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Direto de Nova York Norberto Zaiet

Bolhas só estouram quando não se fala mais nelas

Publicado 27/10/2025 • 11:25 | Atualizado há 4 dias

Foto de Norberto Zaiet

Norberto Zaiet

Norberto Zaiet é economista formado pela Universidade de São Paulo com MBA pela Columbia Business School. Foi Head para Mercados Emergentes do banco alemão WestLB AG e CEO do Banco Pine. Hoje é sócio-fundador e CEO da Picea Value Investors, family office sediado em Nova York.

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Bolhas de sabão

Muito se fala na bolha que estaria se formando no mercado norte-americano, inflada por tudo o que se relaciona a inteligência artificial: datacenters, chips, energia, Large Language Models (LLMs), computação quântica, carros autônomos, robôs e outras vizinhanças. Há um temor relacionado à valorização excessiva dos índices, concentrados principalmente nas ações de tecnologia.

Afinal, as “7 magníficas” (Nvidia, Microsoft, Meta, Amazon, Alphabet (Google), Apple e Tesla) representam atualmente um terço do S&P 500. É bom lembrar também que o nível de alavancagem no mercado segue em alta, e o cenário parece pronto para uma catástrofe generalizada como vimos em 1999 - ou ainda pior.

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Quem viveu fenômenos como esses sabe que, enquanto houver gente falando incessantemente sobre essas bolhas, elas seguem crescendo.

Se um gestor profissional de portfolio está legitimamente preocupado com a formação e consequente estouro de uma bolha especulativa, certamente não está com recursos alocados nela.

À medida em que ela não estoura e, ao contrário, segue crescendo, esse gestor vai ficando para trás sob qualquer ótica de performance. E ficar para trás, na nossa indústria, é perder recursos.

O negócio de gestão de portfolio é um enorme jogo de rouba-monte. Quem fica para trás perde as cartas (nesse caso, os investidores) para quem está surfando a onda da tal “bolha”. Para não perder terreno, o gestor preocupado precisa melhorar a performance e alocar recursos no mercado, alimentando ainda mais a mesma bolha que o preocupa. É simplesmente uma questão de sobrevivência: quem não participa do jogo é forçado a sair.

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Chuck Prince, o famoso e controverso CEO do Citibank à época do estouro da bolha imobiliária, há quase 20 anos, ilustrou isso de maneira brilhante. “Quando a música parar, em termos de liquidez, a coisa vai ficar complicada. Mas enquanto a música segue tocando você precisa se levantar e dançar. Ainda estamos dançando”, concluiu.

Em relação à IA, na minha opinião, a música segue tocando e a festa só está começando a ficar mais cheia. Os ingressos estão, sem dúvida, mais caros, e conseguir se sentar à mesa principal já não é para qualquer um. Mas ainda não há uma fila na porta e muitas mesas ainda estão vazias. O primeiro DJ está cansado, mas a atração principal ainda vai entrar.

As 7 magníficas seguem gerando receita e lucro, a economia norte-americana continua crescendo acima do esperado e a inflação segue relativamente estável, apesar de mais alta. O FED iniciou um ciclo de queda de juros, e os agentes parecem ter aprendido a lidar com Donald Trump. A liquidez está aí.

Que uma bolha está em formação não há dúvida. Para ela estourar, porém, é preciso que não se fale mais nela. E que o pessoal comece a sair pouco a pouco e, depois, de maneira abrupta.

As bolhas só estouram quando os participantes que estão nela consideram tudo tão normal que ninguém mais a percebe. Ainda não é a hora.

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