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Economia em foco Artur Horta

S&P 500: entre o otimismo e a prudência

Publicado 16/05/2025 • 18:56 | Atualizado há 15 horas

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Artur Horta

Artur Horta é jornalista especializado em economia e investidor profissional nos mercados de ações e commodities.

KEY POINTS

  • Nos últimos cinco anos, o mercado de ações dos EUA tem exibido um crescimento notável.
  • Recentemente, o S&P 500 se aproximou dos 6.000 pontos, recuperando-se das pressões geradas pelas tarifas do "Dia da Libertação" de Donald Trump.
  • As novas tarifas comerciais introduziram volatilidade, impactando a confiança dos investidores.
Índice S&P

Índice S&P

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Nos últimos cinco anos, o mercado de ações dos EUA tem exibido um crescimento notável. Recentemente, o S&P 500 se aproximou dos 6.000 pontos, recuperando-se das pressões geradas pelas tarifas do "Dia da Libertação" de Donald Trump. Esse alívio veio com a redução das tensões comerciais entre EUA e China, o que, por sua vez, reduziu as probabilidades de uma recessão de 65% para menos de 40%.

No entanto, a situação é realmente estável? As novas tarifas comerciais introduziram volatilidade, impactando a confiança dos investidores. Além disso, indicadores como as pesquisas ISM apontam para um enfraquecimento nas condições de negócios, enquanto o desemprego subiu para 4,2%. Esses fatores sugerem cautela, resultando em revisões pessimistas nas previsões de lucro das empresas.

Dado esse panorama, por que o mercado está em alta? Estamos realmente diante de uma bolha no mercado de ações dos EUA? Essa é, de fato, a pergunta de um trilhão de dólares.

Warren Buffett, conhecido por seu histórico financeiro impecável, abordou essa questão há duas semanas na conferência da Berkshire Hathaway. Sua firma elevou a posição de caixa para um recorde de 27% dos ativos — um valor superior às reservas cambiais do Brasil — enquanto se desfez de ETFs de mercado e, curiosamente, da sua participação no Nubank. Buffett afirmou que “quando for a hora de comprar, você provavelmente não vai querer comprar”.

Também é notável que o oráculo de Omaha não aumentou nenhuma posição após o “Liberation Day”, quando o S&P 500 caiu 1.000 pontos. Isso nos leva a questionar: estamos novamente diante de uma bolha?

Para entender melhor o cenário, podemos recorrer ao Detector de Bolhas do Dr. X. Desenvolvido por um Nobel, este indicador compara a relação riqueza/renda das ações com a dos títulos. Quando a relação das ações sobe significativamente, as luzes de alerta acendem, indicando que está mais caro adquirir lucros de ações em comparação aos rendimentos de títulos.

Em dezembro de 2024, a relação entre o S&P 500 e a renda pessoal per capita era 0,08, enquanto a relação para títulos, baseada na taxa de juros dos títulos do Tesouro de 10 anos, era 0,219. Durante a COVID-19, esse indicador diminuiu, demonstrando uma oportunidade de compra que se comprovou certeira.

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Contudo, após a recuperação recente, o nível atual do detector sugere que uma nova bolha pode estar se formando. O economista Steve Hanke, defensor do Dr. X, observou que o valor do detector está próximo dos níveis históricos, lembrando o cenário anterior ao estouro da bolha das pontocom.

O indicativo é claro: o cenário atual tem todos os ingredientes de uma bolha. Embora prever o fim desse ciclo seja arriscado, ignorar os sinais pode ser ainda mais perigoso.

No passado, bolhas como a das pontocom dos anos 90 nos ensinaram que a combinação de entusiasmo desenfreado, especulação e sinais de aviso ignorados pode levar a choques financeiros significativos. Neste contexto, a abordagem de Buffett, fundamentada na cautela e preparo para ajustes, pode provar ser a estratégia mais prudente. Em tempos de incerteza, aprender com a história e observar indicadores como o do Dr. X pode ajudar a evitar armadilhas econômicas conhecidas.

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