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Renda fixa mantém protagonismo, mas sinais de fôlego seletivo surgem na Bolsa

Publicado 11/11/2025 • 15:29 | Atualizado há 2 horas

Um grande display mostra o desenvolvimento do gráfico do índice da bolsa de valores alemã DAX ao fundo, enquanto o líder da União Democrata Cristã (CDU) da Alemanha e chanceler designado, Friedrich Merz (C), é visto em uma tela de TV após uma votação para eleger um novo chanceler no Bundestag em primeiro plano, na Bolsa de Valores de Frankfurt, operada pela Deutsche Boerse AG, em Frankfurt am Main, oeste da Alemanha, em 6 de maio de 2025. Na Europa, o mercado de ações de Frankfurt caiu cerca de um por cento depois que o líder conservador alemão Friedrich Merz não conseguiu obter a maioria na primeira votação do parlamento para chanceler, em um revés inesperado.

Daniel Roland/AFP

Bolsa

O segundo semestre de 2025 confirma um padrão que já se desenhava desde o início do ano: a renda fixa consolidou-se como porto seguro do investidor brasileiro, enquanto a Bolsa — apesar de acumular alta de 24,3% no ano e 2,3% em outubro — avança de forma concentrada e sustentada quase exclusivamente pelo fluxo estrangeiro.

O pano de fundo é conhecido: juros persistentemente altos, incerteza fiscal e uma economia que ainda convive com inflação de serviços acima da meta. A leitura dos dados mais recentes, no entanto, revela nuances que ajudam a entender o comportamento dos mercados e a forma seletiva com que o risco começa a retornar às carteiras.

Segundo dados coletados e processados pela DataBay, entre janeiro e outubro os fundos de renda fixa acumularam captação líquida de R$ 148,3 bilhões, confirmando o domínio dessa classe de ativos. A combinação de carrego elevado e previsibilidade segue atraindo investidores, enquanto os multimercados e fundos de ações continuam registrando saídas líquidas — R$ 74,5 bilhões e R$ 46,5 bilhões, respectivamente.

As entradas pontuais em multimercados em agosto e outubro refletem apenas ajustes táticos, e não uma retomada estrutural do apetite a risco.

Fluxo de Investimentos B3 de jan/25 a out/25 (em R$ mil)

Na Bolsa, o comportamento dos fluxos reforça a assimetria do mercado. Os investidores estrangeiros ainda são o principal motor de sustentação, com entradas líquidas de R$ 23,5 bilhões no acumulado do ano, enquanto os institucionais domésticos seguem reduzindo exposição, com vendas líquidas acima de R$ 43 bilhões.

As pessoas físicas mantêm saldo levemente positivo, com R$ 6,3 bilhões, alternando meses de compra e venda conforme o humor do mercado. Essa dinâmica revela que a alta recente do Ibovespa reflete mais o comportamento do capital estrangeiro do que uma recomposição estrutural da confiança interna.

Yield Curve Brazil, out/25 vs set/25

Fonte: Dados da B3 elaborados pela Plataforma DataBay

A curva de juros ajuda a explicar o ambiente de prudência. Entre o fim de setembro e outubro, os vértices curtos permaneceram praticamente inalterados, enquanto os médios e longos cederam entre 15 e 25 pontos-base. Esse movimento indica uma redução moderada do prêmio de risco futuro, refletindo o alívio parcial nas expectativas de inflação e a percepção de que a política monetária seguirá restritiva por um período prolongado, mas já com menor necessidade de aperto adicional.

A leitura é que o mercado reconhece um cenário de inflação sob controle relativo, mas entende — em linha com o comunicado do Copom de 5 de novembro — que a política monetária deverá permanecer significativamente contracionista por período prolongado, até que haja ancoragem clara das expectativas e redução consistente da incerteza fiscal.

O BC foi explícito: as expectativas para 2025 e 2026 seguem acima da meta (4,5% e 4,2%), o mercado de trabalho ainda mostra dinamismo, e a inflação de serviços, embora arrefecida, permanece resiliente. O Comitê considera que o atual nível de juros é adequado para assegurar a convergência da inflação à meta, e que a política precisará se manter restritiva “por período bastante prolongado”. Em outras palavras, o ciclo de cortes ainda não começou e não há pressa para começar.

