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França mergulha em nova crise política e não há perspectiva imediata para saída
Publicado 07/10/2025 • 06:56 | Atualizado há 5 horas
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França mergulha em nova crise política e não há perspectiva imediata para saída
Publicado 07/10/2025 • 06:56 | Atualizado há 5 horas
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Miguel Medina/POOL/ AFP
O presidente francês, Emmanuel Macron, discursa durante uma cerimônia que marca o 81º aniversário da libertação de Bormes-les-Mimosas durante a Segunda Guerra Mundial, no sudeste da França, neste domingo (17).
O presidente francês Emmanuel Macron enfrenta mais um enorme desafio político após a surpreendente renúncia do primeiro-ministro Sébastien Lecornu, que permaneceu apenas 27 dias no cargo.
O ex-ministro da Defesa e aliado de longa data de Macron deixou o posto na segunda-feira (6), antes mesmo de apresentar o plano de governo. Ele afirmou não conseguir liderar a gestão de centro-direita minoritária, depois que negociações com partidos rivais mostraram que eles não estavam dispostos a ceder em relação às próprias demandas orçamentárias e políticas.
“Cada partido político está se comportando como se tivesse sua própria maioria no Parlamento”, disse Lecornu, acrescentando que “as condições não estavam reunidas” para continuar no cargo, segundo tradução do canal France 24.
A crise política em que a França se encontra é, em grande parte, resultado das próprias decisões de Macron. No ano passado, o presidente dissolveu o Parlamento com a promessa de trazer “clareza” à fragmentada Assembleia Nacional.
O resultado das eleições, no entanto, foi o oposto: tanto a direita quanto a esquerda venceram rodadas consecutivas de votação, o que gerou uma disputa de poder e um impasse político que perdura desde então. Macron, relutante em entregar a liderança do governo a qualquer um dos lados, optou por nomear aliados para chefiar governos minoritários — que, no entanto, se mostraram frágeis diante das moções de desconfiança apresentadas por partidos rivais.
O governo de curta duração de Lecornu foi o terceiro a fracassar, após as administrações malsucedidas de Michel Barnier e François Bayrou. O ponto em comum entre elas é a dificuldade em chegar a acordos com outros partidos sobre o orçamento nacional, especialmente em relação aos cortes de gastos e aumentos de impostos considerados necessários para conter o déficit público da França, estimado em 5,8% do PIB em 2024.
Em uma reviravolta inesperada na noite de segunda-feira, Macron concedeu a Lecornu mais 48 horas para “discussões finais” com partidos rivais, numa tentativa de quebrar o impasse. Lecornu escreveu no X (antigo Twitter) que relatará ao presidente, na quarta-feira à noite, se houver algum avanço “para que ele possa tirar todas as conclusões necessárias”.
Macron agora enfrenta a difícil tarefa de decidir qual será o próximo passo, e nenhuma das opções parece atraente para o pressionado presidente, que já declarou diversas vezes que não pretende renunciar. Uma eventual saída antecipada do cargo anteciparia as eleições presidenciais, previstas apenas para 2027.
Ele pode nomear outro primeiro-ministro, o sexto em menos de dois anos, mas escolher alguém fora de seu círculo político seria uma decisão desconfortável e pouco desejável para Macron, que no último ano sempre priorizou leais aliados para liderar o governo.
Outra possibilidade seria dissolver o Parlamento e convocar novas eleições legislativas. Essa opção, contudo, também é arriscada, já que o partido Reunião Nacional, de extrema direita e anti-imigração, lidera as pesquisas de intenção de voto, com cerca de 32%, contra 25% da aliança de esquerda Nova Frente Popular.
Analistas consideram improvável que Macron escolha renunciar. “Seria muito arriscado para ele fazer a coisa certa, e ele não está disposto, claro, a abrir mão do poder”, disse Douglas Yates, professor de Ciência Política do INSEAD, à CNBC nesta segunda-feira.
“A única coisa que posso afirmar com segurança hoje é que Macron não vai anunciar sua própria renúncia. Então, o mais provável é que ele nomeie outro primeiro-ministro — ele troca de premiê como quem troca de camisa — e, se o novo não durar muito, poderá nomear outro. Assim, ele aproveita sua vantagem institucional”, afirmou Yates.
O professor também não acredita que Macron convocará novas eleições: “Da última vez que fez isso, o resultado foi catastrófico”, disse. “Qualquer nova votação refletiria novamente a polarização da política francesa, com um abismo entre eleitores de extrema esquerda e extrema direita. As pessoas abandonariam o partido dele e votariam com o coração, seja à esquerda, seja à direita.”
Há especulações de que Macron possa se arriscar e nomear um primeiro-ministro que não seja de seu campo centrista, possivelmente alguém do Partido Socialista, de centro-esquerda.
Há pouca chance, porém, de que ele escolha um nome da França Insubmissa (extrema esquerda) ou do Reunião Nacional (extrema direita) — ambos os partidos pediram, nesta segunda-feira, a saída do presidente.
“Até agora, ele escolheu as pessoas erradas. Ao optar por nomes de centro, afastou tanto a esquerda quanto a direita”, afirmou Yates.
“Ele se sairia melhor se jogasse um ‘osso’ para a centro-esquerda, que poderia ajudá-lo a formar um governo e, possivelmente, evitar uma moção de censura. Então, acredito que um socialista seria a opção mais aceitável — ou até mesmo alguém dos Verdes”, completou o professor.
Enquanto o impasse político continua em Paris, o orçamento de 2026 segue indefinido. Economistas afirmam que cresce a probabilidade de o orçamento deste ano ser incorporado ao do próximo, como medida temporária.
Yacine Rouimi, do Deutsche Bank, afirmou nesta segunda-feira que, com o colapso do governo, “a França provavelmente operará sob uma lei especial, mantendo os gastos próximos ao nível de 2025, com o déficit ficando entre 5,0% e 5,4% do PIB”.
“Não é impossível que vejamos novas eleições em breve”, acrescentou Rouimi.
Caso Macron decida nomear um novo primeiro-ministro de outro partido, como o Socialista, reformas e cortes de gastos propostos por administrações anteriores — e que fracassaram — poderão ser ainda mais reduzidos ou modificados.
Macron “pode nomear um primeiro-ministro de centro-esquerda (ou até mesmo de extrema direita). No entanto, isso provavelmente abriria espaço para a reversão de algumas de suas reformas estruturais pró-crescimento, como o aumento da idade mínima de aposentadoria, além de gerar um relaxamento fiscal”, observou Salomon Fiedler, economista do Berenberg Bank, em comentários enviados por e-mail na segunda-feira.
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Este conteúdo foi fornecido pela CNBC Internacional e a responsabilidade exclusiva pela tradução para o português é do Times Brasil.
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