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Com juro alto no Brasil, empresas miram IPOs nos EUA

Publicado 09/12/2025 • 13:51 | Atualizado há 9 horas

KEY POINTS

  • A retomada das aberturas de capital de empresas brasileiras, após quatro anos de paralisação, não deve começar pela B3.
  • Com o juro doméstico ainda elevado, o mercado doméstico segue pouco atrativo para emissões, e o renascimento do ciclo de IPOs deve ocorrer primeiro nos Estados Unidos.
  • “Empresas com ambição global vão para onde o capital está. E hoje o endereço é Nova York", explica especialista.
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Foto: reprodução Freepik

Bolsa de Valores dos EUA

A retomada das aberturas de capital de empresas brasileiras, após quatro anos de paralisação, não deve começar pela B3. Com o juro doméstico ainda elevado, o mercado doméstico segue pouco atrativo para emissões, e o renascimento do ciclo de IPOs deve ocorrer primeiro nos Estados Unidos.

Segundo Adriana Melo, CFO da SAS Brasil e mentora financeira, o ambiente local afasta as companhias. “Hoje, listar uma empresa na bolsa brasileira é como entrar num ringue com a guarda baixa: juro alto, fiscal tenso, investidor local viciado em renda fixa. A demanda estrutural por IPO simplesmente não existe no volume necessário”, afirma.

Para Leandro Benincá, consultor da API Capital, as companhias buscam abrir capital quando há muito interesse do investidor. Se o mercado não estiver favorável, o risco é gastar com o processo e não ter demanda suficiente. Afinal, ninguém quer vender abaixo do que acredita que vale. “Com juros altos e a economia brasileira travada, poucas empresas querem estrear na bolsa”, diz.

Nesse contexto, empresas brasileiras se movimentam rumo ao mercado norte-americana. O PicPay, fintech do grupo J&F, é uma das companhias que já começaram a se mover. A empresa fechou com um sindicato de bancos e protocolou o arquivamento de seu IPO na SEC, com estreia planejada para o começo de 2026. A lista de possíveis estreantes nos EUA ainda inclui a Cloudwalk, responsável pela InfinitePay, a Wellhub (ex-Gympass) e a Global Eggs, que controla a Granja Faria.

“O perfil dessas candidatas está totalmente alinhado ao momento americano”, ressalta Melo. Para ela, as empresas brasileiras que já operam, ou querem operar, em sintonia com o movimento de offshoring dos EUA, são as mais naturais para essa rota. “Os Estados Unidos estão reforçando a atração por produção, tecnologia e serviços dentro do próprio território, e isso abre oportunidades.”

O avanço para listagens acontece em um momento em que companhias brasileiras têm buscado ampliar sua atuação no mercado externo. Em junho, a JBS, já presente na B3, passou a negociar ações também nos EUA, em um movimento que, segundo Melo, buscou destravar valor e acessar uma base de investidores que “realmente entende o negócio de forma global”.

Já a Gol, que anunciou que deixará de ter ações na B3, protocolou ontem à noite na SEC o pedido inicial para tentar listar sua holding nos Estados Unidos. “A companhia usou o mercado americano para reorganizar sua dívida; no Brasil, esse processo seria mais lento, mais caro e provavelmente mais burocrático”, afirma a especialista.

Essa busca não é em vão: o ambiente americano oferece um processo mais maduro. “O processo de oferta é mais rápido, competitivo, com acesso a fundos globais e liquidez real. Não tem aquela liquidez que desaparece na primeira manchete ruim”, afirma a especialista. “Aqui no Brasil, vimos isso na sexta-feira, por exemplo, com o ruído sobre candidatos políticos.”

Melo acrescenta que um segundo grupo de companhias também tende a buscar listagem fora do país: aquelas que enfrentam descontos persistentes na B3. “Tem empresa com resultados fortes, crescimento consistente, boa margem, mas que, aqui dentro, não consegue ter bom valuation. Lá fora, o investidor olha a empresa pelo que ela é, não pelo humor do câmbio ou ruído fiscal e político.”

Benincá acrescenta que o tamanho e a liquidez do mercado americano explicam o fluxo crescente. “Uma única empresa listada lá pode valer mais do que todo o mercado brasileiro, até mais que o PIB do Brasil. Grandes IPOs americanos atraem interesse global e têm mais chance de acontecer mesmo em períodos menos favoráveis.”

Nesse contexto, Melo avalia que a migração para os Estados Unidos se tornou também uma estratégia de proteção. “Ir para os Estados Unidos vira uma forma de blindar o valuation e manter a porta de captação constantemente aberta”, afirma. “Empresas com ambição global vão para onde o capital está. E hoje o endereço é Nova York.”

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