Os impactos econômicos das tarifas americanas ainda não foram totalmente sentidos pela China, mas uma tensão se aproxima, disse José Ricardo dos Santos, CEO do Lide China (Grupo de Líderes Empresariais), em entrevista ao Times Brasil – Licenciado Exclusivo CNBC. “A nuvem ainda está começando a chegar desse inverno nuclear econômico”.
José Ricardo elogiou a postura do governo chinês em relação às tarifas de Trump. “Enquanto os Estados Unidos têm imposto tarifas punitivas, a China tem criado pontes e mantido o diálogo”, disse. Ele também destacou o esforço interno: “Em 2023, o investimento em pesquisa e desenvolvimento foi de 2,65% do PIB e, em 2024, subiu para 2,68%”.
Em relação ao desafio estrutural da economia chinesa, ele comparou: “A China é um elefante andando de bicicleta. Se pedalar muito rápido, não há freio que aguente. Se for devagar demais, sofre ainda mais”. Ele alertou para a crise no setor imobiliário, que representa “mais de 30% da economia” e para o envelhecimento populacional, que “complica a absorção de mão de obra”.
O especialista afirmou que efeitos já foram sentidos e que é necessário debater as novas dinâmicas geradas por essas tarifas. “Empresários chineses estão dispensando funcionários, algumas fábricas já fecharam. Estamos falando de um comércio de 688 bilhões de dólares”.
José Ricardo falou sobre o impacto nas exportações brasileiras: “A China já enviou uma delegação ao Brasil para analisar o ambiente das commodities”. Segundo ele, 80% da pauta de exportação brasileira é baseada em minério de ferro, soja e petróleo. “Não temos a logística necessária para atender essa demanda. Se não tivermos uma diplomacia econômica assertiva, perderemos essa oportunidade”.
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