Nesta quinta-feira (08), a UE ameaçou ter como alvo carros e aviões americanos, entre uma série de produtos avaliados em 95 bilhões de euros (US$ 107 bilhões), caso as negociações com a equipe do presidente Donald Trump não consigam evitar uma guerra comercial.
A Comissão Europeia afirmou que, paralelamente, apresentará uma queixa à Organização Mundial do Comércio (OMC) sobre a imposição de tarifas pesadas por Trump contra o bloco.
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O líder americano anunciou uma tarifa “recíproca” de 20% sobre a maioria dos produtos da UE em abril, mas congelou a medida até julho, juntamente com tarifas mais altas sobre dezenas de outros países.
Trump, no entanto, manteve uma tarifa “base” de 10% sobre importações de todo o mundo, incluindo os 27 países da União Europeia.
A UE quer fechar um acordo com os Estados Unidos para evitar uma guerra comercial generalizada, mas está preparando sua retaliação caso as tarifas de Trump voltem a vigorar.
A chefe da UE, Ursula von der Leyen, reiterou a determinação do bloco em alcançar uma solução negociada e evitar tarifas dolorosas de ambos os lados.
“A UE continua totalmente comprometida em encontrar resultados negociados com os EUA. Acreditamos que há bons acordos a serem feitos para o benefício de consumidores e empresas em ambos os lados do Atlântico”, disse ela.
Trump também implementou tarifas de 25% sobre as importações de aço, alumínio e automóveis.
Bruxelas elaborou uma primeira lista de produtos a serem alvos, no valor de 21 bilhões de euros, em resposta às tarifas sobre aço e alumínio, mas suspendeu essas tarifas retaliatórias até 14 de julho para dar tempo às negociações.
A lista, muito maior, revelada nesta quinta-feira (08) — a resposta proposta pelo bloco às chamadas “tarifas recíprocas” de Trump — visa aumentar a pressão sobre os EUA para chegarem a um acordo.
Haverá alguma esperança de um acordo depois que Trump anunciou nesta quinta-feira (08) um acordo comercial com o Reino Unido, o que seria o primeiro acordo desse tipo desde que ele lançou sua campanha tarifária.
De cabelo ao bourbon
Em um documento de 218 páginas, a UE listou todos os produtos que poderia ter como alvo, incluindo aeronaves, carros, cabelo humano, nozes e frutas de fabricação americana, plásticos, produtos químicos e equipamentos elétricos.
A lista também incluía o uísque bourbon — que havia sido removido do primeiro conjunto de medidas retaliatórias em uma tentativa de proteger vinhos e destilados europeus de ameaças de represálias.
Aviões e automóveis representam alguns dos bens de maior valor na lista, avaliados em 10,5 bilhões de euros e mais de 12 bilhões de euros, respectivamente, disse um alto funcionário da UE.
Plásticos e produtos químicos, avaliados em 12,9 bilhões de euros, também figuram.
A UE insistiu que, se Trump não recuar, está preparada para tomar medidas mais extremas, incluindo atingir as grandes empresas de tecnologia dos EUA.
“Todas as opções permanecem sobre a mesa”, disse o alto funcionário.
O anúncio de Trump, em 2 de abril, de “tarifas recíprocas” sobre dezenas de países — incluindo a China e aliados tradicionais como a UE — deixou os mercados globais em pânico, antes de ele declarar uma pausa de 90 dias nas negociações.
Altos funcionários da UE visitaram Washington para conversas, com pouco resultado até agora.
Paralelamente, a UE afirmou que “em breve” iniciaria uma disputa na OMC sobre as tarifas automotivas e os impostos de 20%.
“É a visão inequívoca da UE de que essas tarifas violam flagrantemente as regras fundamentais da OMC”, afirmou.
O chefe comercial da UE, Maros Sefcovic, disse ao Parlamento Europeu esta semana que 70% das exportações totais do bloco estão sujeitas a impostos com alíquotas entre 10% e 25%.
Ele alertou que, com as investigações comerciais dos EUA em andamento em uma série de setores, de produtos farmacêuticos a madeira, “cerca de 549 bilhões de euros em exportações da UE para os EUA, ou seja, 97% do total”, podem eventualmente enfrentar tarifas.
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UE lança disputa contra tarifas dos EUA ao definir 95 bilhões de euros em contramedidas
