CEO da Salesforce pede desculpas por sugerir que Trump deveria enviar a Guarda Nacional para San Francisco

O CEO da Salesforce, Marc Benioff, pediu desculpas nesta sexta-feira (17) por ter feito comentários em apoio à possibilidade de o presidente Donald Trump enviar tropas federais a São Francisco, cidade onde fica a sede da empresa.

“Depois de ouvir atentamente meus colegas de São Francisco e nossas autoridades locais, e após o maior e mais seguro Dreamforce da nossa história, não acredito que a Guarda Nacional seja necessária para cuidar da segurança em São Francisco”, escreveu Benioff em uma publicação no X (antigo Twitter).

Recentemente, o governo Trump enviou a Guarda Nacional para Portland, Oregon, e Chicago, medida que provocou protestos, ações judiciais e prisões de cidadãos e imigrantes sem representação legal.

Na semana passada, o The New York Times publicou uma reportagem em que Benioff afirmava aceitar a presença de tropas em São Francisco. O Dreamforce, conferência anual da Salesforce, ocorreu no centro da cidade entre terça e quinta-feira desta semana.

“Não temos policiais suficientes. Se eles puderem atuar como policiais, sou totalmente a favor”, havia declarado Benioff ao jornal.

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As declarações geraram forte reação entre políticos e líderes locais. O governador da Califórnia, Gavin Newsom, e autoridades de São Francisco divulgaram notas e realizaram coletivas de imprensa afirmando que as tropas federais não são bem-vindas e que os índices de criminalidade estão diminuindo.

O investidor Ron Conway, conhecido por financiar startups como Google, Airbnb e Stripe, renunciou ao cargo no conselho da Salesforce Foundation na quinta-feira. Segundo o New York Times, Conway afirmou em e-mail a Benioff que seus “valores já não estavam mais alinhados”.

Democrata histórico, Conway foi integrante do grupo VCs for Kamala e doou cerca de US$ 500 mil para dois fundos ligados à campanha presidencial de Kamala Harris em 2024. Benioff, embora já tenha contribuído com candidatos de ambos os partidos, apoia democratas nas disputas presidenciais, incluindo Barack Obama, Hillary Clinton e Kamala Harris.

O investidor David Sacks, atual “czar de IA e criptomoedas”disse após a notícia sobre Conway que Benioff poderia se juntar aos republicanos. Na última terça-feira (14), Sacks, amigo e associado de longa data de Elon Musk , foi entrevistado por Benioff no palco do Dreamforce.

“Querido Marc Benioff, se os democratas não o querem, ficaremos felizes em recebê-lo no nosso time. A cultura do cancelamento acabou, somos o partido da inclusão”, escreveu Sacks no X.

Após o comentário inicial de Benioff ao Times, ele pareceu voltar atrás em seus comentários, escrevendo no X que a segurança é “antes de tudo, responsabilidade dos líderes de nossas cidades e estados”. No entanto, a essa altura, Musk e outras figuras de direita já haviam aproveitado seus comentários originais, amplificando-os para seus públicos.

Musk, criticado por seu uso de drogas, descreveu o centro de São Francisco como um “apocalipse de zumbis das drogas”, enquanto Trump chamou a cidade de “um caos” e sugeriu o envio da Guarda Nacional.

“Meu comentário anterior foi motivado por excesso de cautela em relação ao evento, e peço desculpas sinceras pela preocupação que causei”, escreveu Benioff em nova postagem. “Acredito firmemente que nossa cidade avança mais quando trabalhamos juntos em espírito de parceria.”

A crítica também veio de Garry Tan, CEO da incubadora de startups Y Combinator, que escreveu no X: “Não precisamos da Guarda Nacional”, embora tenha aproveitado o post para criticar autoridades e juízes locais considerados excessivamente tolerantes.

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Vanessa Loiola

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