O ex-diretor financeiro da Ambipar, João Arruda, afirmou em carta de renúncia que o presidente e fundador da companhia, Tércio Borlenghi Júnior, tomava decisões sem comunicar a diretoria financeira. No documento, datado de 19 de setembro, o executivo disse ter deixado o cargo por discordar da condução das operações e da falta de transparência na gestão.
“A falta de transparência e completude das informações financeiras e operacionais disponibilizadas a toda a diretoria é algo inaceitável em qualquer empresa, sobretudo em empresas de capital aberto”, escreveu Arruda. “A Ambipar é uma empresa de capital aberto e está obrigada a seguir regras rígidas de governança e compliance. Isso não é opcional.”
O ex-diretor relatou que vinha sendo excluído de reuniões e decisões estratégicas, sobretudo sobre operações financeiras e relacionamento com bancos e investidores. Segundo ele, não havia acesso prévio às informações incluídas nos balanços, o que o levou a questionar a integridade dos dados apresentados ao mercado.
“Estou sendo surpreendido com questionamentos de bancos, agências de rating, mercado e mídia especializada sobre operações com FIDCs e negócios que você nunca minimamente me inteirou. Nem sei mais se a posição de caixa da companhia é sólida e se a liquidez é robusta”, afirmou.
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Arruda também disse desconhecer detalhes de operações com Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) e afirmou que o presidente conduzia negociações com instituições financeiras sem sua participação. “Não tenho como ser parte eminentemente figurativa dessa estrutura de gestão financeira que você está impondo”, escreveu. O ex-diretor ainda declarou discordar da prestação de informações incompletas ao mercado e citou o rebaixamento da nota de crédito da Ambipar pelas agências Fitch e S&P como reflexo da falta de governança corporativa.
Após a divulgação da carta, a Ambipar afirmou que as acusações de fraude não têm fundamento e que as ações judiciais representam “tentativas de pressão” sobre a diretoria. A empresa também pediu a abertura de inquérito policial contra João Arruda, sob alegação de falsidade ideológica, fraude e má gestão. Segundo a companhia, a saída do ex-diretor abalou a confiança de investidores e contribuiu para a antecipação de cobranças de dívidas por parte de credores. O caso ocorre em meio à crise financeira que levou a empresa a protocolar pedido de recuperação judicial nesta semana.
A crise se agravou após irregularidades em operações com o Deutsche Bank, ligadas a contratos de swap cambial de R$ 3 bilhões, que resultaram em perda de liquidez e forte desvalorização das ações da Ambipar — que caíram de R$ 14,20 em setembro para R$ 0,26 no fechamento desta sexta-feira (24).
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