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Exportações brasileiras resistem ao tarifaço dos EUA, mas déficit comercial cresce
Publicado 15/10/2025 • 19:37 | Atualizado há 5 horas
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Publicado 15/10/2025 • 19:37 | Atualizado há 5 horas
KEY POINTS
O tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre produtos brasileiros tem provocado reestruturações no comércio exterior do país. Segundo o Indicador de Comércio Exterior (Icomex), divulgado pelo FGV Ibre nesta terça-feira (14), as exportações brasileiras seguem em alta, impulsionadas principalmente pelas vendas de carne e café, que ajudaram a compensar parte das perdas no mercado americano.
De acordo com a pesquisadora associada do FGV Ibre, Lia Valls, o impacto inicial foi intenso, mas as empresas conseguiram reagir.
Lia Valls explica que as exportações, de modo geral, continuam crescendo, mas nem todos os setores se recuperaram integralmente.
“Se eu disser que compensou todos os produtos, não seria exatamente o caso”, destacou.
Segundo ela, cerca de 700 produtos ficaram isentos das tarifas — entre eles o suco de laranja, uma das principais exportações brasileiras para os Estados Unidos.
Os setores de carne e café, em que o Brasil tem posição consolidada no mercado internacional, conseguiram redirecionar as vendas para outros países com relativa facilidade.
“São produtos tradicionais, com exportadores experientes, que já operam em diversos mercados”, observou Lia.
Por outro lado, produtos como madeira e calçados enfrentaram maiores dificuldades.
“A madeira continua caindo, o que mostra que não foi simples redirecionar para outros mercados. Já os calçados são mais customizados e exigem adaptação para novos consumidores”, explicou a pesquisadora.
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Ela acrescenta que alguns produtos manufaturados também sofreram impacto devido à forte presença de multinacionais estadunidenses no Brasil.
“Muitas dessas empresas exportam via outras filiais ou países intermediários, o que reduz parcialmente o efeito direto do tarifaço”, disse.
Alguns segmentos estratégicos, como o aeronáutico, não foram atingidos pelas novas tarifas.
“Os aviões, que são o nosso carro-chefe para o mercado americano, não sofreram nenhum tipo de tarifa, nem produtos associados à exportação de aeronaves”, ressaltou Lia Valls.
Mesmo assim, as exportações brasileiras para os Estados Unidos caíram quase 20% em valor, com queda também em volume. A pesquisadora observa que o desempenho mais fraco para os EUA foi compensado por ganhos em outros mercados.
“A China passou a absorver muito mais soja brasileira, e países como México e outras nações da América do Sul e da Ásia também aumentaram suas compras”, explicou.
Apesar do impacto das tarifas, o saldo da balança comercial brasileira permanece positivo.
“Podemos dizer que o efeito agregado do tarifaço não foi um arraso. Afeta, obviamente, as exportações brasileiras, mas continuamos com sinal positivo no total exportado”, afirmou Lia.
No entanto, o déficit com os Estados Unidos cresceu expressivamente.
“No ano passado, nesse mesmo período, era de cerca de R$ 1 bilhão. Agora, até outubro, já chegou a R$ 5 bilhões”, destacou.
Segundo ela, o resultado reforça o superávit dos Estados Unidos, “algo irônico, já que o país é tradicionalmente deficitário”.
Questionada sobre as negociações previstas entre Brasil e Estados Unidos — incluindo o encontro do chanceler Mauro Vieira com o senador Marco Rubio —, Lia Valls avaliou que há espaço técnico para um acordo.
“Se fosse uma questão puramente técnica, teríamos boas condições de chegar a um entendimento. Produtos como o café, por exemplo, são essenciais para os Estados Unidos, que não o produzem localmente. O aumento das tarifas encarece o produto para o consumidor americano”, afirmou.
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Por outro lado, a pesquisadora reconhece o componente político na decisão.
“Sabemos que parte da motivação não foi técnica, mas política — ligada a sanções e à relação do governo americano com o presidente Bolsonaro. Se isso ficar fora da mesa de negociação, é possível alcançar uma solução satisfatória”, defendeu.
Lia Valls acredita que o Brasil tem margem para negociar, especialmente em temas como minerais estratégicos, mas pondera que a postura de Trump é imprevisível.
“Da mesma forma que agora ele parece com boa vontade em relação ao Brasil, tudo pode mudar de repente, como já ocorreu com a China”, alertou.
Apesar da instabilidade, a pesquisadora mantém uma visão cautelosamente otimista.
“O Brasil é pequeno dentro do comércio americano, mas há pressão dos próprios importadores dos Estados Unidos, especialmente nos setores em que eles não produzem. Pode ser que se consiga alguma coisa — só é preciso evitar ruído político nas negociações”, concluiu Lia Valls.
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