dar férias a trabalhadores, aguardando maior clareza sobre o cenário.

Resta saber se o mercado interno vai sofrer com aumento nos preços para compensar os descontos.

Exportações em queda

No geral, as exportações de calçados somaram 7,64 milhões de pares em agosto, que renderam US$ 77 milhões. Isso representou queda de 0,5% em volume e 9,1% em receita em relação a 2024.

No acumulado dos oito primeiros meses do ano, o setor embarcou 67,52 milhões de pares, gerando US$ 651,1 milhões. Houve crescimento de 5,7% em volume, mas queda de 0,6% em faturamento.

Os Estados Unidos seguem como principal destino, representando mais de 20% das exportações. Em agosto, foram enviados 803,7 mil pares, equivalentes a US$ 21,4 milhões. No acumulado do ano, porém, ainda havia crescimento de 10,7% em volume e 5,8% em receita em relação a 2024.

Outros mercados tiveram desempenho positivo. A Argentina importou 1,63 milhão de pares em agosto (+68% em volume e +11,6% em receita). O Paraguai também registrou crescimento, com 876,9 mil pares (+41,4% em volume e +23,5% em receita).

Entre os estados exportadores, o Rio Grande do Sul lidera com 21,4 milhões de pares e US$ 315 milhões no acumulado, seguido pelo Ceará (21,33 milhões de pares, US$ 127,7 milhões) e São Paulo (4,73 milhões de pares, US$ 68,2 milhões).

Avanço das importações

Enquanto as exportações caem, as importações aumentam. Em agosto, entraram no Brasil 3,55 milhões de pares, avaliados em US$ 49,27 milhões — altas de 23% em volume e 18,4% em receita em relação a 2024.

O movimento é puxado principalmente pela China. Apenas em agosto, foram importados 492 mil pares chineses (+41,5%), somando US$ 3,7 milhões (+67,2%). No acumulado do ano, já são 8,45 milhões de pares, um avanço de 9% em volume e 14,1% em valor.

Segundo a Abicalçados, o redirecionamento de excedentes chineses — diante da tarifa de 30% imposta pelos EUA ao país — vem desequilibrando o mercado brasileiro, pressionando a indústria nacional.

Reação ao Plano Brasil Soberano

O governo federal anunciou linhas de crédito do BNDES, no valor total de R$ 30 bilhões, para apoiar empresas que tenham pelo menos 5% do faturamento dependente dos EUA. As taxas partem de 0,58% ao mês, mas exigem manutenção de empregos a partir do quinto mês.

Para o presidente-executivo da Abicalçados, Haroldo Ferreira, o apoio ajuda, mas não resolve. “Uma empresa que perde seu principal mercado internacional não consegue manter empregos apenas com mais dívidas, mesmo a juros menores”, afirmou.

Por isso, o setor apresentou ao vice-presidente e ministro Geraldo Alckmin propostas adicionais, como a suspensão temporária de contratos de trabalho, prorrogação de jornadas reduzidas e pagamento de auxílio compensatório pela União, proporcional ao seguro-desemprego. As medidas estão sob análise do Ministério do Trabalho e Emprego.

Próximos passos

A indústria calçadista, que emprega diretamente 290 mil pessoas, vê os próximos meses como decisivos. O efeito pleno da tarifa dos EUA será sentido a partir de setembro, ao mesmo tempo em que cresce a pressão da concorrência chinesa no mercado interno.

Sem medidas adicionais de proteção ao emprego, a avaliação é de que parte das empresas pode não resistir à combinação de retração das exportações e avanço das importações, em um setor marcado pela alta intensidade de mão de obra.

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