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Abuso em preços de acomodações expõe o risco de exclusão de diversos grupos na COP30
Publicado 23/09/2025 • 15:50 | Atualizado há 2 meses
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Publicado 23/09/2025 • 15:50 | Atualizado há 2 meses
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Foto: Rogério Vieira
Ana Bavon: advogada e estrategista especializada em governança social, impacto corporativo e responsabilidade institucional. Foto: Rogério Vieira
À medida que se aproxima a COP30, marcada para novembro em Belém (PA), cresce a preocupação com os preços das acomodações na cidade. Hotéis e pousadas estão cobrando valores até 15 vezes acima da média, o que ameaça inviabilizar a presença de lideranças indígenas, quilombolas, jovens ativistas e organizações da sociedade civil.
O governo tenta combater os preços abusivos com ações jurídicas e diálogo com redes hoteleiras e plataformas. Hotels.com e Airbnb passaram a bloquear anúncios considerados abusivos e a emitir alertas quando os valores ultrapassam a média de mercado, após recomendações da Defensoria Pública do Pará, Ministério Público, Procon e OAB. Apesar do esforço, permanece o risco de não haver “brasileiros” na COP.
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Para a advogada e especialista em ESG Ana Bavon, a escalada de preços compromete não apenas a logística, mas a essência do evento. “Decidir sobre a Amazônia sem a Amazônia — sem povos indígenas, quilombolas, mulheres negras da região e juventudes periféricas — é reproduzir a mesma lógica de exclusão que alimenta a crise climática. O resultado é um evento que fala de justiça climática sem praticar justiça social”, afirma.
Quando questionadas, as autoridades reforçam o caráter simbólico de sediar a COP30 no coração da Amazônia. Mas especialistas lembram que o simbolismo não basta. A legitimidade do encontro depende da capacidade de assegurar condições reais para a diversidade de vozes, especialmente as que vivem os impactos diretos da crise climática.
A inflação local de 5,48% em 12 meses, acima da média nacional de 4,65%, pressiona ainda mais os custos em Belém. Para Bavon, a exclusão de grupos-chave fragiliza a legitimidade da conferência e pode gerar um passivo reputacional para o Brasil, que corre o risco de ser visto como um anfitrião incoerente — transformando a floresta em vitrine, mas fechando portas para quem dela depende.
A especialista defende medidas como cotas de hospedagem subsidiada, fundos de mobilidade para comunidades locais, parcerias com redes de hospedagem comunitária, incentivos fiscais para pequenos negócios de pessoas negras e indígenas e regulação de preços. “Incluir é governar”, resume.
Ela lembra que a exclusão não é apenas logística: compromete a credibilidade do Brasil nas negociações climáticas e pode afetar até mesmo a atração de investimentos internacionais em projetos ESG.
Experiências anteriores mostram os riscos de ignorar esse aspecto. Na COP27, no Egito, os altos custos limitaram a presença de vozes africanas, prejudicando a legitimidade do encontro. Já em Paris, na COP21, fundos foram criados para ampliar a participação do Sul Global, mas falhas de acessibilidade local persistiram.
Bavon reforça que governança é antecipar riscos: “Estabelecer tetos regulatórios, incentivar pequenos negócios e monitorar o mercado não é intervenção excessiva, é responsabilidade institucional para que a COP30 não se transforme em um espaço elitizado”.
O secretário-executivo do UNFCCC, Simon Stiell, anunciou em agosto a revisão da Diária das Nações Unidas (DSA) para Belém, que passou de US$ 144 para US$ 197, destinada a 144 países em desenvolvimento. A medida ajuda delegações internacionais, mas ainda deixa em aberto a questão central: e os grupos brasileiros? Terão condições de estar na COP30?
Além da exclusão, há temor quanto ao turismo desordenado e à superlotação. Belém já convive com limitações de saneamento, mobilidade e moradia, que podem ser agravadas pela chegada massiva de visitantes.
“São populações periféricas, majoritariamente negras e indígenas, que acabam arcando com os custos sociais invisíveis do evento. Sustentabilidade não pode ser avaliada apenas em termos ambientais, precisa incluir justiça social”, aponta Bavon.
Se não forem tomadas medidas concretas, a COP30 corre o risco de se transformar em símbolo de “climatismo vazio”, reforçando contradições históricas. Mas, se houver políticas que assegurem diversidade e inclusão, o Brasil poderá mostrar que seu maior ativo não é apenas a floresta, mas a capacidade de conduzir uma transição climática com equidade.
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