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Economia Brasileira

Câmbio, endividamento e capacidade ociosa entram no debate do aumento da isenção do IR

Publicado 05/10/2025 • 14:54 | Atualizado há 5 horas

KEY POINTS

  • Comprar pelo valor de face a tese de que a ampliação da isenção do Imposto de Renda (IR) para salários até R$ 5 mil mensais vai afetar a demanda, com repercussão na inflação e consequente eventual mudança no plano de voo do Comitê de Política Monetária (Copom), pode não ser uma boa aposta.
  • Segundo economistas, há pelo menos três bons motivos para assegurar que a questão é muito mais complexa: câmbio apreciado, elevado endividamento das famílias e capacidade ociosa da indústria.

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Imagem de planilha e calculadora

Comprar pelo valor de face a tese de que a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda (IR) para salários de até R$ 5 mil mensais vai aumentar a demanda, com impacto na inflação e possível mudança no plano de voo do Comitê de Política Monetária (Copom), pode não ser uma boa aposta.

Segundo economistas ouvidos pelo Broadcast, há pelo menos três bons motivos para afirmar que a questão é bem mais complexa: câmbio apreciado, elevado endividamento das famílias e capacidade ociosa da indústria.

Em primeiro lugar, explica o economista-chefe da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Igor Rocha, a medida deve ser analisada sob a ótica da reorganização tributária, já que ele vê a ampliação da isenção como uma iniciativa de justiça fiscal.

Outro ponto de vital importância, pelo menos neste momento, segundo Rocha, é o efeito cambial. O câmbio, diz ele, é o fator que tem ditado o comportamento dos preços. Mesmo com o nível de desemprego mais baixo da história — no trimestre encerrado em agosto, a taxa caiu a 5,6% —, a inflação tem desacelerado. E isso, afirma, se explica pelo elevado diferencial de juros a favor do Brasil, que continua entre as maiores taxas do mundo.

“Se o dólar continuar cedendo, tende a compensar as pressões de inflação. E a isenção até R$ 5 mil tem que ser vista pela ótica da reorganização tributária. Fica uma economia, em tese, mais eficiente. Que ela tende a aquecer a atividade econômica, isso é verdade. Mas o que vejo hoje é que o câmbio está jogando muito mais a favor da redução da inflação do que, propriamente dito, as questões relativas à demanda”, analisou o economista Igor Rocha, chefe do Departamento Econômico da Fiesp.

Na visão de Rocha, a despeito da massa salarial bater recorde atrás de recorde, a inflação segue em queda. “O juro aumentou, mas um fator que está jogando mais no sentido de trazer essa inflação para baixo hoje é o efeito câmbio — sobretudo em alimentos, que têm uma sensibilidade maior ao aumento de demanda decorrente, por exemplo, do melhor poder aquisitivo das famílias proporcionado pela isenção até R$ 5 mil”, afirmou.

Para o economista André Perfeito, fundador da André Perfeito Consultoria Econômica (APCE), a relação entre o aumento da isenção e o crescimento da demanda não deverá ser tão intensa quanto alguns analistas têm sugerido, devido ao alto endividamento das famílias.

“Eu não compro pelo valor de face essa tese, porque você tem um nível de endividamento das famílias muito elevado; elas estão alavancadas. Então, não sei o quanto disso vai se transformar em demanda efetiva em termos agregados”, observou.

De acordo com os dois economistas, mesmo que o excedente de renda seja direcionado ao consumo, o setor produtivo tem condições de ampliar a oferta. A ociosidade da capacidade instalada da indústria, por exemplo, poderia amortecer o impacto da isenção sobre a demanda e a inflação.

O Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci) da indústria de transformação paulista, segundo a Fiesp, está em 79,4% — o que indica ociosidade de 20,6 pontos percentuais da capacidade produtiva.

No setor de máquinas e equipamentos, conforme dados divulgados pela Abimaq, o Nuci de agosto ficou em 78,8%, apontando ociosidade de 21,2 pontos percentuais.

A carteira de pedidos da indústria de máquinas e equipamentos, que havia crescido 2,1% em julho de 2025, recuou 2,5% em agosto. Houve piora na maioria dos segmentos, especialmente nas áreas de máquinas agrícolas e máquinas para a indústria de transformação. Ou seja, há espaço para aumentar a oferta e atender a um eventual avanço da demanda.

Imposto de Renda.
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil.
Aplicato da Receita Federal.

“Existe ociosidade em alguns setores, e isso pode abrir espaço para ampliar a oferta e aliviar a pressão sobre a demanda. Agora, a preocupação é o mercado de trabalho continuar muito apertado e isso pressionar os salários em termos reais. Talvez o salário pare de subir, e a pessoa passe a ganhar mais por conta da isenção do IR. Eu não daria de barato que toda essa isenção vá virar demanda automática, não”, previu Perfeito.

Outro indicador que reforça a baixa atividade industrial paulista é o Sensor, que em setembro fechou em 49,6 pontos. Em relação a agosto, houve alta de 2,7 pontos, mas o índice ainda está 1,4 ponto abaixo do nível registrado em setembro de 2024 (51,0 pontos). Segundo a Fiesp, apesar da leve recuperação mensal, o indicador permanece abaixo dos 50 pontos, sinalizando percepção de contração da atividade industrial.

As vendas marcaram 50,3 pontos em setembro, 3,5 acima de agosto, mas 1 ponto abaixo do mesmo mês do ano anterior. Já os estoques encerraram o mês em 49,0 pontos, com alta de 5,5 pontos na comparação com agosto, ainda abaixo da linha divisória dos 50 pontos.

Por essas e outras razões, Rocha avalia que o Banco Central não deve alterar seu plano de voo, mantendo a postura de cautela e a estratégia de aguardar os efeitos completos do aperto monetário sobre a economia.

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