Entre consumidores, diretorias corporativas e Wall Street, o sentimento de otimismo econômico que surgiu com o início do segundo governo Trump diminuiu rapidamente em meio à crescente incerteza em torno do impacto das tarifas e de uma potencial recessão. A Main Street viu uma mudança semelhante, segundo a nova Pesquisa Trimestral de Pequenas Empresas da CNBC/SurveyMonkey.
Apenas 30% dos proprietários de pequenas empresas disseram que classificariam o estado atual da economia como excelente ou bom, em comparação com 70% que disseram que é regular ou ruim, de acordo com os dados da CNBC/SurveyMonkey. Isso se compara a 39% que classificaram o estado da economia como excelente ou bom na pesquisa do primeiro trimestre.
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Setenta por cento dos proprietários de pequenas empresas disseram acreditar que o país está caminhando para uma recessão, um sentimento compartilhado em parte por todos os setores políticos — quase todos os entrevistados democratas previram uma recessão, enquanto quase metade dos republicanos (47%) também previu.
Além disso, 51% dos entrevistados disseram desaprovar a forma como Donald Trump está conduzindo seu mandato como presidente. Esse número se compara a 39% durante seu último trimestre como presidente, em 2020.
A confiança das pequenas empresas monitorada pela pesquisa está agora mais baixa do que em qualquer momento do primeiro mandato de Trump, exceto durante o pior trimestre da crise da Covid e o último trimestre de sua presidência (o que foi mais um reflexo da eleição de Biden e das expectativas da população em relação às políticas empresariais do Partido Democrata).
A pesquisa CNBC/SurveyMonkey foi realizada entre 21 e 25 de abril de 2025, com uma amostra nacional de 2.257 proprietários de pequenas empresas que se auto identificaram como proprietários.
Grandes corporações continuaram a soar o alarme nesta temporada de resultados sobre o impacto que as tarifas propostas teriam sobre os consumidores. Na semana passada, a marca de joias Pandora alertou sobre aumentos significativos de preços em toda a indústria de joias acessíveis; a Mattel afirmou que poderia aumentar os preços de brinquedos como Barbies e Hot Wheels; e a Microsoft anunciou aumentos de preços para consoles e controles de Xbox.
Pequenas empresas preveem um impacto tarifário semelhante. Cinquenta e um por cento dos entrevistados disseram esperar que mudanças na política comercial tenham um efeito negativo sobre seus negócios nos próximos 12 meses, em comparação com 27% que disseram que não terão efeito e 21% que disseram que terão um efeito positivo.
No geral, 66% dos proprietários de pequenas empresas foram ou esperam ser impactados por tarifas. Embora a inflação (24%) e a demanda do consumidor (18%) continuem sendo os principais riscos listados pelos proprietários de pequenas empresas, as tarifas aumentaram para 17%, ante 10% no último trimestre.
A CEO da Câmara de Comércio dos EUA, Suzanne Clark, disse a Megan Cassella, da CNBC, no início deste mês que o grupo de lobby empresarial foi “inundado por pedidos de pequenas empresas por informações e por alívio” das potenciais tarifas.
A Câmara de Comércio dos EUA apelou à Casa Branca de Trump para que suspenda automaticamente as tarifas sobre todos os importadores de pequenas empresas, bem como outras medidas que, segundo ela, evitariam infligir “danos irreparáveis” às pequenas empresas.
“Estamos profundamente preocupados que, mesmo que leve apenas semanas ou meses para chegar a acordos, muitas pequenas empresas sofrerão danos irreparáveis”, escreveu Clark em uma carta enviada em 30 de abril ao Secretário do Tesouro, Scott Bessent, ao Secretário de Comércio, Howard Lutnick, e ao Representante Comercial dos EUA, Jamieson Greer.
“A Câmara solicita que o governo tome medidas imediatas para salvar as pequenas empresas americanas e evitar uma recessão”, escreveu ela.
Até o momento, a Casa Branca não atendeu a esses pedidos, e a incerteza contínua sobre as potenciais tarifas e seu impacto gerou um pessimismo crescente em relação à economia e um medo crescente de uma possível recessão.
Muitas pequenas empresas dependem da produção na China, agora sujeita às tarifas de 145%, o que levou muitas a suspender os pedidos de fábricas chinesas.
Nesta sexta-feira (9), o presidente Trump disse em uma publicação no Truth Social que poderia estar disposto a reduzir as tarifas sobre a China para 80% e provocou que muitos outros acordos comerciais estão por vir. “Muitos acordos comerciais em andamento, todos bons (ÓTIMOS!)!”, escreveu Trump.
Toda a incerteza comercial está gerando estresse financeiro adicional para os pequenos empresários, tanto para seus negócios quanto para seus próprios bolsos. Sessenta por cento dos entrevistados disseram estar muito ou um pouco estressados com as finanças de seus negócios atualmente, enquanto 63% disseram estar muito ou um pouco estressados com suas próprias finanças. Embora a inflação seja o principal fator de estresse em geral, as tarifas ficaram em segundo lugar.
O presidente do Fed, Jerome Powell, falando na quarta-feira após o Federal Reserve manter as taxas de juros inalteradas, alertou que as tarifas propostas poderiam levar a uma desaceleração do crescimento econômico e, potencialmente, a um aumento da inflação a longo prazo.
“Se os grandes aumentos de tarifas anunciados se mantiverem, provavelmente gerarão um aumento da inflação, uma desaceleração do crescimento econômico e um aumento do desemprego. Os efeitos sobre a inflação podem ser de curta duração, refletindo uma mudança pontual no nível de preços. Também é possível que os efeitos inflacionários sejam mais persistentes”, disse Powell.
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Este conteúdo foi fornecido pela CNBC Internacional e a responsabilidade exclusiva pela tradução para o português é do Times Brasil.
