As tarifas propostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não são apenas simbólicas, mas punitivas e levarão à perda de empregos no país, segundo Frank Lavin, ex-embaixador dos EUA em Singapura.
Em entrevista ao programa Street Signs Asia, da CNBC, Lavin afirmou que “teremos algumas más notícias no curto prazo”, acrescentando que as tarifas também prejudicarão a indústria automotiva nos Estados Unidos.
“Isso obrigará outros países a responder. Então, veremos uma deterioração [no comércio], e acho que o pior de tudo, do ponto de vista do Sr. Trump, é que veremos uma certa pressão inflacionária”, disse Lavin.
Na segunda-feira (10), Trump assinou ordens executivas impondo tarifas de 25% sobre as importações de aço e alumínio nos EUA.
Quando questionado se Trump poderia estar usando as tarifas e a ameaça de novas tarifas como estratégia de negociação, Lavin explicou que isso poderia ser interpretado dessa forma caso as medidas fossem direcionadas ao Canadá ou ao México para obter concessões em questões como segurança na fronteira.
“Mas quando se trata de uma tarifa global sobre aço e alumínio e de tarifas contra a China, não veremos uma resposta rápida nem uma resolução imediata dessas questões”, afirmou.
Além disso, com Trump prometendo uma postura “recíproca” em relação às tarifas, Lavin disse que o comércio global deve se deteriorar, dificultando a reação de outros países. “Ele foi além de apenas sinalizar ou usar as tarifas como ferramenta de negociação.”
“Se eles nos taxam, nós taxamos eles. Se eles aplicam 25% [de tarifa], nós aplicamos 25%. Se for 10%, nós aplicamos 10%. E se for muito mais que 25%, então nós seguimos na mesma linha”, disse Trump na segunda-feira.
Embora a economia dos EUA atualmente “não esteja em má situação”, Lavin alertou que as tarifas aumentarão ineficiências e exercerão uma pressão negativa sobre o crescimento econômico. Isso também intensificará a inflação, o que pode levar o Federal Reserve a evitar cortes nas taxas de juros.
“Trump ficou irritado com o Fed da última vez por não flexibilizar a política monetária. Bem, isso não vai acontecer da próxima vez também, caso ele mantenha essas tarifas em vigor”, concluiu Lavin.
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Juliana Colombo é jornalista especializada em economia e negócios. Já trabalhou nas principais redações do país, como Valor Econômico, Forbes, Folha de S. Paulo e Rede Globo.
Este conteúdo foi fornecido pela CNBC Internacional e a responsabilidade exclusiva pela tradução para o português é do Times Brasil.
