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Trump estabelece ligação não comprovada entre autismo e uso de Tylenol durante a gravidez
Publicado 23/09/2025 • 08:57 | Atualizado há 4 horas
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Publicado 23/09/2025 • 08:57 | Atualizado há 4 horas
KEY POINTS
Foto: MARK SCHIEFELBEIN/ASSOCIATED PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Donald Trump
O governo Trump estabeleceu uma ligação não comprovada entre o autismo e o uso de acetaminofeno por mulheres grávidas, o ingrediente ativo de um dos analgésicos de venda livre mais comuns do mundo, o Kenvue, Tylenol.
O presidente Donald Trump afirmou que a Food and Drug Administration (FDA) emitirá um aviso médico sobre os riscos do uso de acetaminofeno durante a gravidez, exceto em casos de febre. A agência também iniciará o processo de alteração da bula de segurança do Tylenol e de produtos semelhantes.
As medidas entram em choque com a maior parte da literatura científica, que sugere não haver relação causal entre autismo e exposição ao acetaminofeno no útero.
Muitos medicamentos vendidos sem prescrição contêm acetaminofeno, mas o Tylenol é amplamente considerado o tratamento mais seguro para aliviar dor e febre na gravidez, desde que a paciente siga a dosagem recomendada.
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“Tomar Tylenol não é bom”, disse Trump em entrevista coletiva. “Eles estão recomendando fortemente que as mulheres limitem o uso do Tylenol na gravidez, a menos que seja realmente necessário. Por exemplo, em casos de febre muito alta, quando você sente que não consegue suportar.”
O Departamento de Saúde e Serviços Humanos (HHS) vai incentivar médicos a “usarem seu melhor julgamento” quanto ao uso do acetaminofeno durante a gravidez, prescrevendo “a menor dose eficaz pelo menor tempo possível e apenas quando o tratamento for realmente necessário”, declarou o secretário Robert F. Kennedy Jr.
Kennedy acrescentou que o HHS lançará uma campanha nacional para informar pacientes sobre o suposto risco.
Em nota, a Kenvue declarou acreditar em “ciência independente e consistente”, ressaltando que não há evidência de que o acetaminofeno cause autismo. A empresa disse “discordar fortemente de qualquer sugestão contrária” e demonstrou preocupação com os riscos que isso pode gerar para gestantes. Sem a droga como opção, alertou a Kenvue, mulheres poderiam enfrentar condições como febre, potencialmente prejudiciais para mãe e bebê, ou recorrer a alternativas mais arriscadas.
Segundo a Society for Maternal-Fetal Medicine, febre e dor não tratadas durante a gravidez podem trazer riscos como aborto espontâneo, malformações e hipertensão.
O comissário da FDA, Marty Makary, afirmou que tratar febre “pode prolongar a duração de doenças em crianças pequenas”, citando estudo da Johns Hopkins sem dar mais detalhes. “Talvez isso aconteça porque a febre é uma forma natural do corpo combater uma infecção”, disse.
Trump, em várias ocasiões durante a coletiva, afirmou que “não há desvantagem” em não tomar Tylenol durante a gravidez ou na primeira infância.
Na mesma segunda-feira, a FDA aprovou o uso da leucovorina, um medicamento menos conhecido, para tratar autismo, anunciou o administrador dos Centers for Medicare & Medicaid Services, Dr. Mehmet Oz.
A agência atualizou a bula da leucovorina para a deficiência de folato cerebral, condição associada ao autismo, segundo o HHS. Isso permitirá que crianças com autismo recebam o tratamento, que poderá ser mantido caso apresentem avanços em linguagem, habilidades sociais ou adaptativas.
O HHS ressaltou, no entanto, que a leucovorina não é uma cura para o autismo, podendo apenas melhorar déficits de fala em parte das crianças com o transtorno. Programas estaduais de Medicaid poderão custear o medicamento após a atualização da bula. O NIH também iniciará estudos clínicos para confirmar a eficácia e a segurança da substância.
A leucovorina é uma forma de folato (vitamina B9), usada para reduzir efeitos colaterais de alguns medicamentos, como quimioterápicos, e para tratar deficiência dessa vitamina. Ensaios clínicos preliminares sugerem que o uso oral da leucovorina, também chamada de ácido folínico, pode melhorar sintomas em crianças com transtorno do espectro autista (TEA).