Dando a volta ao mundo, nos Estados Unidos, o shutdown de outubro interrompeu parte das publicações oficiais e tornou mais difícil medir o pulso da economia, mas os indicadores privados — como os PMIs e os surveys dos Feds regionais — apontam atividade estável, em linha com o que se observou no terceiro trimestre. As informações do ADP e dos pedidos de seguro-desemprego indicam que o mercado de trabalho continua perdendo tração, mas sem sinais de ruptura: a criação de vagas segue moderada, o que tem permitido um ajuste gradual da inflação.

O CPI de setembro confirmou essa tendência, mostrando desaceleração mais forte em serviços, com taxa anualizada próxima de 2,5%. Diante disso, as projeções para o core PCE indicam 2,9% em 2025 e 2,2% em 2026, abaixo da mediana de mercado e das estimativas do FOMC, de 2,5%.

O ganho de produtividade — em torno de 2% tanto na média de longo prazo quanto em 2025 — tem sido o elemento que mantém a economia americana em equilíbrio. A demanda por serviços de tecnologia, infraestrutura digital e nuvem, somada aos bons resultados das grandes empresas do setor, sustenta o crescimento e ajuda a afastar o risco de recessão.

No campo diplomático, o acordo entre Donald Trump e Xi Jinping representou um avanço importante: a China manteve as exportações de terras raras sem restrições, e os Estados Unidos reduziram as tarifas sobre o Fentanyl. O gesto ajudou a diminuir as tensões comerciais e a melhorar o sentimento global, com reflexos positivos sobre os mercados emergentes.

Em linha com esse cenário, o FOMC reduziu os juros em outubro e indicou que novos cortes dependerão de uma desaceleração mais visível do mercado de trabalho — uma decisão coerente com a resiliência da atividade e a convergência gradual da inflação. Já na Europa, o crescimento esperado de 1,2% em 2025 será sustentado pelos investimentos em defesa e infraestrutura na Alemanha e pela expansão consistente da economia espanhola, enquanto a França continua sendo um ponto de atenção, devido à instabilidade política e à dificuldade em aprovar o orçamento.

Voltando ao Brasil, o comportamento recente da economia reforça o quadro descrito pela política monetária. Os dados mostram moderação gradual da atividade, com desaceleração do consumo e sinais mistos entre os setores. A inflação corrente vem apresentando melhoria de composição, com menor difusão e avanço mais contido dos preços de serviços, embora ainda acima do centro da meta. Esse quadro permite algum alívio na percepção de risco, mas ainda não o suficiente para mudar o tom conservador do Banco Central.

Do lado político e fiscal, o ambiente segue desafiador. O governo tenta recompor a arrecadação após a derrubada da MP 1303, mas encontra resistência no Congresso, o que dificulta o avanço de uma agenda de consolidação fiscal. A relação diplomática com os Estados Unidos avançou em gestos, mas sem desdobramentos econômicos concretos. Esse conjunto de fatores — atividade moderada, inflação ainda resistente e incerteza fiscal — explica a postura defensiva do investidor doméstico e reforça a cautela do Copom em manter a taxa Selic em patamar contracionista por mais tempo.

O cenário que se forma no final de 2025 é de estabilidade aparente, mas sustentado por fragilidades estruturais. O Brasil convive com juros altos e confiança parcial, enquanto o ciclo global avança para uma fase de política monetária menos restritiva. A renda fixa permanece como o eixo racional das alocações, e a valorização dos ativos locais dependerá menos de fluxo externo e mais da capacidade doméstica de consolidar um arcabouço fiscal crível. Sem essa âncora, a trajetória dos preços de ativos continuará a refletir cautela.

Autor: Guilherme Carlini Carter é economista e especialista em finanças, com carreira dedicada à análise de mercados e inovação em investimentos. Mestre pela FGV-EESP, é professor de Finanças na FGV e coordenador dos programas de Finanças da FBNF. Também é Managing Director da DataBay, fintech de inteligência de dados para o mercado de capitais, e presença constante em debates na mídia sobre economia, renda fixa e investimentos.

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