O Wall Street Journal informou que a FDA chegou a publicar um comunicado anunciando a aprovação de uma versão da leucovorina antes produzida pela GSK. Horas depois, porém, o site do Federal Register informou que recebeu um pedido da própria agência para retirar o comunicado.
A GSK disse que não pretende comercializar o medicamento, que entre 1983 e 1999 foi vendido sob o nome Wellcovorin. Hoje, o produto está disponível apenas em versões genéricas. Segundo a empresa, a mudança na bula permitirá que os genéricos acrescentem a aprovação para autismo em seus rótulos.
O acetaminofeno é o tratamento mais recente colocado em xeque por Robert F. Kennedy Jr. à frente do HHS, que supervisiona as agências federais de saúde. Kennedy também tem promovido mudanças na política de vacinas dos EUA e amplificado alegações falsas contra imunizantes de tecnologia mRNA.
Kennedy fez do autismo uma prioridade no HHS, prometendo em abril que até setembro a agência “saberá o que causou a epidemia de autismo” e eliminará exposições. Ele disse que a pasta lançou um “esforço massivo de testes e pesquisas” com centenas de cientistas em todo o mundo para identificar a causa.
Grande parte da comunidade científica defende que o autismo resulta de uma combinação complexa de fatores genéticos e ambientais, tornando improvável que o aumento dos diagnósticos seja consequência de uma única causa.
Kennedy afirmou esperar que nos próximos anos o HHS faça vários anúncios sobre as causas do autismo e “possíveis caminhos de prevenção e reversão”. Ele reconheceu que o transtorno envolve múltiplos fatores e disse que as investigações continuam, incluindo vacinas.
“Uma área que estamos examinando de perto… algo entre 40% e 70% das mães de crianças com autismo acreditam que seus filhos foram prejudicados por vacinas”, disse Kennedy. “O presidente Trump acredita que devemos ouvir essas mães em vez de desqualificá-las, como fizeram administrações anteriores.”
Pesquisas extensas já desmentiram a ligação entre vacinas e autismo — uma alegação defendida por Kennedy e outros críticos da imunização há anos.
O Washington Post noticiou na sexta-feira que o governo Trump revisava estudos anteriores sugerindo ligação entre uso de acetaminofeno na gravidez e risco aumentado de autismo. Isso incluiu uma revisão publicada em agosto por pesquisadores do Mount Sinai e de Harvard, que analisaram 46 estudos e apontaram associação entre exposição ao medicamento e maior risco de distúrbios do neurodesenvolvimento, como autismo e transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH).
A revisão indicou que a associação é mais forte quando o uso de acetaminofeno se estende por quatro semanas ou mais, segundo o coautor Dr. Andrea Baccarelli, reitor da Harvard T.H. Chan School of Public Health. O trabalho foi financiado por uma bolsa do National Institutes of Health (NIH).
“Essa evidência biológica dá suporte à possibilidade de uma relação causal entre a exposição pré-natal ao acetaminofeno e distúrbios do neurodesenvolvimento, incluindo autismo”, disse Baccarelli, acrescentando que mais pesquisas são necessárias para confirmar a associação.
Apesar disso, o médico afirmou que o acetaminofeno continua sendo uma ferramenta essencial para gestantes e seus médicos, já que é o único medicamento aprovado para dor e febre durante a gravidez.
Outros estudos robustos, como um publicado no ano passado no Journal of the American Medical Association, não encontraram ligação entre o uso de acetaminofeno na gravidez e autismo, TDAH ou deficiência intelectual. Esse estudo analisou os registros médicos de 2,5 milhões de crianças na Suécia.
Antes do anúncio, o site da FDA ainda afirmava não haver “evidência clara” de que o uso apropriado de acetaminofeno na gravidez cause “desfechos adversos de gestação, parto, comportamento ou desenvolvimento”. O Colégio Americano de Obstetras e Ginecologistas mantém a recomendação de que o medicamento é seguro durante a gravidez, desde que usado conforme orientação médica.
Alguns pais chegaram a mover ações judiciais alegando que tiveram filhos autistas após o uso do analgésico, mas um juiz federal em Manhattan decidiu, em 2023, que as alegações careciam de evidências científicas. O processo foi encerrado em 2024.
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Este conteúdo foi fornecido pela CNBC Internacional e a responsabilidade exclusiva pela tradução para o português é do Times Brasil.
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